A confusão começou quando a tecnologia fez morada no bairro,
entrou fios adentro, óticos, cobre sem sentimento, cobrou caro,
tornou-nos tão perto de tudo o que acontece,
mas não nos ofereceu o tocar que muda o que tece e oferece...
A guerra, longínqua, ali, na tela da tv, a nos jogar no lodo,
já não éramos mais os puros de uma aldeia indígena,
nem nossos cocares de santos homens do mato
nos livraram das impurezas dos fatos
que pularam de dentro do tubo
e nos tornaram íncubos,
feras de uma selva moderna, selvagem,
peitos de aço, lutadores em busca da coragem...
O esquecimento,
o mar adentro de cada coração
a invadir praias e ocas suburbanas,
restos de semióticas sensações,
sinais cognitivos,
a descoberta da pulsão do umbigo...
Ouço-te, poeta,
de bermuda, na sala,
a andar em círculos como um o de ovo,
escuto-te, poeta,
em teu linguajar de carne viva,
ópio e musicalidade poética
em nome do que chamas de povo...
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