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Trecho 5 de O Homem Sem Desejos
André Claro

Pediria à Barbra que ficasse ali em casa por alguns dias com o Kurt, até que eu voltasse de viagem – ou de mim. O problema seria falar com Barbra. Não tinha contato com ela desde a confusão para nos encontrarmos no Bida. Ela me ligava, mas eu não escutava o celular tocar; configurara o aparelho no volume alto, mas ele só estava vibrando. Havia uma dúzia de suas ligações. Pelo jeito, gostava de mim, de minha companhia. Precisava dar um jeito de me encontrar com ela. Não queria deixar Kurt em um hotelzinho.
Nem foi preciso. Imediatamente a esse pensamento, ela bateu à porta, sôfrega, preocupada comigo. Algum dos meus dois vizinhos deixara a porta principal aberta.
— Cara, o que cê tem? Sumiu.
— Tentei falar com você — me defendi.
Um tanto brava, ela complementou:
— Não atende esse celular.
Abraçou-me.
— Meu celular tá igual à torcida do Corinthians — brinquei. — Só vibra. E aí não escuto. E, quando consigo, quem atende é outra pessoa.
Quando nos desenlaçamos, Barbra advertiu:
— Ligou para qualquer outra pessoa, menos pra mim. Mas e aí, como cê tá?
— Bem, mas preciso que você fique uns dias com o Kurt.
— Vai pra onde?
— Pra Minas, ver aquele meu amigo, o Cinho.
— Cinho?
— É.
— Não conheço esse Cinho. Não me lembro de você ter falado dele.
"Cuidado, Yves!"
— Também não me lembro, aliás, me lembrei dele há pouco. E muito pouco sobre ele.
— Tá, e o Thompson?
— Thompson?
— É, o Thompson que estava esperando por você.
"Preste mais atenção, Yves!"
— Não tem Thompson.
— Não? Piorou sua memória? Cê precisa descansar, cara, dormir, procurar um médico.
Ela sentou-se, eu continuei de pé.
— Não.
— Como não, Yves? Olha só pra você.
— Não, não estou falando de descansar, falo que não tem Thompson. Achei que quem tivesse me ligado fosse um amigo do qual não me lembrava. E que ele se chamasse Thompson. Achei não, me ligou mesmo um Thompson falando que era meu amigo, mas certamente foi engano. Estou tendo uns apagões, confundindo as pessoas, mas, dessa vez, foi engano de quem me ligou. Mas não foi por um engano seu que não consegui te encontrar no domingo. Aliás, encontrei com você, mas era uma tal de Manuela. Sem contar que outro colega, um do bar aqui — apontei para o piso. — O Sil, sabe ele? — ela fez que sim com a cabeça. — Então, entrei lá e não era o Sil.
— Mas era aqui, era o mesmo bar, tem certeza?
— Tenho, conferi até o nome, mas pode ser que minha mente esteja renomeando os lugares também, não sei. [...]



Biografia:
Por um período, entre 1999 e 2001, fui repórter, não antes de ser escritor. Foi, pois, publicando um velho conto — no primeiro jornal no qual trabalharia — que me tornei repórter. Julguei que pagaria pela publicação, mas, além de não a pagar, ela simplesmente me valeu um emprego! A despeito disso, produzi pouco ao longo de vinte e tantos anos como escritor e dramaturgo. Em 1999, publiquei uma novela, que tem como cenário o Capão Redondo, Amargo Capão (Um Dia no Tráfico). Só então em 2006, voltaria a publicar, estrearia no conto com Absurdos, Delírios e Ilusões (Litteris Editora). Da mesma forma, escrevi alguns roteiros de curtas e alguns textos para o teatro, ocasião em que colaborei escrevendo e atuando numa paródia Shakespeariana: Queijo e Goiabada (Romeu e Julieta). Posteriormente, enclausurei-me, fiquei restrito a fazer bicos. Ler e escrever poesias, contos – esboçar romances. O Homem Sem Desejos, foi o único desses esboços a ser lançado, em 2016, então pelo Clube de Autores. Agora, igualmente, algumas daquelas poesias vão sendo divulgadas. Paralelamente, vou concluindo a faculdade de psicologia.
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