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Análise do Filme As Horas
Julianne Viana Guerra

Resumo:
O presente artigo destina-se a analisar o filme As Horas de acordo com a concepção de Romance Moderno proposto por Anatol Rosenfeld no livro Reflexões sobre o Romance Moderno.

ANÁLISE DO FILME AS HORAS

O filme proposto gira em torno do romance “Mrs. Dalloway” de Virginia Woolf, o livro descreve em especial a personalidade da personagem principal. Um tipo muito comum de personalidade que aparentemente se mostra como forte, decidida, onde tudo está bem e sob controle, mas que na verdade encobre uma melancolia, desgosto e falta de esperança pela vida, tornando-se repleta de dor.
Rosenfeld (1969), ao analisar o romance moderno, apresentou a hipótese básica da existência de certo Zeitgeist, em cada fase histórica. Afirmou que, apesar das diversificações culturais, nacionais, especializações e autonomia das várias esferas como a ciência, as artes e a filosofia, há interdependência e mútua influência entre esses campos, impregnados de unidade de espírito e sentimento de vida.
Numa sociedade com os valores em transição e incoerentes, onde a aparência é o que importa, e estar bem, estar feliz, ser otimista, estar para cima, é comum que as pessoas aprendam a ocultar seus sentimentos e guardá-los para si mesmas. Demonstrar os sentimentos tornou-se sinal de fraqueza ou de dramatização, e ser sincero e verdadeiro tornou-se má educação, então se torna mais fácil camuflar os sentimentos. Esta era a forma de se comportar de Laura, Clarissa e de Leonard marido de Virginia Wolf. Viviam as conseqüências de desencontros amorosos, conflitos, e medo da vida. Torturados no silêncio, na solidão e na reserva dos próprios sentimentos. Esta é uma realidade bastante comum para muitas pessoas e é também uma forma de evitar a dor e fazer a vida algo mais viável.
É necessário encontrarmos uma forma para lidarmos com nossa impotência perante alguns fatos e circunstâncias da vida e nos fortalecermos mesmo ante a instabilidade e mutabilidade da vida. Foi o que aconteceu no final do filme quando Clarissa lida de uma forma nova com os fatos inesperados que surgem. É como se fosse preciso passar por algo tão impactante para desapegar-se de querer controlar sua vida. É uma estratégia de sobrevivência valida como muitas outras, porém igualmente disfuncional, isto é, acaba gerando com o tempo mais dor e menos saídas, é inútil tentamos controlar os fatos, o destino e nossas reações buscando evitar a dor, pois a vida não pode ser controlada e quando nos deparamos com esta realidade nos desesperamos.
Todo ser humano nutri uma dualidade entre vida e morte, ou seja, temos anseio pela vida e medo da morte, mesmo inconscientemente. Neste sentido, faz-se necessário escolher que parte dessa dualidade queremos nutrir, fazendo do medo da morte uma oportunidade de valorização da vida, com a coragem de sentir, viver, de acolher os fatos e circunstâncias mesmo desagradáveis como oportunidade se expansão de si mesmo, de humanização, tendo esperança, criando e compartilhando do melhor em nós para o todo e também do melhor e pior de nós junto aos amigo pois talvez desta forma uma invalidará a outra, alcançando assim o equilíbrio.
No filme existe algumas falas da personagem Virginia Wolf que ilustra um pouco o que foi mencionado anteriormente: “A vida desperta pelos contrastes e diferenças, pela dureza e coragem de viver”, assim, ao observar o que permeia nossas vidas, percebemos que somos junção do passado, presente e futuro e simultaneamente, pois a nossa vida não é uma sucessão de momentos neutros, como um relógio, mas cada momento contém todos os momentos anteriores implicitamente dentre de cada um de nós.
O romance moderno nasceu, segundo Rosenfeld (1969), no momento em que Proust, Joyce, Gide e Faulkner desfizeram a ordem cronológica, fundindo passado, presente e futuro. Assim, podemos concluir que o título do filme nos remete a alguns questionamentos, sobre como lidar com as horas, minutos, dias, semanas e anos trabalhando as dificuldades, absorvendo os sentimentos e dores, sem se apegar ao pessimismo, a dureza e a instabilidade da vida e ao invés disto encontrar sempre um sentido maior que nos fixe nos momentos felizes, ricos e plenos da vida? Este parece um grande desafio e questão a ser resolvido por cada um de nós.









Referências Bibliográficas:
ROSENFELD, A. Reflexões sobre o Romance Moderno. In: Texto/ Contexto. Ensaios. SP: Perspectiva, 1969.


Biografia:
Aluna da Universidade Severino Sombra, na cidade de Maricá, cursando o penúltimo período de Letras- Português/Espanhol.
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