Login
E-mail
Senha
|Esqueceu a senha?|

  Editora


www.komedi.com.br
tel.:(19)3234.4864
 
  Texto selecionado
A História e a polissemia do “moderno”
Caliel Alves dos Santos

Resumo:
Discussão sobre o conceito de moderno na história.

A História é uma ciência que se serve de variados conceitos para reconstruir fatos e eventos ou analisar estruturas e instituições. O conceito de “moderno” é um deles. Esse tipo de palavra polissêmica é portador de variadas definições, sem contar as palavras derivadas.
     O que é moderno para o aluno não é o mesmo para o professor. O uso cotidiano do termo está atrelado ao novo (KARNAL, 2004). Nesse sentido, toda novidade é moderna. A moda e a arquitetura o usam à exaustão.
     Quando o docente trata do “moderno” é como uma categoria de análise historiográfica. Como exemplo, podemos citar “Estado moderno” ou o “homem moderno”. Esse estágio é algo posterior ao passado, o que foi separado.
     A Era Moderna é tratada em sala de aula como um período transitório da história, numa linha diacrônica e homogênea. Como fazer o aluno entender que o moderno pode ser encontrado no passado? Cada época constrói a sua definição de “moderno”.
     O moderno na Grécia Antiga era a filosofia, ou seja, interpretar o mundo através da razão (VEYNE,1984). Longe de ser anacronismo, esse fato nos revela que o “moderno” é também choque de gerações.
     Em se tratando das palavras correlatas como modernidade, pós-modernidade e modernismo, a carga de signos é ainda maior. Todas essas palavras nascem na Europa Moderna, são novas concepções da realidade (MENDONÇA, 1994). Esses conceitos em geral nascem da filosofia e das Ciências Humanas.
     A modernidade é como que um efeito do “moderno”, é um paradigma, uma espécie de modelo. Para filósofos do Iluminismo como Immanuel Kant, aquela época preenchia as mentalidades com um novo olhar para o real. O criticismo kantiano, somado ao hegelianismo, provocará profundas mudanças na ciência e na política através da laicização do Estado.
     A pós-modernidade de filósofos como Michel Foucault, vão mobilizar a realidade para o nível do discurso. A verdade e a realidade perdem em objetividade e se tornam uma espécie de consenso epistemológico de uma época.
     O modernismo, o vanguardismo artístico importado da Europa, tão bem apropriado aqui no Brasil, é uma nova concepção estética. A crítica ao academicismo e a burguesia industrial são o mote dessas correntes artísticas.
     Trabalhar com esses conceitos em sala de aula podem parecer complexos ou repetitivos. Porém, o uso de recursos pedagógicos como as artes e a inclusão de novos conteúdos podem agregar à didática (op. cit., 2004, p. 131 et seq.). Revisitar os clássicos e estar atualizado com a nova produção historiográfica pode mobilizar a criatividade do professor.



REFERÊNCIAS

KARNAL, Leandro. A História Moderna e a sala de aula. In: _____ (org.). História na sala de aula: conceitos, práticas e propostas. São Paulo: Contexto, 2004. p. 127-142.
VEYNE, Paul. Acreditavam os gregos em seus mitos? Ensaio sobre a imaginação constituinte. São Paulo: Brasiliense, 1984.
MENDONÇA, Nadir Domingues de. O uso dos conceitos (uma questão de interdisciplinaridade). Petrópolis: Vozes, 1994. p. 118-147.


Biografia:
Caliel Alves nasceu em Araçás/BA. Desde jovem se aventurou no mundo dos quadrinhos e mangás. Adora animes e coleciona quadrinhos nacionais de autores independentes. Começou escrevendo poemas e crônicas no Ensino Médio. Já escreveu contos, noveletas, resenhas e artigos publicados em plataformas na internet e em algumas revistas literárias. Desde 2019 vem participando de várias antologias como Leyendas mexicanas (Dark Books) e Insólito (Cavalo Café). Publicou o livro de poemas Poesias crocantes em e-book na Amazon.
Número de vezes que este texto foi lido: 52979


Outros títulos do mesmo autor

Ensaios Trigun e o pacifismo Caliel Alves dos Santos
Ensaios O mercado mundial de café Caliel Alves dos Santos
Ensaios A fronteira das mentalidades Caliel Alves dos Santos
Releases Sinopse do livro Especialista em tudo, formado em nada Caliel Alves dos Santos
Artigos O Período Regencial e os movimentos separatistas Caliel Alves dos Santos
Ensaios A História e a polissemia do “moderno” Caliel Alves dos Santos
Ensaios Naruto e a escrita da História Caliel Alves dos Santos
Ensaios D. Gray Man e o ofício do historiador Caliel Alves dos Santos
Ensaios Final Fantasy VII Remake e o Ultracapitalismo Caliel Alves dos Santos
Resenhas Sangue e fúria da caçadora das planícies Caliel Alves dos Santos

Páginas: Primeira Anterior Próxima Última

Publicações de número 21 até 30 de um total de 139.


escrita@komedi.com.br © 2024
 
  Textos mais lidos
Desabafo - 54318 Visitas
O Senhor dos Sonhos - Sérgio Vale 54271 Visitas
A menina e o desenho - 54134 Visitas
Jornada pela falha - José Raphael Daher 54133 Visitas
sei quem sou? - 54103 Visitas
Depressivo - PauloRockCesar 54102 Visitas
MENINA - 54101 Visitas
Vivo com.. - 54090 Visitas
eu sei quem sou - 54086 Visitas
viramundo vai a frança - 54055 Visitas

Páginas: Primeira Anterior Próxima Última