Costumeiramente, leio com certo desdenho editoriais e propagandas sobre comportamento e consumo, mas principalmente aqueles comparados com a temática da vida. Faço isso, não pelo teor reflexivo da qual aprecio, mas pela pretensão de alguns escritores e publicitários que simplificam a vida num mero discurso pequeno burguês.Entendo os interesses a qual estão comprometidos e os propósitos de marketing.Porém, se uma família branca de classe média,constituída de um pai que bebe cerveja, uma mãe com o cabelo tratado e filhos com ipods dentro de um carro são o modelo da vida real... Será que uma família negra com poucos recursos financeiros que não consumam álcool e não possuam veiculo sejam incapazes de serem felizes e viver? Nesse sentido, procuro refletir sobre os valores atribuídos a temática da vida pelos editoriais e pela publicidade. Obviamente, tais conceitos fazem parte da realidade social capitalista, mas acabam deturpando as mentes dos que não dispõem de uma sólida base humanística. Em última análise, atribuir o viver estritamente ao consumo é limitar seu significado. Mas afinal, o que é vida?Humildemente podermos responder essa pergunta enumerando o que ela não é...E com perdão a Nelson Rodrigues, mas durante a história cientistas, religiosos, filósofos, poetas e artistas como um todo vislumbraram responder essa pergunta que sempre acabou trazendo mais questionamentos. Quem ousa responder? Será uma criação divina ou um acidente astrofísico e biológico? Uma visão materialista dialética e cética ou uma metafísica idealista e impalpável? Uma economia baseada em recursos naturais e sem sustentabilidade?Ela não é só mas também como diria o escritor Augusto Abelaira. Em outras palavras, como ela vai se ordenar seja linear ou cíclica não importa, mas nunca será cristalizada pela chancela do consumo e da publicidade. Nem tampouco a linguagem que faz a mediação desse texto com o real é a vida, quiça toda dualidade supracitada. Vide Platão e Lacan para esse intento. A vida não é ela acontece, destino e acaso de mãos dadas. A vida será aquilo que você quiser e os limites que você impor. As definições são autônomas e não estão nesse escrito, na Literatura ou na Publicidade mais dentro de cada um. Multiplique-as pelo infinito e quem sabe?
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