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Meu loop do amor
Anônimo

     Olá. Não sei se alguém lê o que escrevo, imagino que não. O grande ponto é que eu tenho muito pra falar mas, infelizmente, não sei como dizer. Consigo apenas falar do que sinto.
     Não faz muito tempo o destino colocou uma pessoa no meu caminho. Uma garota, baixinha, linda linda linda. Além dessas características que, confesso, já haviam me chamado a atenção em outros dias anteriores, enquanto a via passando próximo a loja onde trabalho, essa garota apresentava uma energia muito diferente das pessoas que já tinha conhecido antes.
     Não posso afirmar que energia é a palavra correta pra descrever essa característica ou, o sentimento e a impressão que tive ao ter meu primeiro contato com ela mas, essa é a palavra mais próxima que vem a minha mente no momento.
     A forma como nos conhecemos não foi nada muito mágico, daquelas coisas de ver estrelas e ouvir passarinhos entretanto, essa memória não sai da minha mente. Naquele dia o movimento estava muito parado, como em vários outros dias, na loja de celular, onde faço um bico até, SE TUDO DER CERTO E, TOMARA QUE DÊ, eu conseguir um emprego na minha área profissional. Dias mais parado que aquele eram difíceis.
     Em um dos vários momentos em que a loja estava vazia eu, como sempre vazia, estava prestando atenção na rua, olhando o movimento, uma vez que la dentro estava tudo parado. Nesse momento observo ela vindo, caminhando na calçado no mesmo lado em que se encontra a loja de celular. A garota estava acompanhada de uma outra moça que, descobri posteriormente, ser a madrasta dela. Elas passaram em frente a loja e seguiram em direção a padaria que fica pouco abaixo, do mesmo lado da rua. Não consigo me lembrar se nesse momento trocamos olhares ou coisa do tipo.
     Pouco tempo depois as duas saem da padaria e começam a caminhar no sentido contrário. Por algum motivo a madrasta, que a acompanhava parou, pouco antes da loja, e a garota continuou caminhando em direção a loja, passou na frente da loja e, nesse momento sim, trocamos olhares. Nesse momento tive aquela sensação que, imagino ser conhecida por várias pessoas: meu o coração acelerou, senti um pequeno “tremilique” no corpo sem falar, naquele famoso frio na barriga. Nesse mesmo momento ela parou, em frente a loja para esperar a madrasta que havia parado um pouco atrás. Ela, de uma forma muito doce disse “oi” apenas com o movimento da boca, sem nenhum som. E eu respondi com um sorriso. A madrasta passou pela loja, e as duas seguiram caminhando.
     Alguns segundos depois a madrasta dela retorna, eu, imaginando ser uma cliente normal, a atendi como normalmente fazia.
- Olá, boa tarde, posso ajudar?
- Oi, então como você se chama? - Nesse momento senti que havia algo diferente além de uma venda normal da loja
- Me chamo JUSÉ, por que?
- Então, é que minha enteada te achou muito bonito e queria saber se vocês podiam conversar sei la.
     Nesse momento eu fiquei sem palavras, sem saber o que responder. Em questão de segundos me perguntei uma série de coisas mentalmente. Perguntas do tipo “Será que a enteada dela é aquela garota?”, “Se for ela por que ela não veio falar comigo?”. Outra sensação que tomou meu corpo foi uma sensação de estranheza, nunca haviam parado para pedir meu telefone, ou algum tipo de contato, assim antes. E a conversa continuou.
- Claro que podemos, ela tem whats? Facebook? - Imaginei que poderíamos conversar por algum aplicativo, uma vez que ela mesmo não veio falar comigo, poderia ser mais fácil se nos falássemos através de um equipamento.
- Então, ela não tem celular e nem Facebook. - Achei estranho, me perguntei como alguém, nos tempos atuais, não tem nenhuma dessas ferramentas de comunicação digital?
- Então não sei, vocês tem telefone? Por que ela não vem aqui falar comigo?
- Temos telefone, tem como você anotar?
     Prontamente peguei alguma coisa pra anotar, escrevi o número do meu celular e entreguei pra que ela entregasse para enteada. A madrasta pegou o papel, saiu da loja e continuou o caminho que estavam seguindo.
     Tirando totalmente a normalidade daquele dia, pouco tempo depois a garota, ela mesma, que havia trocado olhares comigo, entrou na loja. Ela veio em direção ao balcão e se apoiou nele.
- Oi, sou eu a enteada da moça que veio aqui.
- Olá, eu me chamo JUSÉ, e você?
- Juliana. - Nesse momento essa era a única informação que eu tinha dela, o nome.
- E quantos anos você tem?
- Tenho 18 e você?
- 23.
- Então, ela veio me perguntar se tinha alguma forma pra que a gente pudesse conversar e eu passei o número do meu celular pra ela.
- É eu vi, assim você não tem gmail? - Essa foi uma pergunta muito estranha no primeiro momento. Gmail? Ela quer conversar comigo por e-mail, como assim?
- Tenho mas, você quer conversar por e-mail?
- Pelo hangouts. - Me lembrei que o google oferece essa ferramenta de chat nos serviços dela.
- Ah sim, verdade! Tenho sim, você me passa o seu e-mail ou eu te passo o meu?
     A conversa se seguiu com ela me passando o e-mail dela. Era um e-mail muito complicado, tinha o nome dela seguido de algumas palavras em algum idioma, que eu não me lembro agora mas, que tinham um significado pra ela. E naquele momento, naquela rápida troca de contatos eu senti uma sensação gostosa, de estar próximo de alguém que tinha uma energia muito boa. Senti também uma ingenuidade nela que me cativou muito. Naquele dia passei o resto do meu expediente pensando nela, na nossa breve conversa e em chegar logo em casa pra que eu pudesse conversar mais com ela, agora Juliana.
     Chegando em casa a primeira coisa que fiz foi correr para o computador, adicionar ela aos meus contatos do gmail e torcer pra que ela entrasse. Ela ficou online. Nesse dia conversamos até altas horas, falamos sobre várias coisas. Descobri que ela não era da cidade, que ela tinha vindo do interior a pouco tempo. Descobri que ela morava com a mãe dela e que, aqui estava morando com o pai. Conversamos sobre nossas visões de mundo, sobre coisas que gostamos e, etc.
     Para algum observador da conversa, a primeira vista, não passava de uma conversa normal, de duas pessoas se conhecendo. Mas, para mim, a cada mensagem que aparecia na tela eu ia me sentindo mais completo, e me apaixonando cada vez mais.
     Eu, normalmente moro com meus pais e minha irmã, nesse dia, em específico, todos haviam viajado e, eu estava com a casa só pra mim. De uma forma meio despretensiosa, eu a convidei para que viesse me visitar, ela aceitou o convite e VEIO! Foi uma noite inesquecível. Nós não transamos, de fato, mas vivemos uma conexão que, pra mim foi muito forte. Não esqueço dos beijos dela deitada em cima de mim enquanto eu a acariciava.
     Depois disso nos encontramos mais vezes, ela foi me visitar algumas vezes na loja, ficava la comigo um tempo. Saímos para uma batalha de rap em uma oportunidade. A cada dia que eu tinha a oportunidade de me encontrar com ela eu me apaixonava ainda mais.
     Até que, depois de um tempo, eu, um idiota escroto e babaca, comecei a enjoar dela, das conversas, dos papos e, mesmo sem querer acabei me afastando. Nossas conversas começaram a ficar cada vez mais raras.
     Algumas semanas depois eu senti saudades dela, fui procurá-la. Nossas conversas passaram a não ser mais tão interessantes. Ela demorava pra responder e isso me corroía por dentro. Algumas vezes ela ficava online e, simplesmente não me respondia. Tentei por várias vezes convidá-la pra sair mas, nunca dava certo, alguma coisa atrapalhava ou ela simplesmente saia da conversa no momento em que tentávamos combinar algo.
     Até então eu estava bem, pensava que em algum momento, quando conseguíssemos nos organizar, conseguiríamos nos ver mais. Maldito engano. Dentro de pouco tempo ela simplesmente mudou o status do Facebook (que ela fez depois de nos conhecermos) para “namorando”. Nesse momento senti um vácuo no coração.
     Desde então passei a vigiar de forma constante o status dela, queria saber se ela entrava, queria conversar com ela. Na verdade estava muito chateado, uma sensação de impotência tremenda.
     Depois disso conversamo um dia, ela me contou sobre esse namoro repentino, me contou sobre os planos dos dois e, eu de alguma forma me senti melhor. Percebi que os dois tinham planos, mesmo sentindo que não havia um sentimento forte dela com relação ao rapaz, os dois tinham planos em comum. Percebi que não seria justo eu tentar, de alguma forma interferir nisso, mesmo que não desse certo.
     O ponto disso é que esse tipo de comportamento irracional em que eu entrei nessa relação não é novo pra mim. Eu vivo repetindo ele com diferentes pessoas com as quais me relaciono. Fico observando quando a pessoa fica online, as postagens, etc.
     O que mais me afligi é que isso normalmente só ocorre no memento em que eu “perco” a pessoa. Enquanto estou com a pessoa eu busco não demonstrar as coisas que sinto. Tento sempre me apresentar como uma pessoa solteira, que lida bem com isso e, que não quer mudar isso por agora. UMA PUTA MENTIRA.
     Eu fico me perguntando o que me leva a fazer esse tipo de coisa. O que me faz querer esconder meus sentimentos das pessoas? Isso me remete ao meu primeiro namoro. Um namoro que começou aos 16 anos, ao qual eu me entreguei totalmente e acabou. Poxa, um namoro na adolescência meio que está fadado ao fracasso, eu sabia, enquanto namorava com ela, que nós não iriamos ficar juntos pra vida inteira mas, ainda assim isso me afeta até hoje.
     Acredito que minha reação diante de pessoas que me despertam esses tipos de sentimentos são assim pois, de alguma forma, isso me remete aquele sofrimento do fim do relacionamento pelo qual eu passei. E por medo de passar por isso de novo acabo me escondendo.
     O que piora muito as coisas é que isso não funciona. Eu não deixo de sentir as coisas que sinto simplesmente por não falar que as sinto. Posteriormente pessoa acaba percebendo meu “desinteresse” proposital e desencana. As pessoas não querem alguém que não as quer sempre, eu sei disso. E no final, todo aquele sentimento ruim do fim, da perda de alguém querido, acaba retornando. Talvez não tão intenso quanto o sentimento que eu vivenciei na adolescência mas é, certamente, o mesmo. Essa é uma tática falha por ela mesma.
     Por isso estou escrevendo isso. Quem sabe colocando isso pra fora eu consiga, de alguma forma, mudar isso e começar a me relacionar de outra forma com as pessoas.


Biografia:
Refletindo e vivendo, um aprendizado constante interligando a essencia da vida e Deus dentro de mim.
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