A cada dia que passo mais e mais eu me pergunto por que estou levando a vida do jeito que levo. Pergunto-me quem me deu as responsabilidades e obrigações às quais me submeto. E acabo me escravizando em nome delas.
Deixo de ver um mundo de encanto, que está bem diante dos meus olhos e...
... E a vida passando!
A cada dia passado me parece um dia perdido. São raros os dias que digo: que beleza de dia! Quão proveitoso foi!
Engraçado que quando paro para analisar o que é uma beleza de dia, a resposta é sempre a mesma: dias simples. Dias de sorriso e alegria. Seja com a família ou com os amigos. Sempre, um dia simples.
Vejo a beleza, apresentada com toda sua leveza, quando, por exemplo, estou conversando com as crianças – meus sobrinhos. Preparando alguma refeição, e logo após, ao redor da mesa estamos nos alimentado. A gratificação por isso é enorme.
Sinto falta da minha infância. Quando falo isso com algumas pessoas que participaram dela, ou a conhece, me chamam de louca. Foi uma infância difícil, pesada, complicada. Mas eu, de verdade, não analiso assim. Fui muito feliz. Apesar de ter algumas preocupações de adulto, sempre eram dias claros e ensolarados. Com sorrisos. Às vezes sinto o cheiro dela, da infância, da minha infância. Cheiro bom! Cheira a amor. O cheiro do amor é inesquecível. Inebriante.
Eu acredito que amo as pessoas. Todas que conheço. Do meu jeito louco, chato, implicante, ranzinza, mas amo.
Um dia estava na biblioteca da faculdade, com um pequeno grupo de amigos, e começamos a falar da característica de cada um, uma só. Uma amiga me definiu como ranzinza. Me marcou. Não porque eu não tenha gostado, mas sim por ver como ela me conhecia, e mesmo com esse defeito, ela gostava de mim e sempre estava comigo. Esse amor de amigo é lindo demais. Sem fronteiras, sem limites, sem vergonha. Sincero. Honesto.
Tem uma voz falando todos os dias pra mim: volta pra lá, pro seu cantinho de amor e felicidade simples. Onde você precisa muito menos do que você imagina, e vai viver sua vida de doar o que você mais gosta – o amor.
Não que eu sinta falta de ser amada. Sei que sou, mesmo com todos os adjetivos acima listados por mim. É que na verdade, eu sei que tenho amor demais aqui dentro de mim, e preciso doar, porque senão dói. E o amor se multiplica quando a gente doa.
A minha vida é uma vida de buscas. Buscas constantes de algo que, às vezes, nem sei o que é. Mas estou buscando. De vez em quando encontro coisas erradas, que não queria, ou que não precisava, ou até que achei por um momento que seria certa e depois descobri que não. Fico preocupada com isso, porque me gera uma angústia, uma dor desnecessária, quando imagino que sei exatamente o que devo fazer pra encontrar o que procuro e não sei o que é. Mas sei, no fundo no fundo, eu sei. Estou em busca da pureza e do amor incondicional que eu conseguia desenvolver por todos, e que com o tempo fui perdendo. Hoje pra reencontrar é questão de coragem, que também deixei em algum lugar, ou perdi. Não sei bem. Quando digo amar alguém, é amar todas as pessoas. Não um amor homem mulher, mas amor de irmão, de espírito.
Só sei que viver não é fácil, mas é uma delícia.
O que mais me preocupa é que isso, essa mudança que quero, ou o “retorno pro meu aconchego”, depende somente de mim. Tenho medo de que, quando eu recobrar a minha coragem, eu não possa mais usufruí-la. Mas como disse, depende somente de mim.
Esta conversa está estranha e confusa, mas este é o meu momento. É assim que me sinto, estranha e confusa.
Acredito que muitas pessoas vivam este dilema, entre correr atrás das coisas ditas necessárias, e ter uma vida realmente simples, somente com o que é estritamente necessário para subsistir. Isto está gritando dentro de mim.
Todos os dias quando acordo, e penso no meu dia que está começando, me pergunto como será. Meus dias sempre são estressantes. Aliás, tem sido mais que o normal meus dias serem estressantes. Eu era mais feliz, hoje nem tanto. Não vivia dias assim, pesados e cheios de brigas, com tanta “discórdia”. Preciso tomar uma decisão, mas tenho uma mania terrível de creditar. Pra que insistir no que te perturba? Esta é a minha pergunta. Mas tudo tem sua hora, certo? Ao mesmo tempo em que quem faz nossa hora é a gente.
Todos nós precisamos aprender a filtrar, praticar a filtragem. O que é pequeno é descartável. Digo isto no sentido de coisas incomodas. Por exemplo: quando alguém perto da gente fizer algo que nos incomoda, perguntar pra nós mesmos por que nos incomoda, se é com a atitude ou com a pessoa. E se é realmente problema meu. Se for, tente resolver. Se não for, deixe o problema com que é o verdadeiro dono. O máximo que poderemos fazer é ajudar, se formos solicitados.
É preciso praticar a “cuca fresca”, a calma, a paciência. Coisas que definitivamente eu preciso demais. E percebo que a cada dia as pessoas estão precisando mais e mais de calma e paciência. Eu preciso muito. Coisa louca.
A melhoria nossa, tem que ser espiritual, porque senão é perda de tempo.
Bom as confusões fazem parte de nossa vida. Vamos em frente com fé!
Definitivamente estou precisando me doar e filtrar mais.
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