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O mal que habita em você
Elizabeth

Tenho medo de morrer atropelada por um caminhão. Pensava, enquanto esperava o momento de atravessar a rodovia. Na verdade, acho que tenho medo de morrer esmagada. Uma vez fiquei entre dois ônibus, enquanto atravessa uma rua engarrafada. O ônibus de trás deu partida. Pensei que seria meu fim. O caminho que tomou estava deserto. Corujas voavam na escuridão. Uma caminhava ao seu lado, em silêncio. Tinha o seu tamanho, cerca de 1,30m, e penas brancas. A uma brisa suave, seguiu-se um vento forte. Levaria seu chapéu se ela não o agarrasse. Avistou o portão gradeado do enorme casarão. É aqui.
Dentro da mansão estavam todos alvoroçados. O casamento do herdeiro com a filha do dono da companhia rival selaria o acordo de cooperação. Em breve seriam uma empresa multimilionária. Se o matasse a herdeira seria eu. Se matar a ele e a meus pais tudo o que têm sera meu. Talvez o mate após o casamento, quando o acordo tiver sido assinado. Foi ao quarto do pai moribundo. O velho estava deitado enrolado em cobertores, na mesma posição em que estava no dia anterior, e no dia antes deste. Você ainda me amaria se eu fosse uma assassina? Era famoso? Quem? A pessoa que você atropelou.
Na manhã seguinte saiu em busca da livraria. Viu sair de um casebre uma mulher de baixa estatura acompanhada de uma enorme coruja branca. Que interessante! Nunca tinha visto uma coruja desse tamanho. E parece ser adestrada. Ah não, ela não é adestrada. É minha companheira, vai comigo aonde eu for. Hoje a noite será a festa de noivado do meu irmão, a senhora e sua coruja estão convidadas. Oh! Iremos com prazer!
Perplexidade. A noiva saltou do alto do telhado da mansão. Morreu espatifada no chão enquanto o noivo dizia os votos a uma anã diante de uma coruja gigante que fazia as vezes de juiz de paz. A festa prosseguiu, salpicada com o sangue da defunta.
Os dias passam e ninguém se dá conta dessa loucura. Quem é essa mulher? Só pode ser uma bruxa, ou talvez seja um demônio. Não suporto sua presença, não entendo como ninguém mais vê algo de terrivelmente perverso nos últimos acontecimentos. Subiu ao quarto da bruxa e la encontrou deitada em sua cama não a anã, mas uma coisa velha e carcomida pelo tempo. Uma múmia desenfaixada com o peito aberto revelando suas vísceras apodrecidas, e um bebê sugando seu mamilo. Desceu desesperadamente as escadas, tropeçou e atingiu o salão no térreo. E lá estava a criatura com a criança em seu colo.
Abominação! Saltou para cima da bruxa e lhe tomou a criança. Em seus braços se tornou uma boneca. Mas o que?! Faz parte de um feitiço que me mantem jovem. Foi puxada por uma força irresistível em direção a velha que a aguardava nua, com a grande fenda no peito a revelar uma profunda escuridão. Não! Posso lutar! Alcançou um candeeiro de bronze com o qual golpeou a velha várias vezes, sem efeito. Não posso desistir! Golpeou mais uma vez, atingindo uma região que fez a bruxa gritar e cessar a força que a arrastava. Golpeou várias vezes no mesmo lugar, até que a criatura caiu morta e se desfez em pó.
Se deitou e fechou os olhos. Acabou. Quando os abriu avistou a bruxa de pé, ao lado da cama sorrindo. Se livrou da capa que a cobria, e ao seu bebê, revelando sua nudez decrépita. Não!! Apanhou sua pesada caixa de jóias e a golpeou várias vezes, no lugar onde sabia que a mataria. A Bruxa definhou e morreu, se desfazendo em pó.
Anoiteceu, fechou os olhos novamente. Quando os abriu viu a bruxa no teto sobre si, envolta em sua capa, com um sorriso maligno no rosto. Rolou da cama para o chão. Não é possível!! Eu te venci!! Ela é o mal que habita em você. Você precisa enfrentá-lo todos os dias. Disse seu irmão, que acabara de entrar no quarto, acompanhado de sua noiva.
Acordei.


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