Ah! Quem me dera ser um pivete
E não te conhecer gorete
Nem tanto te amar;
Quem me dera ser apenas uma criança
Com a grande esperança
De ver você me aliciar.
Quem me dera ser o seu piso
Quem me dera ser o seu lar
Ah! Se eu fosse o seu paraíso
Se eu fosse o seu cantar.
Como eu queria ser o sol que te aquece
A lua que te inspira
O bocejo que te adormece
O suor que você transpira.
Ah! Se eu fosse o vento que sopra a sua face
O caos que te causa prazer
Se eu fosse o prazer que te congratulasse
Ah! Se eu fosse a sua razão de viver.
Mas a verdade é que sou só um louco
Que constantemente vive a te amar
Um louco que tampouco
Quer te renunciar.
Um louco banido
Totalmente consumido
Pelos desejos de te ter
Um louco quase mouco
Igualmente, oco
De tanto sofrer.
A verdade é sou só um bardo
Arrastando um fardo
Em território estrangeiro,
Um épico guerreiro
Que vive a te buscar;
Um louco que já não é pivete
Um moço que te ama, Gorete,
Que luta para te reconquistar.
Um guerreiro
E não criança
Um forasteiro
Sem esperança
Perdido na ausência do seu sorriso,
Não sendo e nem estando em seu paraíso
Longe de ser seu piso
Distante do seu lar.
Não simplesmente um pivete
Minha bela e mui terna, Gorete,
Que está longe de ser,
O bem prazer
Que sempre te congratulasse,
Ah, se eu fosse o seu cantar,
O que te faz sonhar
Ou que alegra a sua face.
Não simplesmente um pivete
Que te espera, Gorete,
Na aquarela do arrebol
Onde a sua beleza
Com toda nobreza
Amplia a do sol.
Lugar onde o vento faz nó
Onde em multidão estou só
Esperando você chegar.
Ah! Se eu pudesse regressar
Surgir no seu alvorecer
Com as flores amanhecer
Bem no meio do seu jardim,
Ser acolhido com as flores
Na ação de seus labores
Em prol de mim.
Ah, Quem me dera fugir do arrebol,
E na luz infinita do sol
Invadir o teu anoitecer
Entrar na tua vida no escurecer
Passando a ser a luz que te guiaria;
Ah! Como eu queria...!
Que isso viesse acontecer.
Mas, bem longe de tudo,
Sobretudo,
Ainda sim, sozinho,
Do outro lado oriente
Tristonho, consciente
Sobrecarregado de amor
Encontra-se eu, esse pivete,
Que espera por você, Gorete,
Aos prantos com tanta dor,
No calor do sol fértil
No frio do meu estágio febril
Morrendo a espera do seu favor.
Esse, que mesmo longe do seu mundo,
Não consegue por segundo
Parar de te amar.
Esse, que mesmo do outro lado do sol,
Surge no arrebol
Tentando te reconquistar.
Esse, que sob um destino perverso,
Oprimido pelo universo
Ainda sim, tenta te convencer,
Que é mais fácil eu resistir à eternidade
Do que sem a verdade
Eu morrer sem te dizer.
Verdade essa que eu posso resumir
No ato de confessar
Para o mundo assumir
Que mesmo sem explicar
Ou simplesmente saber por que,
Que é em razão do teu amor
Que eu suporto a minha dor
E que eu ainda estou a existir.
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