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As Vozes
As pertubações psíquicas de Albina
JANIA MARIA SOUZA DA SILVA

Resumo:

     Albina martirizava-se. Não compreendia porque a tratavam de maneira tão estranha. Não era considerada uma igual pelos seus colegas de escola e de brincadeiras. Em casa, era a mesma história. Não sabia que sofria discriminação. Olhavam-na sempre de soslaio. Normalmente percebia cochichos e olhares atravessados. Mas isso não importava. Para Albina o que realmente importava eram aquelas vozes nem sempre amigáveis, mandando-a se machucar e ferir outras pessoas. Não gostava disso. Mas elas eram mais poderosas que ela. E a ameaçavam. Tentava contar para sua mãe, mas essa sempre respondia: "- Deixa de inventar histórias, menina. Isso é coisa da sua cabeça."
Toda essa situação perturbava demais a adolescente Albina, que se isolava em seu casulo consequentemente. Evitava as pessoas. Também procurava fugir das vozes. Mas elas sempre a perseguiam. Jamais a deixavam em paz. Até mesmo quando tentava dormir. E o sono era o pior momento. Simplesmente apavorava. Chegava a passar noites e noites em claro. Isso refletia no seu descanso. Na agressividade que aflorava subitamente a qualquer pretexto. Na impaciência. Na falta de concentração. Sonolência. Seu apetite sempre prejudicado.
     À noite, ao ir para a cama, ou até mesmo durante o dia, Albina cobria-se toda. Batia a cabeça na parede, pois não queria ouvir vozes, ouvir ameaças, ouvir reprimendas. Estava só em um mundo aparentemente real que se confundia sobremaneira com um mundo paralelo. Era apenas uma criança desprotegida navegando, até quando fosse possível sobreviver, no mundo palpável dos homens e, ao mesmo tempo, no lado escuro de cada ser. Lado totalmente desconhecido para a maioria dos seres ditos racionais. Lado perturbador com seus mistérios e segredos não revelados. Lago profundo a aprisionar a mente.
     À Albina restava apenas a monotonia inexplicável de uma viagem incoerente em um mundo que não a compreendia.      Sua mãozinha sempre estava estendida numa muda súplica de socorro. Socorro que nunca vinha... E, Albina começava a definhar por não ser compreendida e não receber apoio para a ajudar a enfrentar seus medos, suas opressões psíquicas e psicossomáticas com dignidade, recebendo um tratamento médico e psicológico adequado ao seu desenvolvimento humano, social e espiritual.
     Albina simplesmente era um pequenino dente dessa engrenagem que se chama vida debatendo-se na incompreensão da ignorância pela total falta de conhecimento do meio em que vivia.
     Um certo dia, uns homens de branco foram pegá-la em casa a força e levaram-na para sempre...


Biografia:
JANIA SOUZA, potiguar da cidade de Natal, bancária da Caixa, economista, contadora, ativista cultural, poeta, escritora, artista plástica. Sócia Fundadora da Sociedade dos Poetas Vivos e Afins do RN (SPVA/RN), onde exerceu os cargos de Coordenação Geral; Direção Executiva; Direção de Eventos; atualmente integra o Conselho Fiscal. Organizou as edições da ANTOLOGIA LITERÁRIA da SPVA/RN, volumes 01, 02, 04 e 05, encontra-se a organizar o vol. 06. Participação em várias coletâneas nacionais, inclusive na Komedi e na Nau Literária. Pacifista e voluntária no Projeto Fraldinha, que promove a construção de uma consciência cidadã em crianças a partir dos 04 anos até jovens com mais de 20 através da prática do esporte futebol, xadrez e palestras. Sócia da UBE/RNA; AJEB/RN; Clube dos Escritores de Piracicaba. Afirma que a arma da vida é a leitura. Contato: www.janiasouzaspvarncultural.blogspot.com
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