Login
E-mail
Senha
|Esqueceu a senha?|

  Editora


www.komedi.com.br
tel.:(19)3234.4864
 
  Texto selecionado
A origem da Cirurgia Plástica
Dr. Pedro Alexandre

Resumo:
"Quanto sangue inocente foi derramado em guerras violentas, por armas criadas pela genialidade científica humana, a mesma capaz de desenvolver a Medicina e a própria cirurgia plástica!"

Quando falamos em cirurgia plástica, logo nos vem à mente beleza, estética e modernidade. Isso porque a primeira referência escrita sobre a especialidade relata o trabalho do cirurgião hindu Sushruta, que realizou e publicou as primeiras reconstruções nasais em mutilados como punição por adultério ou em derrotados em batalhas, como era costume na Índia, por volta do ano 1400 A.C. Este cirurgião, inclusive, criou uma técnica em que utilizava o tecido da testa para a reconstituição do nariz, intitulada, em sua homenagem, de “retalho indiano”, e muito utilizada, por incrível que possa parecer, até os dias de hoje. Seus manuscritos foram traduzidos para o árabe e, depois, para o persa. Foram difundidos na Europa por volta de 1452 pela família de cirurgiões Branca (Sicília) e, mais detalhadamente, por volta de 1592, por Gaspare Tagliacozze, cirurgião de Bolonha.
Na Primeira Guerra Mundial (1914-1918), o cirurgião neozelandês Harold Delf Gillies destacou-se pelo seu trabalho humanitário e suas inúmeras técnicas utilizadas na reconstrução de mutilados de face, vitimados por graves ferimentos resultantes do histórico e sangrento conflito. Até as duas primeiras décadas do século XX, o ideal de beleza ligada ao status social, especialmente da mulher, exigia dela uma pele alva para não parecer uma camponesa que, por necessidade, se expunha diariamente ao sol. Com a revolução industrial, entretanto, os trabalhadores, antes camponeses, passaram a permanecer confinados nas fábricas e, consequentemente, pouco expostos aos raios solares. A partir de então, inverteu-se o ideal de beleza que passou a ser a pele bronzeada.
Paralelamente a isso, a maior participação da mulher na sociedade, no trabalho e suas conquistas por liberdade acabaram permitindo a ela maior exposição do seu corpo, desencadeando e proporcionando uma preocupação e valorização mais intensas da aparência física. Em meados dos anos 40, a cirurgia plástica estética foi ganhando mais espaço e reconhecimento mundial, especialmente por meio da criação de várias escolas capitaneadas por grandes cirurgiões que lutaram para que se formassem novos adeptos, organizados em associações, realizando congressos e reuniões científicas para a troca de conhecimento.
No Brasil, tivemos grandes pioneiros, a exemplo dos Drs Prudente, Rebello, Spina, Ariè (São Paulo), Rebelo e, especialmente, Ivo Pitanguy (Rio de Janeiro) - que, seguindo o espírito entusiasta, humanista, mas fundamentalmente pelo amor e dom em transmitir de seu mestre mais famoso, Sir Harold Gillies, contribuiu, decisivamente, para que a cirurgia plástica brasileira fosse reconhecida hoje, senão como a melhor, mas, certamente, como uma das mais respeitadas do mundo, representada pelos chamados ex-alunos do Professor Pitanguy, espalhados pelos cinco continentes, levando junto com eles o conhecimento técnico e científico, mas, sobretudo, o espírito humanista e solidário que é a origem e a essência dessa grande escola.
Uma paciente que pretende se submeter a uma cirurgia de prótese mamária ou lipoaspiração, nos dias de hoje, provavelmente não imagina o quão antiga é a cirurgia plástica e o quanto se teve de lutar contra dogmas religiosos que a proibiam de fazer tal procedimento ou ao estudo da anatomia humana, preconceitos morais, entraves políticos e toda sorte de dificuldades.
Quanto sangue inocente foi derramado em guerras violentas, por armas criadas pela genialidade científica humana, a mesma capaz de desenvolver a Medicina e a própria cirurgia plástica! O que nunca mudou desde o ano 1400AC até hoje é o sentimento que move o médico a lutar pelo bem-estar de seu paciente, seja ele um grave mutilado de guerra ou uma jovem infeliz com sua aparência estética: a empatia, que é a a capacidade de se colocar no lugar do outro e compreender o seu sofrimento.

Dr. Pedro Alexandre
Cirurgião Plástico      
drpedroalexandre@bol.com.br
www.drpedroalexandre.com.br


Biografia:
Graduado em Medicina pela PUCRS (1986) Residência em Cirurgia Geral Hospital São Lucas da PUCRS (1987/1988) Especializado em Cirurgia Plástica no serviço do Prof. Dr. Ivo Pitanguy (1989 a 1992) Membro especialista da SBCP – Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica - São Paulo (1991) - http://www.cirurgiaplastica.org.br Chefe do Setor de Reconstrução Mamária do Serviço de Mastologia do Hospital Nossa Senhora da Conceição – Porto Alegre Instrutor de Ensino da Residência Médica – Cirurgia Plástica – Hospital São Lucas da PUC. Consultor de Gluteoplastia (Plástica de Glúteo) – Clinica do Dr. Pietro Lorenzetti – Catania – Itália Preceptor da Residência em Cirurgia Plástica do Hospital Conceição
Número de vezes que este texto foi lido: 64195


Outros títulos do mesmo autor

Artigos A cirurgia plástica na terceira idade Dr. Pedro Alexandre
Artigos Próteses de silicone: quando tudo começou Dr. Pedro Alexandre
Artigos A origem da Cirurgia Plástica Dr. Pedro Alexandre
Artigos Cirurgia plástica estética: Dr. Pedro Alexandre
Artigos Cirurgia plástica: verdades e mitos Dr. Pedro Alexandre
Artigos A cirurgia plástica na era da informação Dr. Pedro Alexandre
Artigos A bela e a fera Dr. Pedro Alexandre
Artigos Cirurgia plástica estética na adolescência e infância Dr. Pedro Alexandre
Artigos Procedimentos complementares em cirurgia plástica: Dr. Pedro Alexandre
Artigos Cirurgia plástica em homens Dr. Pedro Alexandre

Páginas: Próxima Última

Publicações de número 1 até 10 de um total de 17.


escrita@komedi.com.br © 2025
 
  Textos mais lidos
A FARSA DA USURA - fabio espirito santo 64409 Visitas
Definidas as semifinais do Paulista A3 2024 - Vander Roberto 64315 Visitas
Refloresceu .... - Maisnatureza 64261 Visitas
Derecho al agua potable - Yuran Lukeny Antonio Mulenza 64252 Visitas
Hoje - Waly Salomão (in memorian) 64249 Visitas
Faça alguém feliz - 64246 Visitas
CENA de RUA: livro de imagens - Tânia Du Bois 64243 Visitas
Linda Mulher - valmir viana 64242 Visitas
Vento Brando - José Ernesto Kappel 64241 Visitas
Porque ler POSTIGOS - Tânia Du Bois 64240 Visitas

Páginas: Próxima Última