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A DURA PROVA DA PASSAGEM DO TEMPO
Arnaldo Agria Huss

Resumo:
O filósofo, político e jurista Cícero (106a.C.-44a.C.) fala assim sobre a velhice: "Todos os homens desejam alcançá-la, mas, ao ficarem velhos se lamentam. Eis aí a inconsequência da estupidez! Queixam-se de que ela chegue mais furtivamente do que a esperavam. Quem então os forçou a se enganar assim?"

Não tem jeito. O avançar implacável do tempo, a idade aumentando em progressão aritmética, o corpo sentindo as mudanças, as transformações físicas cada vez mais evidentes e o espelho confirmando que é tudo verdade, vão minando a nossa capacidade de resistência emocional.

Ao mesmo tempo, as lembranças se instalam com uma intensidade cada vez maior. Nossos pais, nossos filhos, nossos amores, nossos amigos, nossos momentos, nossa vida agora passada a limpo a nos mostrar que muito ficou para trás e que não temos mais como efetuar o resgate daquilo que poderia nos ter feito felizes, dando, assim, a triste certeza de que em muitas situações não há futuro para o que deixamos de fazer, de ser, de viver, quando ainda podíamos, mas não acreditávamos.

Por muitas vezes os olhos marejam, colocando-nos à dura prova da passagem do tempo. Os pensamentos afloram, um atrás do outro; o passado e o presente se misturam num emaranhado de emoções saltitantes e desenfreadas.

A frase que mais se ouve em relação ao avançar do tempo é “Parece que foi ontem!”. E o pior é que parece mesmo. Trabalho em uma ONG onde a cada dois anos temos que participar de um treinamento chamado “reciclagem”. Recentemente fui informado que neste ano de 2009 eu sou um dos que necessitam fazer a tal reciclagem. Fiquei surpreso e na mesma hora disse: “Mas eu já fiz no ano passado”. Só me convenci de que não havia sido no ano passado – mas, sim, no retrasado – após consulta aos registros dos treinamentos realizados.

Lendo uma entrevista que Caetano Veloso deu a Zuenir Ventura, e que consta do livro “1968 – O que fizemos de nós”, chamou-me atenção a resposta que ele deu à pergunta sobre do que sentia saudades de 1968. “Só tenho saudade de ser jovem”, disse.

Não adianta negar que a saudade da juventude é inerente a todos os seres. Tempo em que as preocupações eram outras (quando existiam) e os objetivos e as ideologias ainda estavam se enraizando em cada um de nós.

Eu sou um saudosista assumido, e pouco me importa aqueles que acham que isso é uma bobagem. E mais: essa saudade mexe comigo, na medida em que me coloco de novo nos bons momentos vividos.

Contra tudo isso que escrevo, estava o escritor mineiro Pedro Nava que dizia: “Recuperar o passado é como ter um carro com os faróis na traseira, ilumina o passado mas não clareia o caminho à frente”. Ou ainda Mário de Andrade, que disse: “O passado é lição para refletir, não para repetir”.

Passado..., saudade, presente..., realidade, futuro..., esperança. Esse é o ciclo que nos acompanha durante a vida.

Eu não sinto nenhuma obrigação de viver somente o presente e nem me ancorar no futuro, que é para onde caminhamos. Dependendo do momento em que me encontro, vou buscar no passado as boas e belas recordações que podem me fazer mais feliz no presente e me direcionar ― quem sabe ― para um futuro melhor.

Mas, como a vida é cíclica e o “amadurecer” é inevitável, que fiquemos maduros da melhor forma possível, fazendo uso das experiências adquiridas e as empregando em um bom modo de viver.

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Biografia:
Se as pessoas conhecem os meus textos, isso é o suficiente. Eles dizem tudo o que eu tenho a dizer, mesmo que as situações descritas não tenham acontecido diretamente comigo.
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