Gosto de subir no telhado da casa durante a noite.
Moro no cimo de um outeiro então a vista é muito ampla.
Tenho por companhia um escorpião iluminado mergulhando de cabeça no céu do oeste.
Quase dá pra ouvi-lo tocar o mar. É só fechar os olhos.
Mas não subo lá pela vista agradável e a brisa amena;
Gosto mesmo é dos sons que a cidade canta ao anoitecer.
Escuto grilos perto e longe de mim, carros passando, um “peraí” de alguém ao sul,
Ao norte escuto o som de um caminhão forçando o motor para tentar
Subir alguma ladeira, do leste veem sirenes de policia, buzinas irritadas vindas do centro da
Cidade. O barulho do vento passando por entre as folhas das mangueiras, motos apressadas,
Cachorros latindo, gatos ronronando, uma corujinha caburé cantando sua solidão.
E lá em cima sinto-me abraçado por essa polifonia e no meio do caos sinto paz.
|