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Se me dissessem, um dia,
que eu viraria um poço,
não acreditaria,
talvez risse,
distante comentário faria,
da realidade afastado...
Mas bastou que te chegasses a mim,
à minha borda, olhasse para o meu fundo,
visse lá os diamantes que acumulei,
todos feitos de palavras,
o escuro pântano
que toda alma abriga,
eis que me torno o que disseram,
cisterna, poço, olho da terra,
sem íris, sem retina, sem ver
a luz que jorra do céu,
ainda assim um poço sem fundo,
onde em mim moram todos os que fui,
os que sou, os que serão,
todos dentro da tenda do meu coração...
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