SEGUNDA PARTE DO CAPÍTULO: Beijada.
Então ele partiu e eu fiquei esperando minhas pernas lembrarem-se de se mexerem. Mas elas estavam trêmulas. Assim como meu coração estava.
O caminho de volta para casa é um tanto quanto longo de á pé, mais o uso para reorganizar meus pensamentos que, na maioria das vezes, estão completamente embaralhados e perdidos dentro da minha cabeça.
Deito-me ainda cedo, pois o dia foi muito turbulento. Não contei para meus pais sobre o quase afogamento, mas me sinto mal por ter de excluí-los disso. É meio estranho dizer á eles que nem si quer por um minuto eu pensei no afogamento depois que fui retirada da água, estava perdida demais nos braços de um rapaz que mexeu comigo. Custa-me a dizer isso, mas Christopher mexeu com meu coração. Não sei explicar bem o porque.
Consigo pegar no sono no exato instante que penso nos olhos verdes que me salvaram hoje.
Meus passos percorrem a imensidão de areia á se perder de vista, e do outro lado não tão distante de mim, Christopher deitado repousa serenamente na confortável areia. Deito-me ao seu lado, a adrenalina percorre meu corpo extravasando-se para todas as partes, quase explodindo pra fora das minhas veias. Meu coração dispara rapidamente, tentar repreende-lo agora seria inútil. Amaldiçoou á mim mesma, por não conseguir obter a mesma serenidade evidentemente estampada nos gestos de Christopher. Então ele começa a falar, rompendo o tortuoso silencio que permanecia.
– O que achou? – Ele sussurra, seus olhos buscam as brilhantes estrelas no céu e o perfeito luar. Sua voz confunde novamente meu coração.
– É tudo perfeito! – Falei.
– Posso te fazer uma pergunta? – Murmuro, meus olhos buscam os seus mais não os encontra.
– Sim, pode. – Christopher diz, seus olhos estão ainda fixados no céu estrelado.
– Por que é seu dever me salvar? – Minha coragem desmorona rapidamente ao terminar a pergunta.
Por um pequeno tempo permanecíamos imóveis, minha pergunta deixou-o ainda mais paralisado, sem ação.
– Porque eu... – Ele sussurra, porém,
interrompe-o ele mesmo parando bruscamente sua resposta.
– Porque o que? – Eu insisto.
Meus ouvidos clamam a resposta não terminada.
Meu coração enche-se de esperança. Interiormente pergunto-me qual esperança busco. A de ele dizer que me ama? Ou a esperança de que ele termine a pergunta? Chego á conclusão que quero as duas. Pouco me importa se é uma ou outra.
– Confia em mim? –Christopher diz. A segurança perdida no seu olhar se fixa firmemente em sua voz.
– Tudo bem. Tenho outra escolha? – Murmuro depressivamente, esperando sua resposta final.
– Não, não tem. – Ele termina.
Acordo de madrugada.
Está chovendo forte, acabei sonhando com Christopher. A janela está aberta, no entanto não me lembro de ter deixado ela aberta.
O vício que me domina é astuciosamente perigoso. Porém, sou incapaz de viver sem tê-lo.
É um defeito prazeroso. E por me fazer sua refém, sou cativa dentro das minhas próprias vontades. E quando sou estimulada por ele fico sua dependente.
Fico estirada na areia enquanto Christopher desaparece atrás de mim as minhas únicas confidentes agora são as estrelas. Minha pele ainda relembra sua formosa carícia, meus lábios como brasas ainda expulsava de sua superfície úmida o vestígio de seu toque.
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