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Partida
Pam Orbacam

Partida
Pam Orbacam
Da noite mal dormida restou uma leve dor de cabeça e a secura nos lábios. Sinais da cachaça que havia bebido na ânsia de pegar mais rapidamente no sono, o que não aconteceu naquela noite.
O despertador não tocou. Não houve tempo. A aflição pelo dia seguinte era tanta que acabou por despertar sozinho.
Tudo estava devidamente arrumado na pequena bolsa de lona rasgada no zíper. Pequenos pedaços ocasionais da sua vida, ajeitados aleatoriamente, porém com especial cuidado. Do lado de fora apenas o cigarro e o isqueiro. O cinzeiro lotado marcaria sua passagem por lá.
Levantou-se sem pressa. Ainda havia tempo. Tempo suficiente para relembrar em flashes tudo o que relembrou minuciosamente na noite anterior.
Lavou o rosto e olhou-se no espelho. Aquele não era o rosto de outrora. Passou bons minutos a observar sinais que nunca havia notado, rugas que não se lembrava quando surgiram. Cicatrizes de histórias que vivera até então. Voltou a si com o toque do despertador. Correu apressadamente para desligá-lo. Ficou com o estômago embrulhado e resolveu vestir-se. Era a única muda de roupa fora da bolsa. Um segundo de cólera o dominou e fez com que rasgasse a camiseta e o calção amassados de tanto rolar pela cama.
Verificou janelas, portas. Deu uma última olhada pela casa agora vazia de móveis e cheia de histórias. Ainda era madrugada, estava escuro, mas sua saída era necessária naquele momento. De fronte a porta relutava a olhar para trás, mas olhou.
Olhou o vazio enquanto ouvia o eco do ranger de uma madeira solta no piso. Sempre pensava em consertar aquela maldita, mas só se lembrava disso quando pisava nela. Riu insossamente. Agora não era mais necessário. Estava de partida e não mais se incomodaria com o barulho da madeira.
        Fechou os olhos e respirou mais fundo. Como era difícil colocar um ponto final... Virou-se para a porta e deixando a roupa rasgada no chão e o cinzeiro sujo saiu fechando levemente a porta.
        Do lado de fora apenas o escuro da madrugada e um cão de rua dormindo encolhido num canto da calçada.
        Respirou bem fundo... Era chegada a hora da partida.


Biografia:
Pam Orbacam é o pseudônimo de Paula Miasato, que nasceu em Santo André, São Paulo, em 1970. Formada em Pedagogia, trabalha, atualmente, como assessora de coordenação e mediadora em oficinas culturais e artísticas de um projeto da Secretaria de Educação e Formação Profissional da Prefeitura de Santo André. É também escritora e artista plástica. Teve artigos publicados em sites literários e no site da Prefeitura de Santo André: http://www.kplus.com.br http://www.komedi.com.br http://www.leialivro.sp.gov.br http://www.santoandre.sp.gov.br http://www.blocosonline.com.br Teve publicada a poesia “Minha Cidade” na “Agenda Cultural de Santo André”. É prêmio prata no concurso internacional de poesias José Lins do Rego 2007. Participou do CD “Todos Por um – 2008” produzido pela ARCA (Associação Ribeirãopirense de Cidadãos Artistas) com as poesias “Minha Morte” e “Alguma Coisa Assim”. O CD está a venda pela cx postal da ARCA através do link: www.arca-cidadaosartistas.blogspot.com Foi expositora individual de artes plásticas e literatura na 1ª Jornada de Ações Sociais ABCD Maior. Em 2008 foi convidada a participar de cinco antologias, com contos e poesias pelas editoras Andross (Vide Verso), Blocos online (Saciedade dos Poetas Vivos), Câmara Brasileira de Jovens Escritores (Antologia de Contos Fantásticos e Antologia de Poemas) e Komedi. Formada em Desenho Artístico pela Escola Poliarte de São Paulo. "UMA ETERNA INCOMPREENDIDA ... UMA AMANTE DA PALAVRA ESCRITA." Perfil detalhado e obras em: http://www.usinadaspalavras.com (autores/Pam Orbacam) http://www.gargantadaserpente.com/ (habitantes/Pam Orbacam) http://recantodasletras.uol.com.br (autores/Pam Orbacam) http://www.blocosonline.com.br (literatura/poesia brasileira/Pam Orbacam) e-mail: pam.sag@hotmail.com
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