A Educação Infantil é um período decisivo na formação do sujeito, em que o desenvolvimento físico, emocional, social e cognitivo ocorre de forma integrada. Nesse contexto, o projeto Cores em Movimento foi idealizado como uma proposta interdisciplinar entre as áreas de Arte e Educação Física, partindo da compreensão de que ambas são formas legítimas de expressão humana e fundamentais no processo educativo.
Ao integrar movimento e cor, o projeto busca oferecer experiências que estimulem a participação ativa, a criatividade e a expressão corporal das crianças, conectando corpo e mente. De acordo com Ferreira (2014), a união entre experiências sensoriais e o corpo em movimento é essencial para uma aprendizagem significativa na infância.
O valor da integração entre linguagens
A proposta surge da necessidade de superar a fragmentação entre as disciplinas e construir experiências pedagógicas mais ricas e conectadas com a realidade infantil. Ao vivenciar atividades que unem a expressão corporal e artística, a criança amplia seu repertório simbólico e desenvolve habilidades essenciais para sua formação.
O projeto propõe vivências que envolvem o reconhecimento de cores, a coordenação motora e a expressão por meio do corpo, favorecendo o desenvolvimento de competências cognitivas, motoras e socioemocionais. Como destaca Kishimoto (1996), o brincar é a principal forma de aprender na infância, pois permite que a criança explore, experimente e crie a partir de seus próprios interesses e descobertas.
Nesse mesmo sentido, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) reforça a importância da valorização de múltiplas linguagens no cotidiano escolar, reconhecendo a arte e o movimento como meios de expressão e construção de conhecimento (BRASIL, 2018).
O projeto Cores em Movimento tem como objetivos principais:
Estimular o gosto por experiências artísticas sensoriais e lúdicas;
Promover atitudes de respeito, solidariedade e cooperação por meio de atividades físicas e expressivas;
Desenvolver sensibilidade estética, imaginação e percepção corporal;
Incentivar a participação ativa e o respeito às diferenças entre os colegas;
Integrar cor e movimento como linguagens de expressão, comunicação e aprendizagem.
O projeto foi desenvolvido com base em atividades práticas e sistematizadas, organizadas para proporcionar um ambiente lúdico, estimulante e inclusivo. As propostas envolveram:
Músicas e coreografias com foco nas cores e nos gestos corporais;
Circuitos motores compostos por obstáculos coloridos que incentivam a coordenação e o equilíbrio;
Brincadeiras com objetos coloridos, como copos, bolas, fitas e tecidos;
Oficinas de arte, utilizando tintas, colagens e criação de painéis baseados nos movimentos realizados pelas crianças.
Essas práticas foram organizadas de forma a valorizar a participação espontânea, o trabalho em equipe e a liberdade criativa. Como enfatiza Ferreira (2014), o movimento, aliado às experiências estéticas, torna-se linguagem de aprendizagem e expressão na infância.
Foram observados:
O nível de envolvimento e participação nas atividades propostas;
A evolução na identificação de cores e nos movimentos corporais;
A capacidade de interação, escuta e cooperação com os colegas;
A criatividade nas produções artísticas e nas soluções durante os jogos e brincadeiras.
Conforme orienta a BNCC (BRASIL, 2018), a avaliação na Educação Infantil deve priorizar os processos e não apenas os resultados, respeitando o tempo e o modo de aprender de cada criança.
O projeto Cores em Movimento reafirma a potência da interdisciplinaridade na Educação Infantil. Ao promover a integração entre Arte e Educação Física, oferece às crianças experiências completas e significativas, que envolvem o corpo, a mente e a emoção.
Os resultados observados revelam avanços na autonomia, na socialização e na expressão dos alunos, fortalecendo sua autoestima e a valorização do trabalho coletivo. Mais do que ensinar sobre cores ou movimentos, o projeto permitiu que cada criança se expressasse, explorasse e criasse livremente, em um ambiente de afeto, respeito e encantamento.
Iniciativas como esta reforçam a importância de pensar a prática pedagógica de forma sensível e integrada, considerando a criança como sujeito completo, que aprende com o corpo inteiro — brincando, sentindo, se movimentando e criando.
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