- Você não viu nada.
Já esta escurecendo quando Marcos entra na casa, Nancy vê que uma das mulheres o segue, a faz pegar uma outra dose e vira de uma vez, ao longe Marluce observa.
- E então querida, me desculpe ser direta, mais você é feliz aqui?
- De todos os lugares que já fiquei, aqui para mim é um paraíso.
- Se pensa assim.
- Por que diz isso?
- E, ele te trata bem?
- Marcos, não conheço homem melhor.
- Deus conserve.
- O que foi Marluce, pode dizer, sabe de algo?
- Eu, jamais, o que sei, sabe, minha velha mãe já dizia, pior que ser tola é confiar cegamente em um homem.
- Acha que devo desconfiar dele?
- Não, nunca te disse isso.
- Olhe Marluce, sei que a vida nos fez em certo descrentes do sexo oposto, mais é uma exceção.
- Que assim seja.
Nancy vai á cozinha e pega mais gelo para as bebidas das mulheres que estão a festejar, quando vai retornar para lá, ouve alguns risos abafados vindo do quarto de hóspedes.
Em passos curtos ela segue para o mesmo, a porta entreaberta, Marcos só de sunga com a mulher em lingerie se beijam e fumam um baseado.
Ela sai dali e na festa coloca o gelo na mesa, Marluce percebe que Nancy esta um pouco agitada.
- Acho que andou vendo coisas.
- Sim, coisas que não nos diz respeito.
- E o que é respeito para você?
- Já te disse e repito, amo Marcos.
- Todas amamos algo, alguém, é da natureza não tem como fugir, agora o que cabe aqui é até quando?
- Eu decido até quando.
- Olha, já vi muitas dizendo isso.
- Eu também.
- Sabia, senti o cheiro, o meu faro ainda esta muito bom.
- O meu também.
- Um brinde.
- Por que não. Após o brinde, Nancy bebe com Marluce e as outras até perder o controle e num ato impensado ela lança um litro vazio de wisky na parede da casa.
- O que aconteceu, o que houve?
Marcos surge ali de calça sem camisa, Nancy ali em pé tendo apoio á mesa.
- Finalmente o senhor dá o ar da graça para a gente.
- Do que esta falando?
- Onde você estava e com quem?
- No quarto, sozinho.
- Mentira, seu mentiroso de uma figa, eu vi você com uma delas, eu vi. Vocífera Nancy ali.
- Para quê tudo isso, vai me diz?
- Você é que tem de dizer, você nos deve explicações não é minha gente, todo mundo aqui quer saber quem é da vez, quem a felizarda que te teve naquele quarto de hóspedes?
- Você esta bebada.
- O que é vai querer me controlar agora?
- Depois a gente fala sobre isso, depois.
- Depois um cacete, vai, diz quem estava com você, foi boa sua fodinha?
Marcos dá um tapa nela, fazendo ela perder o controle e cair, alguns restos de bebidas caem em cima dela.
- Nossa, que homem forte, canalha, covarde e forte.
- Cale a boca.
- Vá se fuder., seu pau no........
- O que quer com isso, Nancy você está louca, é isso.
- Eu não sou Nancy, eu tenho nome.
- Amor, por favor.
- O que você acha que sabe de amor, bater, espancar, agredir, ludibriar, é isso, é isso?
- Por favor, fique quieta.
- Olha gente, tá vendo, este lindo homem, sabe, ele estava no quarto de hóspede com uma colega de vocês, sabe fazendo aquilo e puxando um.
- Não vai se calar. Marcos levanta a mão para agredi-la novamente, Marluce entra na frente.
- Ela esta bêbada, qualquer um percebe isso, agora me deixe cuidar dela.
- Vá. A mulher levanta Nancy que chora, as das seguem para o banheiro, Marcos liga o som e ordena que a festa continue, as mulheres mesmo em quase pânico daquilo, tentam manter o clima festivo.
O piloteiro segue até as pedras e recolhe o saco plástico que antes Nancy deixara.
- Tomara que esteja tudo aqui.
- Falando sozinho Luis.
- O que foi, agora vai me seguir?
- Eu hein, só vim te procurar para lhe dizer que o clima lá tá indo pro saco.
- O que houve?
- Sei lá, a dona da casa brigou com o marido, ele deu uns cola nela.
- Ela esta bem?
- Acho que sim, Marluce levou ela para dentro.
- Então tá.
- O que foi Luis, você por acaso conhece a dona daqui?
- Eu não, não, só não acho certo homem agredir mulher.
- Nem eu, mais sabe, sei lá, cada um com seus problemas.
15/08/2019......
Nancy lava o rosto, tendo o apoio de Marluce.
- É colega, a vida ás vezes nos mostra o que a gente insiste em não ver.
- Eu não posso.
- O que você não pode?
- Não posso deixar essa ilha, eu não posso.
- Te entendo, também já fiquei nessa situação e não foi só uma vez, mais olha, eu posso te abrigar em minha casa, vem comigo.
- Não é isso, Marluce, eu não posso e nem quero ir.
- Ai fica dificil, este homem já lhe deu uma pequena amostra do quem vem por ai.
- Como assim Marluce, o que você quer dizer com isso?
- Nada, nada, loucura minha, coisa da idade, é isso, mais vai deixa de ser teimosa, vem comigo.
- Não, eu vou ficar, obrigado.
- Tem certeza?
- Sim, eu tenho. Marluce recebe nancy ali que a abraça e lágrimas vem dos olhos de ambos.
- Olha, ás vezes, a gente pensa que é obrigado a aceitar tudo que a vida nos impõe, mais sabe, sempre há outros caminhos, sempre.
- Muito obrigado por vir e ficar aqui comigo.
- Mulher, somos mulheres, temos por obrigação de nos cuidar, uma das outras.
- Eu sei, sabe, você é divina.
- Não, sou não, sou uma velha qualquer que a vida fez e desfez até que um dia ela se cansou e me deixou viver.
- Seu coração é enorme.
- Igual ao seu, eu não sei o segredo que te faz querer ficar mais olhe, é sério, tem aqui uma amiga.
- Obrigado. Nancy beija a face de Marluce que faz um afago nos cabelos desta.
- Já na varanda, Nancy vê ali sentado Marcos que ao ve-la vai até a mulher.
- Me perdoe.
- Tudo bem, também fui culpada.
- Não, não, não foi, eu é que sou um bruto inconsequente.
- Tá certo, vamos voltar ao festejo?
- Você esta melhor?
- Sim, já estou.
Marluce vem até eles.
- Conserve essa mulher Marcos, outra igual a ela você não conseguirá.
- Eu sei, como sei, me desculpe Marluce se fui rude.
- Mais olha só, o rei da ilha pede desculpas, essa não, agora sim a mudança total.
- Estou desculpado?
- Nem me lembro mais. Marcos traz Marluce para si e a abraça, ela aproveita e lhe diz ao ouvido.
- Cuide bem dela, é um tesouro que tens em mãos, ela é sofrida mais não é tola, como as outras, isso ela não é.
A mulher sai dali deixando os a beberem um refri de caja manga, uma das moças vem a eles.
- Tem mais cerveja?
- Tá na cozinha.
- Vou lá.
Nancy olha para ele que a traz para um beijo, da cozinha a mulher pega as cervejas e olha na janela, Marluce indo em direção a lancha.
- Deixe tudo pronto, acho que logo partiremos.
- Sim senhora.
- Não beba demasiado, você tem vidas para levar.
- Eu sei dona Marluce.
- O que foi Luis, te conheço muito bem, não vem com essa de dona para cima de mim.
- Tá certo, Marluce. Risos.
- E olhe, tome muito cuidado com seus negócios e a dona dessa ilha.
- Negócios, que negócios?
- Não foi sendo boba que cheguei até aqui, afinal também fiz isso ou ainda faço para me manter na vida, só tome cuidado, muito mesmo.
- Não estou entendo Marluce.
- Nem eu quero entender, só ouça, seja o que for, tome cautela, Marcos é imprevizível e muito ruim quando quer.
- Eu hein.
- Bem, foi avisado, deixe-me retornar a festa.
- O clima melhorou?
- Nunca esteve melhor. Marluce sai deixando Luis a mexer em sua caixa de ferramentas onde ele escondeu o saco plástico.
1608019.........
Marluce se despede do casal ainda com os primeiros raios de sol por vir, as moças também sobem na lancha em clima de pós festas.
- Obrigado Marluce, meninas, vocês são demais.
- Tchau gente.
- Tchau.
Marluce abraça Marcos, agora ali junto de Nancy em um abraço que traz lembranças de seu tempo em mocidade.
- Por favor menina, se cuide, tome juizo, por favor, não se esqueça, minha casa esta de portas abertas para ti.
- Obrigado Marluce.
- Tchau.
- Tchau.
Luis saúda de longe ao casal, Marcos corresponde com um aceno e logo ouvem o ruído do motor da lancha.
Já ao longe, Nancy ainda acena, Marcos enlaça a mulher na cintura.
- O que foi amor?
- Tô querendo você.
- Sabe, acho que é isso que eu mais gosto de ti.
- Então vamos logo.
- Aqui?
- Por que não. O beijo é o inicio de roupas ao chão, logo ali na grama embaixo de uma árvore o sexo acontece e Sofia sai do quarto em uma camisola branca com detalhes em prata na lateral, na cozinha ela tira do refrigerador uma caixa de suco e serve um copo para si.
- O que foi amor, tanta sede.
- Bom dia.
- Bom. Francisco beija ela e recebe um morango na boca.
- O que pretende fazer?
- Acho que devo fazer uma visita a ilha.
- Como assim, veio de lá, nesses dias.
- Não sei, mas acho que meu irmão entrou em uma cilada.
- Que tipo de cilada?
- Nada não.
- Vai logo diz ai.
- Você conheceu essa nova Nancy?
- Mais ou menos, na realidade, em uma varredura o que me deixou um tanto surpreso é o fato dela ser igual as outras, só que não consegui saber muito do passado dela.
- Nem eu.
- Acha que ela foi plantada ali?
- Não, mais não podemos descartar.
- Sabe que mexer com ela é arrumar um grande problema com seu irmão.
- Deixa que com ela eu resolvo.
- Pois é, isso eu sei.
- Vá, trate de cuidar dos negócios.
- Não precisa dar comando a galo antigo.
- Vou resolver alguns também.
18082019.........
Nancy termina de lavar a louça, na estufa Marcos cuida de seu plantio, ela sai da cozinha e segue para o quarto, da primeira gaveta da cômoda ela pega um molho de chaves, segue pelo corredor e abre a porta de um quarto, neste ela faz a troca de roupa de cama.
- Este quarto é mais arejado que o outro.
Terminado ali ela abre a cortina do quarto e ao mexer na vidraça cai um envelope que estava preso nesta, na parte de cima.
- O que é isso?
Nancy limpa as mãos na roupa e pega o envelope, sopra este devido ao grande acúmulo de pó, abre e tira uma chave de dentro.
- De onde é esta chave?
Ela sai dali e segue para a varanda, ali sentada ela fica a admirar á chave.
- Oi amor.
- Oi Marcos. Ele vê na mão a chave, avança e lhe toma.
- O que está fazendo com isso, me diz, de onde a pegou, vai fale logo?
- Calma, eu a encontrei, nem sei o que ela abre e...........
Marcos com a chave em mãos se descontrola, em gritos, dispara e num surto dá um tapa nela que cai ao chão.
- Para Marcos.
- O que foi, vai querer me prejudicar agora.
Sem qualquer controle sobre si, ele manda mais tapas na mulher que tenta defender-se como pode.
Já se passa dos 3 minutos, quando Nancy consegue rolar para longe dele.
- Eu não vou para a cadeia, não vou.
Ela ouve aquilo tentando levantar-se mais não consegue, o máximo que faz é sentar encostada á parede, só então Marcos vai se estabelecendo, tomando ciência do fato ali, ele inicia um choro que mais parece um bicho selvagem grunhindo.
- Me perdoe, por favor Nancy, me perdoe, eu te amo, te amo.
Ele vai até ela e ajuda a levantar, Nancy chora muito, os hematomas vão tomando forma na face e em outras partes de seu corpo.
- Meu Deus, o que eu fiz com você, sou um monstro, me perdoe, me perdoe.
20082019.......
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