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O ENIGMA DA RELIGIOSIDADE
Francisco Carlos de Aguiar Neto

O ENIGMA DA RELIGIÃO

Por Francisco Carlos de Aguiar Neto
Mestrado em Teologia e Educação Comunitária Faculdades EST-RS


Rubem Alves é educador, teólogo, psicanalista e escritor, escreveu inúmeros livros e artigos sobre religião, educação e questões da existência, além de publicar muitas obras voltadas para crianças. Nasceu na cidade de Boa Esperança, em Minas Gerais, conhecida nesta época como Dores da Boa Esperança, em 15 de setembro de 1933. Quando sua família se transferiu para terras cariocas, em 1945, foi discriminado no colégio, apesar de estudar em uma ótima escola, em conseqüência de seu forte sotaque mineiro. Estas vicissitudes provocaram no menino um temperamento introspectivo, o que lhe permitia estar só consigo mesmo, encontrando um abrigo nas questões religiosas e nas leituras incessantes.
Na década de 60 ele viaja para os EUA, com o objetivo de estudar em Nova York, voltando ao seu país em 1964, após se tornar Mestre em Teologia pelo Union Theological Seminary. Neste contexto histórico crítico vivido pelo Brasil, com o início de uma ditadura militar, ele passa a ser condenado pela Igreja Presbiteriana, acusado de desertar da sua fé e de ter se transformado em um elemento subversivo, pelas posições religiosas recentemente assumidas, liberais e contrárias às idéias defendidas pelo clero.
A partir de 1968, com a radicalização do golpe político, Rubem Alves começa a ser perseguido e é obrigado a fugir de seu país, partindo novamente para a América do Norte com seus familiares. Faz então o Doutorado em Filosofia pelo Princeton Theological Seminary. A tese por ele defendida é lançada em 1969 pela editora Corpus Books, da Igreja Católica, com o título de A Theology of Human Hope, primeiro passo para a constituição da Teologia da Libertação.
Ao regressar para o Brasil, ele inicia sua trajetória como educador na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Rio Claro,. Detentor de várias obras, ele transitou pelo universo das crônicas, dos ensaios e dos contos, traduzidos em várias línguas, como o inglês, o francês, o italiano, o espanhol, o romeno e o alemão. Sua produção literária e acadêmica foi alvo de várias teses, dissertações e monografias.
No princípio dos anos 80 ele conquista o título de psicanalista pela Sociedade Paulista de Psicanálise, sempre postulando que no âmago do inconsciente reside a beleza. No final desta década ele realiza ‘residência’ no Bellagio Study Center, na Itália, convidado pela Rockefeller Fundation. Aposentado, ele manteve um conhecido restaurante em Campinas, no qual exercitava sua face gastronômica e reunia os amigos em concorridos cursos artísticos e culturais. Ele é também integrante da Academia Campinense de Letras e cidadão honorífico da cidade de Campinas, na qual também obteve a medalha Carlos Gomes, por sua trajetória cultural.
Entre suas obras estão O Enigma da Religião, Protestantismo e Repressão, O Suspiro dos Oprimidos, Variações sobre a vida e a morte, Pai Nosso, Tempus Fugit, O Retorno Eterno, Sobre o Tempo e a eterna idade, e os infantis A Operação de Lili, A libélula e a tartaruga, A Menina, a Gaiola e a Bicicleta, entre outros.
"Ensinar" é descrito por Alves como um ato de alegria, um ofício que deve ser exercido com paixão e arte. É como a vida de um palhaço que entra no picadeiro todos os dias com a missão renovada de divertir. Ensinar é fazer aquele momento único e especial. Ridendo dicere severum: rindo, dizer coisas sérias[2] Mostrando que esta, na verdade é a forma mais eficaz e verdadeira de transmitir conhecimento. Agindo como um mago e não como um mágico. Não como alguém que ilude e sim como quem acredita e faz crer, que deve fazer acontecer.
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O livro O enigma da Religião é uma obra muito interessante para quem tem dúvidas sobre existência de Deus ou até mesmo para o mais dogmáticos religiosos
Ruben Alves ainda criança, lembra em sua obra das diferenças regionais de sotaque e costumes que por muitas vezes o deixou constrangido nas pessoas de seus colegas e demonstra que mesmo as crianças podem ser Cruéis mesmo sem saber que são.

E mostra como se tornou um Fundamentalista e ressalta a falta do humor que os fundamentalistas tem, imperando apenas o Estruturalismo determinante em sua mentalidade.Ressalta ainda que usou o fundamentalismo como forma de resolver a anomia que surgiu da sua solidão desde sua infância

Ressalta que as raízes sociais de cada religião e suas origens neuróticas é descoberta todos os dias, onde a negação do mundo, a idéia de eternidade é erraigada, o medo da vida ou morte,a repulsa da sexualidade conspirando desta forma contra a própria vida onde a igreja tinha de libertar-se o chamado feitiço da linguagem fundamentalista que mantinha presa e submissa, esperando desta forma a libertação da própria igreja que lutaria pela transformação do mundo, que nos parece mais uma utopia.

Neste diapasão é mostrado que a igreja institucional que pregava pela tradição e dogmática precisava de reformas,pois não se poderia colocar telhas novas em um telhado com madeiras podres.Desta forma o autor ressalta a desilusão com a organização eclesiástica,contudo não significara que fosse abandoando a esperança de encontrar uma nova comunidade, onde apartir de então passou-se a procurá-la cada vez mais,onde antes jamais se havia procurado.E resultante desta procura emerge um novo tipo de ecumenismo, diferente do institucionalizado que ocorria em altas esferas da eclésia.Emergindo desta forma, uma nova preocupação pelo homem e pela renovação do mundo.
Outro fato observado por Alves foi que os chamados pelo autor de Patrocinadores de Deus, ou seja os que detinham o monopólio divino usavam o estilo inquisitorial, Medieval, transformando Deus em uma arma ideológica para perpetuação no poder perdendo então o sentido da palavra Deus pelo seu uso geral e casual, se afastando do sentido do Amor e liberdade, significando para muito a morte de Deus, onde o próprio Nietzsche afirma que o “Deus está morto”E por tais frustrações religiosas surge então o conhecido humanismo secular, sendo trocada a teologia pela sociologia, a Igreja pelo Mundo, a Fé pela Razão e Deus pelo Homem.

Assim sendo esta nova forma de ler, interpretar e pensar Deus denominou-se Teologia da Libertação, sendo não mais que uma hermenêutica dialética que lê a bíblia a partir das ansiedades e esperanças de que fala a bíblia. Não sendo apenas uma mera interpretação sociológica da bíblia

Vivemos desta forma, em um mundo de valores absolutos e de esperanças que eram como montes de Sião,que jamais se abalariam,mas morreu os nossos Deuses ,caiu-se nossas certezas em lugar deles sugiram os heróis e logo após também morreram, o caos toma conta de quase tudo,ou seja uma espécie de anomia Global,ou seja também fora criado uma limitação domestica havendo a necessidade de parturir novos Deuses com o prejuízo de ir a loucura.

Infere-se então que o Homem é o mundo do Homem, ou seja que um Ser Abstrato que ver com olhos de espectador o seu próprio mundo a sua própria sociedade.Sendo a sua biografia sintomática,ou seja um retrato das condições que prevalecem no nosso mundo, onde a teologia e a biografia se pertencem,,ou seja a teologia é tentativa do homem de juntar novamente a areia espalhada pelo vento que odeia a ordem das coisas.Em palavras simples e belas ressalta que a a teologia é antropologia do homem, levando-nos a inferir que não passa de uma ilusão, uma utopia, quimera inventado pelo homem para proteger-se contra a dura realidade dos fatos, mas o que é a utopia senão uma forma de sonhar o que no momento nos parece inalcançável.

Seguindo então uma outra linha de pensamento, diferente a de Alves inferindo que somos seres condicionados, coadunado com o pensamento de Dr.Lair Ribeiro por vários pactos sociais que os chama de “acordos silenciosos” que controlam nossa ações e que não nos damos conta que foram construídos por nós mesmos.Tais acordos silenciosos é o que é chamado por Durkheim como Fatos Socias, regras ,normas sociais que muitas vezes não estão passados a termos,mas gravitam em nossa mentes, em nosso espaços sociais que nos impõe comportamentos que nos levam a seguir algo ou a tomar determinadas decisões.Ficando desta forma o conteúdo da consciência como um fenômeno secundário, sendo efeito e não causa dos processos sociais.

Contrariando a teoria Bahaviorista o comportamento humano não deve ser simplesmente compreendido como uma resposta a estímulos, ou que a imaginação não consegue fazer historia, ou que a religião é apenas uma imaginação ou como diria Comte que Deus é uma idéia de Pensamento, pois caso o fosse estaríamos inconscientemente aceitando a metafísica oculta que controlaria a mentalidade cientifica, ou estaríamos admitindo que o conhecimento é uma mera reduplicação e que não se produz conhecimento e ao contrario das teorias cientificas o homem ao se deparar com o seu mundo senti, vive, emociona-se ,decepciona-se,ou seja o empirismo tramite emoção que é a verdadeira face do Ser Humano, pois este nunca conseguirá ser totalmente neutro ,imparcial perante os acontecimentos que lhes rodeia, ou seja nossa mente não é somente razão acima de tudo e todos, desta forma a consciência é uma função do corpo existindo para ajudá-lo a resolver problemas de sua própria sobrevivência. E nem poderia existir no mundo a generalização totalitária de qualquer conceito, devendo-nos seguir a Mesótes Aristotélica, contrabalançando a razão com a emoção.

Desta forma se a consciência é emoção e valor, esta é religiosa, pois o pensamento religioso não faz uso de sinais, mas de símbolos.A psicanálise trouxe grande contribuições desvelando que os sonhos é uma forma de revelar uma certa verdade, teoria esta que era defendida há tempo pelos aborígenes das terras do mundo, os índios, em nosso foco os Ameríndios que já interpretavam sonhos como presságios o revelações divinas para os humanos, onde as imagens do nosso cotidiano se transmudavam após uma hermenêutica.
Desta forma Rubem Alves levanta a questão que se a religião nada mais é que um sonho de grupos humanos inteiros, sendo para a sociedade, aquilo que o sonho é para um individuo, não se pode classificá-la como uma forma de falsa consciência.

Nossa histórias pessoais que moldaram nosso jeito de ser estão carregadas de frustrações ,sentimentos de culpa ,onde somos derrotados quase que diariamente,apesar de experimentarmos emoções diferentes todos os dias ,os atores do cotidiano são os mesmos, em linguagem mais simples ressalta-se o dito por Lutero que afirma que o homem deve sair de si mesmo para resolver suas contradições,ou seja para desta forma ter um olhar de fora.Como diria Pitágoras quando ressalta sobre a hierarquia entre a contemplação e a Ação, pois aquele que está fora do estádio a contemplar tem a noção do Todo, diferentemente daquele que encontra-se inserido no jogo ou permanece dentro da arena.Desta forma não podemos ficar presos dentro de nós mesmos e assim querer resolver os problemas de um mundo sensível e não inteligível.É por isso que somos o que somos em virtude dos outros relevantes(Lutero)

Sendo assim entenderemos teologia como relação direta com os “outros relevantes” que possamos incluir nos diálogos do nosso viver.Pois o que nos marca ou nos chama atenção ,nos faz aprender, a crer, nos apaixonar e desta forma escolher quais batalhas devem ou não ser travadas e para acontecer tais batalhas temos que entender como funciona as regras desta batalha,ou seja as regras do jogo, para não corrermos o risco de sermos etnocêntricos, sendo o nosso umbigo centro do mundo, com nossas certezas e dogmas irrefutáveis, deve-se lembrar da que Eu só existo em virtude da existência do Outro,pois vivemos em sociedade e não vivemos em uma ilha isolado

A teologia cristã consiste segundo o autor, em uma conversação sobre a vida que ocorre na medida em que ouvimos as vozes e contemplamos os horizontes do mundo bíblico, ou seja, contemplar é preciso, pois quem não sonha mergulha no mundo irreal e pré-meditado, tornando-se mais um na multidão de forma mecânica e impensada.Os acomodados/cativos estão condenados a tristeza, por isso deve-se esperar sempre pelo inesperado, pela libertação, pela “utopia”, pois mesmo que não queiramos, sempre estaremos condenados a heróis, Deuses, Demônios, enfim estamos condenados a Religião, e como diria Rousseau , vestimos mascaras sociais que são remodeladas a cada dia, porém o que jamais podemos nos esquecer é o nosso “Eu essencial”, que nos possibilita a fazer escolhas, sonhar,sofrer, crer e descrer.



Referências

ALVES,Rubem.O enigma da religião.Petrópolis.Vozes.1975

RIBEIRO, Lair.O sucesso não ocorre por acaso
Ver um Toque de Clássicos: Durkheim, Marx e Weber
ver teoria de Augusto Comte:Lei dos Três Estados
BITTAR,Eduardo C.B.Curso de Filosofia do Direito.Editora Atlas Jurídico.São Paulo. 2003
Ver MCLLUM, Cecillia. O corpo Fala.(antropóloga Inglesa professora Drª Mestrado Educação e Contemporaneidade Uneb ,campus I-Salvador Ba




Biografia:
Nascido na ilha da gamboa do morro, distrito da cidade historica de Cairu,graudou-se em Historia pela UNEB, é Graduando em Filosofia pela Faculdade Batista Brasileira-Salvador-BA;pós graduou-se em Psicopedagogia pela FACE,é Mestrando em Educação e Contemporaneidade UNEB; Mestrando em Teologia e Educação Comunitaria pelas Faculdades EsT-São Leopoldo-RS e Bacharelando em Direito pela FAINOR-Vit.Conquista. Professor Universitario e Funcionario Publico Estadual.Atualmente está como Diretor de PóLO DA FACE-Faculdade de Ciencias Educacionais em Jaguaquara-Ba,na Região Sudoeste da Bahia e é Diretor Geral do IESTE-Instituto de Educação Social e Tecnologico.Desenvolve projetos Sociais adotando o esporte como uma forma de Educação "Projeto Respeito Acima de Tudo"-aulas de artes marciais(Karatê) e filosofia Oriental.Teve suas poesias escolhidas no premio literário Valdeck Almeida e publicadada no livro Ontologias Poeticas que fora lançado na 20ª Bienal Internacional do Livro em São Paulo em Agosto de 2008 e publicou o livro "A história da Igreja de Nossa Senhora do Amparo de Valença.Tem poesias publicadas no Livro Ontologia Cidade em 2009.Em 2010 publicou o livro "Vivendo e Lembrando:História, filosofia e Poesias pela editora Ieste" e Escreve para a revista especializada em História com tiragem Nacional "Leituras da História".É membro permanente da AVELA-Academia Valenciana de Letras,Educação e Artes,ocupando a cadeira Imortal do Poeta Satírico Gregório de Matos.

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