Em uma noite qualquer de abril, ela decidiu que era hora de sair. Fazia uns dois meses que trabalhava loucamente na sua tese do mestrado, e já não aguentava mais livros, precisava de contato humano. Era alta, ainda assim colocou um scarpin vermelho com seu tomara que caia preto que se moldava ao seu belo corpo e valorizava ainda mais seus lindos seios. Ela era gostosa e sabia disso, e gostava de ter olhos masculinos e femininos desejando-a. Resolveu que ia sair pra dançar sozinha, sem amigos, porque queria extravasar, conhecer pessoas, e terminar a noite da forma que ela mais gostava: na cama de um homem ou, quem sabe, de uma mulher. Passou um perfume, virou dois shots de tequila (sua bebida favorita), pegou a chave de seu Bentley, pôs dois maços de Malboro Light na bolsa e saiu. Sem destino e sem hora pra voltar. Deu uma volta pela cidade e decidiu que era hora de descer em algum lugar, porque precisava de mais tequila. Lembrou-se de um local que havia sido recentemente inaugurado, de um amigo. Chegando lá, estava lotado. Mas para ela nunca havia filas. Dirigiu-se à hostess, disse seu nome e entrou. Foi direto ao bar. Pediu duas doses. Virou as duas e foi para a pista de dança. Dançar era o que ela mais gostava na vida. Sabia que era sensual, que atraia olhares, que se tornava o centro das atenções, não só pela beleza, mas pela sexualidade que lhe aflorava pela pele. Exalava feromônios e, estranhamente, seduzia estranhos somente com o balançar de seus quadris. Hora de mais tequila. O que a encantava não era só beleza, mas também inteligência. Qualquer cara que chegasse para conversar e viesse com uma cantada estúpida ela desprezava. Tinha asco de idiotas. Pediu a tequila, virou a primeira dose e quando foi pegar a segunda, alguém lhe disse em seu ouvido: “é proibido não demonstrar amor*”. Ela deu um profundo suspiro, fechou os olhos e sentiu todos os pelos de seu corpo arrepiarem. Ela se virou e o viu: bonito, cabelos castanhos, alto e olhos pretos penetrantes. Ela foi até a nuca dele para sentir o seu cheiro, e era delicioso, hipnotizante, ela nunca havia sentido um cheiro que a excitasse tão rápido. Tomou a segunda dose de tequila, pegou a mão dele e foram embora. Estava deliciosamente embriagada, naquele estágio que os sentidos ficam ouriçados e cada toque trazia consigo uma onda de calor. Pediu que ele deixasse seu carro e foram para o Bentley. Ele olhou para ela, estendeu a mão e disse: Prazer, John. Ela respondeu: Lola. Pegou sua mão deu um beijo, foi à sua nuca, mais um beijo, ouviu ele suspirar forte. Já louco, puxou-a contra ele e a beijou na boca. Um beijo quente, molhado, gostoso, línguas em êxtase. Ele começou a tocar seu corpo, sentir cada curva, e ela sentou-se sobre ele e sentiu o volume em sua calça. Ele tocou ela e sentiu-a molhada... No dia seguinte, acordaram em sua cama. Ela chamou um táxi e antes que ele falasse qualquer coisa o levou até a porta, pediu seu telefone, deu-lhe um beijo e disse: nos falamos qualquer dia desses. Foi a última vez que ele a viu. E ele nunca esqueceu tudo que aconteceu naquela longa noite em que tudo foi maravilhosamente permitido. Nunca sentira tanto prazer. Nunca conhecera uma mulher como aquela. Por vezes, achava que fora um sonho. Um delicioso sonho. * é proibido não demonstrar amor- Pablo Neruda. Beijinhos, Lola Frau
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