Inconstância -lê se no desenho de seu vagar sem rumo-. A formiga ignorante a verdade que revela permanece andando inconstantemente, perdida por estar só. Alguém indiferente a sua sina mete-lhe o pé em seu corpo vulnerável, esmagando-a.
Fim - lê-se em seus lânguidos movimentos finais-.
Pudessem serem ouvidas também as palavras finais da infeliz formiguinha, e dentre os ecos de dor e desespero em meio a penumbra da solidão, ser-nos ia possivel distinguir um som que diria- "a vida é periclitante"-.
Periclitante. Demasiadamente periclitante. A vida da formiguinha foi periclitante, a vida humana é periclitante, a natureza, a vida e a humanidade unem seus destinos através da inconstância periclitante.
De um acidente de carro até a queda de um fio de cabelo. Da baixa da bolsa de valores e a crise financeira generalizada até um insignificante corte na pele. Fatos grandiosos e fatos quase imperceptíveis. Acontecimentos se unem em uma só voz para esboçar uma única verdade: a vida é periclitante. Vivemos periclitantemente em caminhos periclitantes.
O que será então do ser humano, pobre refém da incerteza, que edifica o que considera importante sobre os alicerces da inconstância?
"[Deus], ensina-me a contar os meus dias de tal forma que eu alcance um coração sábio" Salmos 90:12
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