Login
E-mail
Senha
|Esqueceu a senha?|

  Editora


www.komedi.com.br
tel.:(19)3234.4864
 
  Texto selecionado
Da felicidade ao necroceno
DIRCEU DETROZ

No domingo li duas entrevistas. Uma com a escritora da Academia Brasileira de Letras Nélida Piñon. Era pelo lançamento do seu novo romance “Um Dia Chegarei a Sagres”. A outra com Leonardo Boff. Apresentado como teólogo, filósofo e ecólogo. Já foi frade e padre. Nas duas, os dois tiveram de responder a mesma pergunta. Se eram felizes. As repostas não têm muita importância.

A “literatura” da autoajuda está recheada de livros sobre a felicidade. O enredo da quase totalidade deles é ensinar como ser feliz. Começa com os títulos. São usados da mesma maneira que um Don Juan usaria para seduzir a mocinha inocente. É compreensível. Ganhar dinheiro e muitas vezes tornar-se milionário escrevendo livros sobre a felicidade deve deixar os autores felizes. Se quem foi seduzindo é ou será feliz, também não tem muita importância.

Nossos três “pensadores pop” decidiram ir além no assunto. Leandro Karnal, Mário Sergio Cortella e Luiz Felipe Pondé escreveram “Felicidade: Modos de Usar”. O livro é o resultado de um bate-papo entre os eles. Pobre leitor seduzido. Ainda nem conseguiu aprender a ser feliz e já precisa conviver com seus “modos de usar”. Garanto que no livro não se lê que um dos modos de usar a felicidade é escrever caça-níqueis sobre ela.

Qualquer tentativa de ensinamento sobre como ser feliz é uma fake news. O que apenas podemos sentir e cada um sente de forma diferente não é ensinável. O maior defeito dos humanos é a busca pela felicidade individual não importando o preço a se pagar. A verdadeira essência da felicidade é coletiva. Seria a nossa maior virtude. Uma virtude que jamais almejamos ter.

Essa nossa busca doente pela felicidade individual é uma das variáveis na equação que nos leva ao “necroceno”. A palavra foi usada por Leonardo Boff. Seria como se vivêssemos numa idade geológica na qual os humanos espalham a morte pelo planeta. Boff se refere a nossa época atual no que discordo. Evoluindo o Homo sapiens nunca quis sair da era no “necroceno”. No século 20 continuamos nela.

Assim como a ciência descobriu no genoma 41 variações associadas a pessoas canhotas, um dia descobrirá que espalhar a morte pelo planeta também está em nosso DNA. Depois de trocar os galhos das árvores pelo chão das florestas, a evolução usou a morte como um trampolim. É assustador uma raça evoluir com o princípio de que matar é a melhor solução se autoproclamar “civilizada” com o significado que a palavra tem.

A cor que marca os humanos na história é a do sangue. Das ideologias às limpezas étnicas chegando a Deus, motivos para espalhar a morte pelo planeta nunca faltou nem faltará. A história só nos conta dos mandantes desses genocídios em massa. Nunca das massas que apoiavam esses mandantes. Espécimes quase sempre travestidos de “mitos”.


Biografia:
Sou catarinense, natural da cidade de Rio Negrinho. Minhas colunas são publicadas as sextas-feiras, no Jornal do Povo. Uma atividade sem remuneração.Meus poemas eu publico em alguns sites. Meu e-mail para contato é: dirzz@uol.com.br.
Número de vezes que este texto foi lido: 55595


Outros títulos do mesmo autor

Poesias PECADOS DIRCEU DETROZ
Poesias FOSSA DIRCEU DETROZ
Artigos DILMA, MARTA... E MINHAS GARGALHADAS DIRCEU DETROZ
Poesias DESEJOS DIRCEU DETROZ
Poesias ERRANTE DIRCEU DETROZ
Artigos UAU! AINDA FHC X LULA DIRCEU DETROZ
Poesias TERAPIA DIRCEU DETROZ
Artigos A FRASE QUE NÃO VINGOU DIRCEU DETROZ
Poesias CENAS COTIDIANAS DIRCEU DETROZ
Poesias PINTURAS DIRCEU DETROZ

Páginas: Primeira Anterior Próxima Última

Publicações de número 1001 até 1010 de um total de 1024.


escrita@komedi.com.br © 2024
 
  Textos mais lidos
Transversando Márcia - Ney Sampaio 55758 Visitas
AVISO DOS PLEIADIANOS - Henrique Pompilio de Araujo 55758 Visitas
Paixão Violenta - Marcos Loures 55758 Visitas
CAMICASE - Vadevino 55758 Visitas
ALERTA AO USUARIO DO ORKUT - Manoel Messias Belizario Neto 55758 Visitas
Papel de Rabiscar - José Ernesto Kappel 55758 Visitas
Muros e Paredes - José Ernesto Kappel 55758 Visitas
rojo - Luís Eduardo Fernandes Vieira 55758 Visitas
Namore, não fique - Ana Mello 55758 Visitas
Amor de pai - Ivone Boechat 55758 Visitas

Páginas: Primeira Anterior Próxima Última