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História não oficial
Roberto Queiroz

Era uma vez um país que foi invadido por traficantes, degredados e ladrões que buscavam suas reduções de pena e por aqui vieram parar após errarem o caminho (estavam à procura das Índias ocidentais). Isso aconteceu em 22 de abril de 1500 e a história falaciosa que se conta aos habitantes desta terra hoje em dia é que tudo não passou de acaso e que o líder dessa expedição - um tal de Cabral - era um nobre burguês de boas intenções que nunca teve outro objetivo senão o de engrandecer nossas terras. Por aqui esses homens fizeram uma grande farra, levaram nossas riquezas naturais, nosso pau-Brasil (planta que, por sinal, dá nome às nossas terras), nosso ouro, dormiram com nossas mulheres, escravizaram nossos índios e no entanto alguns intelectuais dessa grande terra invadida costumam dizer em suas publicações que tudo, na verdade, não passa de um grande mal-entendido, intriga da oposição, conto de fadas criado por seres inescrupulosos que adoram pregar a moral de que o país é devastado todo santo dia. Não satisfeitos com o que arrecadaram em nossas terras, esses mesmos homens de "fina estampa" por aqui se estabeleceram e decidiram tornar nossas terras um negócio ainda mais lucrativo. E assim ganhamos o nome de colônia. Em algum momento da sua vida você provavelmente ouvirá a versão otimista daqueles que preferem acreditar que esses mesmos homens tornaram nosso país a grande nação que é hoje, evoluída graças à chegada da cultura estrangeira e do know-how advindo desse país. Cuidado! Eles são melindrosos, convincentes, autênticos contadores de histórias. E é preciso muito astúcia para não cair na rede sedutora criada por eles, exímios formadores de opinião. Em mais de 500 anos após esta invasão um grupo de habitantes locais, cansado de pequenas roubalheiras, negócios escusos, compra de votos, eleições arranjadas, lavagem de dinheiro sujo e outras tramóias, decidiu que já era hora de foder vez com o país, porque nada de bom poderia acontecer - na visão deles - num país classificado como "em desenvolvimento" (tem quem prefira chamar de subdesenvolido). Contudo, por algum motivo inexplicável, pelo menos para as pessoas que não perderam o pouco resquício de lucidez que ainda têm, estes mesmos habitantes são chamados de democratas, defensores da moral e dos bons costumes, e são ovaconados por uma grande parcela de cidadãos explorados, que chegam a chamá-los de homens de Deus, defensores da ética e outros rótulos ainda mais positivos. Nos últimos tempos estas mesmas terras tem sido dizimadas pela falta de diálogo e por uma espécie de ódio crônico e irracional, que tem gerado sequelas por todo o território nacional. E apesar do contínuo crescimento das taxas de natalidade, o que faz supor que a população continuará crescendo ainda mais no próximo século, a única certeza é a de que não existe realmente uma certeza clara sobre o futuro desta nação. Pior: tem quem acredite piamente que tudo não passa de invencionices de uma estranha legião que ganhou o apelido de reacionários. E no final das contas ainda precisamos acreditar, orgulhosos, lágrimas nos olhos, que viveremos felizes para sempre. Enfim... que país mais fenomenal este! Será que o wikipédia aceita publicar esta versão em seu portal?



Biografia:
Crítico cultural, morador da Leopoldina, amante do cinema, da literatura, do teatro e da música e sempre cheio de novas ideias.
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Publicações de número 181 até 188 de um total de 188.


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