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O mágico não se furta;
nós é que nos furtamos de sermos mágicos,
espalharmos risos à plateia com lábios semicerrados,
tirarmos da cartola o maior truque de todos:
o amor...
Antes de sermos o invólucro de tantos inventos,
antes de sermos aqui fora o que somos por dentro,
vasculhamos nossa caverna em busca de rupestres
signos que indiquem o caminho da liberdade...
Ao abrirmos os olhos ao mundo aceso, em fogo,
aprendemos a usar luvas para tocarmos o outro,
a não nos queimarmos em vão, a repelir chamas,
a verte lágrimas sem jogá-las nas labaredas,
a apagar o vestígio da nossa nascente...
Cansados, ao nos sentarmos na arquibancada,
pelos olhos entra o palhaço de nós mesmos e,
na primeira pantomima, o mármore se quebra,
de dentro da secura surge um sorriso molhado
pelas lágrimas das lembranças, o riso vem,
nos levantamos e saímos correndo até o picadeiro,
nos entregamos a um abraço redentor,
o mágico nos recupera e nos devolve a consciência
cognitiva, que somos o cosmos e o cosmos nos é,
o primeiro aplauso vem da carne, o segundo da fé,
todos os outros da comunhão do chão ao infinito...
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