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Educar para a felicidade
Ivone Boechat

O homem não é algo inerte, submetido a sofrimentos. Ele tem o destino e a vocação da felicidade e o direito à harmonia, ao bem, ao prazer, à cidadania plena. Cada um é inventor do dever-ser e do dever-ter. Portanto, o homem não é reflexo das circunstâncias e pode desviar-se para um caminho melhor: o da libertação interior, o da criação da autarquia. Independente, ele deve administrar seus desejos, rejeitando imposições da mídia e da educação equivocada. Deve-se educar para a rejeição dos desejos impostos pela mídia.
Nas epopéias homéricas, a ética e a excelência ganham a reflexão e assinalam a proposta de uma vida voltada para a nobreza interior-exterior. O indivíduo se percebe, então, como um ser mortal, itinerante no espaço e no tempo que ele delimita e conquista na esperança de gastá-los com felicidade.
Epicuro, o filósofo que ao longo das eras tem sido mal lido e mal interpretado, indicou o caminho do autocontrole e da serenidade, propondo o programa do autocomando da nave dos sentimentos:
“Mesmo na adversidade, o homem pode ser feliz. A liberdade é sempre o desvio da fatalidade. Estando acima do sofrimento, o ser humano se pressupõe superior, diferencia-se”.
Sendo capaz da emancipação interior, de selecionar imagens e centrar-se em coisas positivas, esse homem monta um filme interno com texto e direção próprios. A temporalidade científica o faz recolher-se à autonomia, descobrindo como quer viver e não como os outros o ditam, deixando, pois, de ser espelho das circunstâncias.
O ser humano tem o “poder” de auto-administração que lhe indica o caminho do bem-estar. Deus concedeu-lhe a capacidade de desviar-se do nada, do vazio, da fatalidade. Mesmo sendo parte do cosmos recebeu o livre arbítrio para decidir, estabelecer sua rota e seguir. Quando o homem consegue selecionar as emoções básicas, administrá-las e viver no controle de suas potencialidades, torna-se diretor do imaginário, voltando-se para o caminho da felicidade.
Porém, não só os antigos compreenderam isso. Michel Foucault buscava na ética a estética da existência, tomando como referência a estética do universo, a beleza e a organização do cosmos.
Fernando Pessoa realça a importância de se valorizar a vida e a participação no seu contexto ao dizer que de tudo ficam três certezas:
“A certeza de que estamos sempre começando...
A certeza de que precisamos continuar...
A certeza de que seremos interrompidos, antes de terminar...
Portanto: devemos, fazer da interrupção, um caminho novo; da queda, um passo de dança; do medo, uma escada; do sonho, uma ponte; da procura, um encontro”.

Ao proferir o Sermão da Montanha, Jesus fez uma síntese de sua tese educacional sobre o tema: felicidade, deixando à sociedade de qualquer tempo o paradigma correto, imutável, para se alcançar a plenitude. Numa só mensagem, o Mestre definiu as regras da nova pedagogia que é capaz de potencializar a competência emocional - o maior desafio ao homem de qualquer Era.
Hoje, os sociólogos ousam afirmar, baseados na pesquisa científica, que neste século haverá uma evolução correspondente a 20 mil anos. Nunca, em toda a história da humanidade, o ser humano esteve tão informado sobre os acontecimentos negativos que se registram no Planeta. Há quem diga ainda que está se formando uma geração de ignorantes informados.
Quando se voltam os refletores da modernidade sobre o Curso de Formação de Líderes planejado e implantado por Jesus, com a diversidade de campus avançados, com metodologia moderna, desenvolvida a partir da pesquisa comunitária, com estudo através de módulos, elaborados pelos próprios alunos para o ensino à distância, conclui-se que essa Universidade nunca deixará de ser moderna.
Ao criar a Escola Supletiva, Jesus abriu espaço para pessoas de todas as idades, dando-lhes a oportunidade do ensino permanente. Ora o aluno vai à casa do Mestre, como fez Nicodemos; ora o Mestre vai à casa do aluno, Zaqueu. No poço, o professor judeu ministrou aula para a aluna samaritana e ali, mais uma vez, Jesus inovou: implantou a política da inclusão.
Jesus criou o trabalho em equipe, desde o primeiro milagre, quando transformou água em vinho, nas bodas de Caná. Os alunos encheram os jarros de água. Ele criou a merenda escolar, ensinando a distribuir peixe e pão, após ou durante as suas conferências.
Jesus implantou a auto-avaliação. Quando Maria Madalena chegou ao seu conselho de classe - ela havia sido julgada, de acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação de Moisés - estava reprovada. O Mestre olhou para a aluna e ordenou: “Vá e não peques mais”. Aos professores advertiu: “Quem não tiver pecado...” Quando Pedro negou a Jesus, o processo de recuperação implantado pela Universidade do Amor foi capaz de tornar aquele aluno pronto a morrer pela missão “de evangelizar o mundo, até os confins da terra”.
A humanidade está agora mais do que nunca precisando de orientação para aprender a viver e viver muito bem com o outro. As máquinas de matar estão ágeis e potentes. Quem as fabricou foi o homem. Os computadores registram e controlam quase tudo. Obra humana. É chegada a hora da avaliação.
Como diz Peter Russel, na sua obra “O buraco branco no tempo”:
“Este é o momento de refletir, porque tantos se sacrificaram para se chegar até aqui e conquistar toda a modernidade e o conforto deste século. Mas, será que haverá a revolução das consciências e o salto para a harmonia global?”.
Claro que sim! A paz, mercadoria mais cara do mundo, está muito perto das mãos de cada um. Está ao alcance do pobre ou do rico e de todas as raças que formam esta grandiosa aldeia global. É o sonho de todos! E todos precisam aprender a valorizar o próprio sonho para sustentar a vida coletiva.
Não se pode pisar nos canteiros dos sonhos da criança ou do adulto, ou de ninguém. Todos querem desfrutar do privilégio da vida. Portanto, as lutas do cotidiano não devem ser avaliadas como um pesado fardo e sim como oportunidade de crescimento para o aperfeiçoamento de cada um e de todos os que compõem o cérebro global.
Viver é se aproximar e afastar-se de si mesmo - das angústias e egoísmos. Viver é a sincronização do possível-impossível; do material/espiritual; do morrível/imortal. Sendo humano e quase anjo, um quase santo/pecador, o homem deve aprender a equilibrar-se entre o divino que representa e o ser humano carregando o peso de cargas desnecessárias que não soube descartar ao longo da vida.
A geração que ora representa o perfil do homem moderno há de aprender a conviver com a informação e a transparência de tudo ou de quase tudo que se faz de ruim no Planeta e, mesmo assim, sonhar que tudo pode ser melhor. E realizar e transformar e acreditar nos bilhões de vidas capazes de fazer a diferença. Aí, sim, sem a ânsia desvairada da utopia, acordado, de pés no chão, no chão que ajudou a plantar e pacificar, colher as flores e os frutos da serenidade, do amor e da paz. Esta é a missão do educador.

Ivone Boechat
       


Biografia:
Natural do Estado do Rio; Membro da Academis Munsial de Cultura e Literatura: Membro da Academia Duquecaxiense de Letras e Artes de Duque de Caxias-RJ; Autora de 16 livros, Consultora em Educação.
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