O sonho se vai quando acordo
e lá está a vida como ela é,
a coberta amontoada aos pés,
a luz do sol a se enfiar pela janela
dos meus olhos entreabertos
e eu, decerto sei o que digo,
ainda tento voltar ao sonho
que tinha comigo...
Mas logo me ponho de pé
e vou às tarefas de todo dia;
você sabe como é,
dorme também a poesia
que todo dia nos é...
O que o mundo sabe que não sei,
agora, de repente,
que acordei,
que vim de um lugar estranho e diferente,
que me contasse antes que saísse,
que pusesse os pés na ponte estendida
entre a morte e a vida,
andar pela cidade sem tocar em nada,
em ninguém,
como se desviasse sem parecer desdém,
o que a vida me diria
que eu ainda não sei,
que deveria amar mais do que amei?
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