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Conversando com a morte
Ice Luna

Muitos a temem e vão tentando viver como se sua existência fosse uma utopia, outros acreditam que até pensar nela é um mau agouro, mais têm aqueles que a aceitam como uma amiga e companheira sempre ali a velar seus passos, esses são poucos.

Todavia nunca fui de pensar nela nem como amiga ou inimiga, fui caminhando sem grandes indagações sobre como ou o que ela poderia ser e isso foi assim até o dia em que a conheci. Nosso encontro foi um tanto inusitado, estava eu absorto em minha fúria em meio à nostalgia do passado quando escuto sussurros e de repente encontro ela bem na minha frente com uma expressão que não poderia ser a mais estranha possível, pois o que via em seus olhos era a mais pura magoa, tanta dor havia ali que foi o suficiente para aplacar minha fúria.

Para que você entenda caro leitor como chegue aqui, terei que lhe contar um pouco sobre mim e os caminhos que trilhei para me encontrar aqui a escrever essas linhas. Então voltemos ao passado, antes deixe me apresentar meu nome é Luís Felipe Martins, sou professor de historia da arte e foi graças a minha profissão que hoje estou compondo essas palavras. Creio que seja possível agora voltarmos ao passado, voltemos sem mais delongas.

Passado

Quando estava na faculdade era totalmente absorto em meus estudos, recordo-me das noites em que passei a ler e ler meus livros, dos sacrifícios que fiz e de tantas experiências e momentos juvenis que perdi, não possuía grandes recursos era bolsista caso minhas notas baixassem perdia a bolsa precisava manter minhas notas impecáveis, procurava não olhar muito para o que poderia esta perdendo, para mim minha vida era boa, achava minha vida feliz mesmo que fosse sem grandes aventuras, segui assim creditando na minha felicidade até o dia em que a conheci, a mulher que mudaria meus dias para sempre.

No primeiro dia em começaria a lecionar encontrei com ela nos corredores da faculdade, encontrar não é bem a palavra certa, esbarrar é a palavra certa, esbarrei com ela no corredor da minha sala.

–Desculpe. É que estou atrasado, não vi você. Disse eu encabulado, ela havia derrubado vários papeis no chão, me abaixei para ajuda-la a pega-los.

–Não tem problema, primeiro dia é sempre corrido. Falou ela me dirigindo um sorriso.

–Como sabe que é meu primeiro dia?

–Vi seu currículo.

–Ah! Olha estou atrasado tenho que ir, foi um prazer. Seu papeis.

–Obrigada. Boa sorte com sua aula.

–Obrigado. Tchau. Quando já estava entrando em minha sala voltei para o corredor. – Você não me disse seu nome.

–você não perguntou.

Ela proferiu a frase com tanta simplicidade que achei graça.

–Sendo assim qual é o seu nome?

–Felícia Elis Drummond.

Depois de dizer seu nome a Felícia partiu adentrando nos corredores, fiquei lá olhando até perdê-la de vista, voltei para minha sala entrei logo pedindo desculpas pelo atraso.

Com o tempo fui conhecendo a Felícia melhor, passávamos muito tempo juntos nos tornamos inseparáveis e foi nesse tempo que tive uma revelação: antes da Felícia eu não era feliz, mal conhecia o significado da felicidade, parecia que o que eu tinha vivido antes dela foi um sonho um sonho turvo, embaçado. Ela preenchia meus dias, nunca me cansava de me perde em seus olhos cinza, seu cabelo negro como a noite e sua pela branca. Minha alegria estava imensa, paixão, amor...

Felícia foi tudo para mim, minha amiga, companheira e mulher, nossos dias eram maravilhosos e durante poucos meses foi assim até o dia derradeiro, o apocalipse para-nos. Um dia ela passou mal, foi socorrida imediatamente, no hospital foi descoberto que ela tinha câncer em estado avançado. Os dias foram passando e o estado dela só piorando até o dia em que ela partiu levando minha felicidade e alegria com ela.

Depois do fatídico dia de sua morte minha vida não foi mais a mesma, os dias se tornaram amargos, frios e solitários me tornei melancólico, os poucos amigos que tinha se afastaram, os anos que vieram foram negros e sombrios. A lembrança da felícia nunca me abandonava, estava lá sempre presente, assim como a falta que ela fazia, uma tristeza sem fim foi tomando conta de meu ser levando tudo que era bom só deixando o amargo da solidão.

Presente

No dia em que conheci a culpada do meu sofrimento foi no meio de um ataque de cólera causado pelas lembranças da felícia, fiquei enfurecido com a crueldade com que ela foi tirada de mim, comecei a esbravejar para o vazio de minha casa percorri os cômodos da casa desafiando a ceifadora de vidas a se apresentar e me enfrentar quando os sussurros apareceram e juntos com eles ela veio para mim, primeiro uma névoa branca e densa depois um clarão de luz emanou da névoa e dei por mim a fitar um rosto que refletia a magoa, os olhos a tristeza, não saberia dizer se era homem ou mulher. Para mim ela disse:

–Me chamaste e eu vim.

Sua voz era calma e sonora. Eu estava em transe demorei a encontrar minha própria voz.

–Não me olhe assim. Disse aborrecido e logo prossegui. – Você é a culpada do meu sofrimento, você tirou a felícia de mim, estávamos felizes juntos, tínhamos planos uma vida inteira pela frente e VOCÊ A LEVOU. Voltei a esbraveja. – COMO PODE LEVA-LA, UMA MULHER JOVEM CHEIA DE SONHOS QUE ME AMAVA NUNCA VOU PERDOA-LA POR ISSO...

Segui proferindo palavras e mais palavras até que elas se extinguiram e as lágrimas tomaram seu lugar, desabei ao chão e lá fiquei sentado esperando que a dor abrandasse só que isso não acontecia ela aumentava como se fosse me sufocar, nesse momento uma mão fria e cálida toca meu ombro e me ajudar a levantar a dor vai amenizando e recupero a compostura e pergunto: “veio só vê de perto o estrago que causou não vai me dizer nada?”.

–Não me julgue precipitadamente. Não há enganos na morte nem erros ou equívocos quem levo comigo levo porque é chegada a hora. Sou a guia daqueles andarilhos que levo comigo. Tiro eles de seu sofrimento terreno. E antes de tudo sou a chave para o outro mundo. O que dizes só dizeres por não entender quem sou. Acetai que aqueles que me abraçam e me recebem não voltam, não podem voltar.

–Não consigo aceitar. É difícil é...

–Entendo tua angustia, compartilho dela muitas vezes é a angustia e o sofrimento de vocês terrenos que não permite aqueles que partiram descansem. Guardai as lembranças felizes e o que aprendeste com ela e seguires em frente, não pode mudar o passado mais pode mudar o futuro, viva por ela e com ela, pois sabemos que ela não lhe deixou completamente ela vive em você Luís.

Quando ela disse meu nome todo o meu ser vibrou e veio um anseio de abraçá-la de seguir com ela.

– Não temas, não é chegada há sua hora.

– Não compreendo, por que veio então?

–Você me chamou.

–E sempre que te chamam você atende?

–Não. É complicado. Você é diferente. Desculpe certas coisas devem ficar ocultas. Já me demorei demais aqui tenho que ir. Não esqueça o que falei. Até o nosso encontro.

Dizendo suas ultimas palavras a ela desapareceu retornou ao que era quando chegou a mim, luz e névoa depois sumiu. Eu fiquei parado refletindo sobre o que tinha acontecido já não tinha certeza se fora delírio ou real mais algo que morte disse fazia sentido a felícia vivia em mim ela fazia parte de quem eu era não poderia esquecê-la ela sempre estaria comigo de uma maneira diferente, mas estaria comigo. Consegui finalmente aceitar sua partida e quando fiz isso um peso foi tirado de mim. Sua falta seria minha companheira, mas não tão dolorida como antes.

Aprendi naquele dia que as pessoas que amamos nunca se vão inteiramente, elas permanecem em nós mesmos, principalmente aquelas que nos modifica de alguma maneira, essas são quem, mas permanece em nós.


Biografia:
Olá, meu nome é Ice Luna, sou uma leitora voraz e recentemente decide me aventurar nas agonias prazerosas de ser também uma escritora, por enquanto só escrevo contos pequenos e poesias. Adoro ler e ultimamente tenho tido ideias que resolvi colocar no papel por assim dizer. Espero que gostem das minhas humildes palavras.
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