E é sempre assim:o teu olhar vazio,quase sem vida,
em tua cama úmida,
a rolar de um lado
para o outro,algemado
à tua insônia.
Não há corvos em tua porta
nem urubus no telhado.
Eles estão dentro de ti,
bicando a tua alma escura.
Sangrando o teu íntimo
repleto de remorsos.
Entretanto,
não reparas. Estás cego,observando o teu mundo se esfacelar lentamente,enquanto tomas um café aguado na padaria da esquina.Somas a tua dor à tua tristeza,mas nada diminui essa angústia que morde a tua carne Nem subjuga a solidão que te quebra os ossos. Daqui a vinte anos estarás velho,lamentando o que poderias ter feito e não fizeste.Lamentando o que poderias ter sido,e não foste,contando as moedas que lançaste dentro do abismo sem fundo de si mesmo.
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