Encontrei uma pequena igreja
na estrada em que passava,
encravada ao lado de uma montanha,
de madeira carcomida, quieta...
Bati na porta, ninguém respondeu,
entrei devagarinho,
apenas a luz do sol iluminava
os vitrais barrocos,
só havia uma pessoa sentada
no banco da frente...
Me aproximei, quase que nas pontas dos pés,
sentei-me ao lado e olhei de perfil
aquele rosto envelhecido,
transmitia uma sensação
de conforto e paciência...
Perguntei-lhe o nome, baixinho,
como que para não acorda os santos,
ele se voltou lentamente,
olhou-me nos olhos e disse:
Sou Deus....
Perdi a voz, o juízo,
o sentimento mergulhou num turbilhão,
não conseguia pronunciar nenhuma palavra,
só ouvia o bater do coração, acelerado,
suava frio, não sabia se ria ou chorava,
baixei os olhos,
quase que imperceptivelmente disse:
Amém...
Sai da igreja como fosse outro,
as cores tinham mais cor,
o sol era mais sol,
a estrada que sumia dentro de si
já não representava mais um caminho,
sabia que andar era se voltar para dentro,
dentro de todas as coisas aqui fora,
saber viver sem medir ou ajuizar,
só com o compromisso de fazer
a vida valer a pena, por si só...
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