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DEPRESSÃO – Parte 10
D M Lloyd Jones

Citações do Livro de autoria de D. M. Lloyd Jones, intitulado Depressão.

"E vós também, pondo nisto mesmo toda a diligência, acrescentai à vossa fé a virtude, e à virtude a ciência, e à ciência temperança, e à temperança paciência, e à paciência piedade, e à piedade amor fraternal; e ao amor fraternal caridade".
II Pedro 1:5-7
Aqui neste primeiro capítulo de sua segunda epístola, o apóstolo Pedro trata de mais uma causa de depressão espiritual. De fato, seu objetivo ao escrever a carta era tratar desse problema. Ele escreve para animar pessoas que estavam desanimadas, e desanimadas a tal ponto que estavam quase duvidando da fé que tinham aceito. Isso é algo que pode surgir como um perigo muito real neste estado de depressão espiritual; e se a condição persiste e continua, invariavelmente leva a dúvidas e incertezas, e a uma tendência de olhar atrás, para a vida da qual fomos libertos.
Felizmente o apóstolo nos dá uma descrição muito exata deste problema. Ele nos conta, indiretamente, uma série de coisas a respeito das pessoas a quem está escrevendo. Por exemplo, após fazer sua exortação, ele diz no versículo oito: "Porque, se em vós houver e abundarem estas coisas, não vos deixarão ociosos nem estéreis no conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo". Ele diz: "Se estas coisas existirem em vós" — farão de vocês o que não são no momento. Ou seja, "farão com que não sejam ociosos nem estéreis no conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo" — implicando que a condição deles era "ociosa e estéril". Mas não é só isso; ele diz que eles eram cegos, "nada vendo ao longe, havendo-se esquecido da purificação dos seus antigos pecados". Na verdade, há Uma insinuação de que eles estavam tropeçando, pois ele lhes diz que, se fizessem essas coisas, "nunca jamais tropeçariam"; e não só isso, mas se fizessem essas coisas, tornariam "cada vez mais firme" a sua vocação. É claro que eles não tinham muita certeza a respeito destas coisas na ocasião em que o apóstolo lhes escreveu.
Não há dúvida de que eles eram cristãos. Precisamos repetir isso, porque há pessoas que têm noções tão falsas e sem base nas Escrituras, as quais julgam que alguém que se enquadra nos termos em que o apóstolo Pedro descreve estas pessoas não pode realmente ser um cristão. Mas obviamente estas pessoas eram cristãs, ou ele não estaria escrevendo para elas. Muitas pessoas têm uma ideia errônea do cristão, como alguém que está sempre vivendo no topo da montanha, acima das circunstâncias; e há alguns que pensam que se alguém não está lá o tempo todo, não é realmente um cristão. Tal ideia sobre o cristão não tem qualquer fundamento nas Escrituras. Essas pessoas eram cristãs, mas estavam infelizes, vivendo uma vida ineficaz, que parecia não levar a lugar algum, e não estavam ajudando outras pessoas. Não só isso, mas não eram muito produtivas no tocante às suas próprias vidas, e sua fé não lhes dava gozo nem segurança. Eram ociosas e estéreis. Estas palavras realmente as descrevem — ineficazes para ajudar os outros, com falta de conhecimento e compreensão. Elas não estão crescendo no conhecimento do Senhor. Aqui está disponível este tremendo conhecimento e compreensão, mas não os possuem, não têm crescido neles, são estéreis nesse sentido. Na verdade, apesar de não haver dúvidas quanto ao fato de serem cristãs, estas pessoas parecem ter muito pouco que demonstrasse isso. E também parecem não compreender o significado da sua conversão, parecem ter esquecido o fato de que foram purificadas dos seus pecados de outrora, e estão vivendo como se isso nem tivesse acontecido. Agora, todas essas coisas inevitavelmente caminham juntas. Quando há uma falta de entendimento e de produtividade neste aspecto da compreensão, vocês sempre encontrarão um fracasso correspondente na vida, tanto no que se refere à sua própria santidade, como também à sua utilidade e valor para outras pessoas.
Essa é a descrição que o apóstolo dá destas pessoas, e naturalmente todos estamos bem familiarizados com esse tipo. É o tipo de indivíduo que não podem negar ser um cristão, apesar de sua vida pouco demonstrar isso. Ele parece estar preso em superficialidades e misérias, e não dá a impressão de ser nada do que o Senhor disse que um cristão seria quando recebesse o Espírito Santo: "Rios de água viva correrão do seu interior". Não, a impressão que ele dá é de esterilidade e improdutividade, nada está sendo produzido por ele, e parece não estar dando nada a outros. Sua vida é fraca e não parece estar em crescimento ou desenvolvimento. Sua vida toda parece totalmente ineficaz, e ele vive abatido, infeliz e tomado de dúvidas. Parece incapaz de dar uma razão da esperança que há nele; diz crer, e no entanto está sempre nessa posição em que o próprio fundamento de sua fé parece sujeito a ser abalado. Ora, essa é a condição da qual o apóstolo trata aqui, e que estamos considerando.
A primeira coisa que devemos considerar é a causa desta condição. Como é que alguém pode chegar a tal estado? Há cristãos que correspondem a esta descrição. Por que são assim? Por que não são como outros cristãos, cujas vidas são dinâmicas, efetivas e que transmitem vida? Qual é a diferença? Essa é a pergunta, que devemos considerar, e parece estar bem claro que o apóstolo aqui diz a essas pessoas que existe apenas uma causa de todas as manifestações desta depressão — a falta de disciplina. Esse é o problema real, uma completa ausência de disciplina e ordem em suas vidas. Mas, felizmente para nós, o apóstolo não se limita a uma declaração genérica. Os escritores do Novo Testamento nunca se limitam a generalidades; eles sempre prosseguem, salientando os detalhes, considerando o problema ponto por ponto; e felizmente o apóstolo faz isso neste caso particular.
Por que essas pessoas não têm disciplina? Por que essa frouxidão, essa indolência é tão aparente em suas vidas? A primeira causa parece ser que elas têm uma perspectiva errada da fé. Encontro isso no começo do quinto versículo, onde ele diz: "E vós também, pondo nisto mesmo toda diligência, acrescentai à vossa fé" — complemente a sua fé, guarneça sua fé com as coisas que ele passa a mencionar. Temos aqui uma sugestão de que eles tinham uma perspectiva errada da fé. Isso é algo muito comum. Parece que essas pessoas tinham uma espécie de visão mágica da fé; em outras palavras, tinham a ideia de que, enquanto alguém tivesse fé, tudo estaria bem, sua fé operaria automaticamente em sua vida, e tudo que ele precisa fazer como cristão é crer na verdade. Precisa aceitar a fé, e tendo feito isso, tudo o mais acontecerá automaticamente; ele dá um passo, toma uma decisão — qualquer que seja a expressão usada — e isso é tudo que é necessário. Eu o descrevo como uma visão quase mágica da fé, ou uma concepção automática da fé. Mas talvez possa expressá-lo de forma diferente. Muitas vezes existe o que podemos descrever como uma visão mística da fé. Isso certamente explica o problema de muitas pessoas. O que quero dizer com visão mística, é uma concepção de fé que sempre pensa nela como um todo. Colocando-o de forma negativa, quero dizer que tais pessoas não compreendem que a fé precisa ser complementada pela virtude, ciências, temperança, paciência, piedade, amor fraternal e caridade, como o apóstolo mostra aqui. Elas têm somente uma fórmula, e essa fórmula é que uma pessoa deve estar sempre "olhando para o Senhor", e enquanto "olhar para o Senhor" não precisa fazer mais nada. Elas dizem que qualquer tentativa de fazer outra coisa e voltar à posição de "salvação pelas obras". Então, se um cristão tem um problema em sua vida cristã, simplesmente dizem: "Olhe para o Senhor, permaneça nEle".
Este é um erro muito comum. Irmãos, vocês podem encontrá-lo numa forma muito interessante em expositores que tomam este ponto de vista. Ao expor certas passagens das Escrituras onde muita ênfase é colocada em detalhes, eles obviamente caem em dificuldades, porque do ponto de vista deles não devemos nos preocupar com detalhes. Há somente uma coisa a ser feita, é "permanecer no Senhor e olhar para Ele", e enquanto fizermos isso, não há mais nada a fazer. Esta é uma causa extremamente produtiva deste tipo de depressão espiritual e letargia de que estamos tratando. Tais pessoas passam o tempo todo nesta condição infeliz. Tentam colocar em prática esta exortação de "permanecer no Senhor" e "olhar para o Senhor", e por algum tempo tudo parece estar bem, mas então, de alguma forma, algo acontece de errado, e parecem não estar mais "permanecendo", e mais uma vez sentem-se infelizes. O problema volta, e assim passam sua vida toda tentando manter esta posição, a única que reconhecem. Ora, obviamente isto é um assunto muito importante, e precisamos ter certeza de que nossa visão da fé é a visão do Novo Testamento, e que compreendemos o que o apóstolo quer dizer, ao afirmar que devemos suplementar, ou complementar nossa fé com certas coisas.
A segunda causa geral desta condição é, sem dúvida, nada mais que mera preguiça ou indolência, nada mais que frouxidão, ou, nas palavras do apóstolo, falta de diligência. Ele diz: "Pondo nisto toda diligência". Ele quer ter certeza que entendemos isso bem, e o repete no décimo versículo. Creio que todos sabemos algo a esse respeito. Existe uma espécie de indolência ou preguiça geral que aflige a todos nós, e que é indubitavelmente produzida pelo próprio diabo. Já não percebemos, todos nós, que no que se refere à vida espiritual, parece que não temos o mesmo zelo e entusiasmo, nem aplicamos a mesma energia dedicada à nossa vocação secular, nossa profissão ou negócio, nossas distrações, ou algo que nos interessa? Todos já não percebemos que podemos estar trabalhando com muita disposição, mas se paramos para um tempo de oração, repentinamente nos sentimos extremamente cansados? Não é curioso que sempre ficamos com sono e cansados quando vamos ler a Bíblia? Estamos plenamente convencidos de que é algo puramente físico, que realmente nada há que possamos fazer, mas é certo que a partir do momento em que começamos a nos dedicar às coisas espirituais, imediatamente vamos nos defrontar com esse problema de indolência e preguiça que nos afeta, por mais alertas e dispostos e cheios de energia que pudéssemos estar previamente.
Ou observem isso quando assume a forma de procrastinação. Queremos ler a Bíblia, queremos estudá-la, queremos ler um comentário; mas não sentimos vontade no momento, achamos que não é certo fazer estas coisas quando não temos vontade, e que devemos esperar até que estejamos nos sentindo melhor, e que haverá uma oportunidade melhor mais tarde. Ou não temos tempo, ou não temos oportunidade. Quantas vezes todos nós passamos por esse tipo de experiência! Mas então, quando chega a hora certa, por estranho que pareça, ainda não conseguimos nos dedicar àquilo. Está fora de discussão que a maioria de nós está vivendo vidas que carecem de disciplina, ordem e organização. Talvez nunca antes a vida fosse tão difícil para os cristãos como na época atual. O mundo e as organizações da vida ao nosso redor tornam as coisas quase impossíveis; a coisa mais difícil é pôr em ordem nossas próprias vidas e administrá-las. A razão disso não é que estas coisas externas nos compelem, mas se não reconhecemos o perigo de nos desviarmos, se não assumimos uma posição contra isso, já teremos falhado sem saber. Há tantas coisas que nos distraem. Começamos com o jornal da manhã (e muitas pessoas começam com dois em vez de um), e então, depois de algumas horas chega o jornal (ou jornais) da tarde. Essas coisas são lançadas sobre nós. Naturalmente não somos obrigados a comprar os jornais, mas estão aí, e todo mundo faz isso. Talvez seja entregue à nossa porta. É colocado à nossa frente, e quase sem percebermos, está ocupando o nosso tempo. Não preciso deter-me com todos estes detalhes — o rádio, a televisão, as coisas que temos de fazer, reuniões para assistir, incidentes aqui e ali, problemas que surgem. O fato é que cada um de nós está lutando por sua vida no presente, lutando para controlar, governar e viver sua própria vida. Todos os pastores concordarão comigo quando eu digo que não há nada que nos é dito com mais frequência hoje em dia do que isto: "Eu não sei o que fazer, parece que não tenho tempo de ler a Bíblia e meditar como eu gostaria".
A simples resposta para isso é que não passa de falta de disciplina, uma falha em organizar nossas vidas. Não adianta reclamar a respeito das circunstâncias. Sempre voltamos para isso, e não há necessidade de discutir o assunto — todos temos tempo! Se temos tempo para fazer tantas outras coisas, então temos tempo, e o segredo do sucesso nesta área é tomar esse tempo e insistir que seja dedicado às questões da alma, em vez de ser gasto com tantas outras coisas. Essa é a segunda causa do problema — uma falta de disciplina em nossas vidas, uma falha em organizar, comandar e controlar nossas vidas como no fundo do coração sabemos que deveríamos fazer.
Sendo essa a causa, passemos agora para o tratamento. Qual é o tratamento prescrito pelo apóstolo Pedro para esta condição? É simplesmente o inverso da causa do problema. Em primeiro lugar e antes de tudo, ele enfatiza "toda a diligência". "Façam o máximo de esforço" diz outra tradução, É isso — "fazer o máximo de esforço" — à luz destas coisas, à luz de Suas grandíssimas e preciosas promessas que nos foram dadas, para que por elas nos tornemos participantes da natureza divina, havendo escapado da corrupção que pela concupiscência há no mundo — por causa de todas estas coisas, façam todo o esforço, ponham toda a diligência, ou, como está traduzido no décimo versículo, "procurai fazer cada vez mais firme a vossa vocação". Aqui, então, está o tratamento:
o     exercício de disciplina e diligência.


Este texto é administrado por: Silvio Dutra
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