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Relato Vila
marilia betarello

Sempre quis contar minha história com meu marido por meio das palavras, mas nunca tive oportunidade. Para começar, meu nome é Marilia e meu marido chama-se Julio César. Tenho 22 anos e ele 28. Como nos conhecemos é até uma história curta, mas nossas vidas juntos nem tanto.
“Era uma vez...”não cabe aqui, nem tudo são contos de fada e flores. Nossa história não começa assim. Pois bem, eu não sou goiana de nascimento, porém moro aqui há muitos anos. Sempre fui aos jogos do Vila com meu padrinho, desde criancinha. O Julio César é nascido aqui e sempre torceu pro Vila, desde que se conhece por gente. Passaram-se os anos da minha vida em Goiânia e juntamente com um amigo resolvi frequentar mais assiduamente os jogos do Vila Nova. Assim sendo, anterior há um jogo em 2016, fui com meu amigo para a casa de uns amigos dele para uma resenha. Bebi muito e fui para o jogo bem variada. Cantava, pulava, gritava e nem sabia o que estava acontecendo, até hoje não me lembro de muita coisa.
Até que quis ficar perto da bateria da Esquadrão. Lá então fiquei mais doida. Não sei o que me deu e comecei a tocar um suposto instrumento que só existia na minha mente. Os meninos começaram a rir de mim, mas eu não liguei. Então conversei com um dos diretores da bateria e ao fim perguntei se poderia participar também. Gosto muito de música e minha família sempre foi envolvida com percussão. Esse então foi o primeiro dia que o Julio me viu e, pasmem, eu não o vi.O dia de fato que o conheci foi no primeiro ensaio que fui. Foi muito bom e os meninos me trataram muito bem. Até então não tive interesse no Julio, mas tinha o número dele, porque na época ele também era diretor de bateria e queria o contato de alguém para saber dos ensaios. Alguns ensaios se passaram e no final de um deles sentamos em uma distribuidora e bebemos por muito tempo. Nessa época eu estava em uma ocupação no IFG, campus Goiânia, lutando pelos nossos direitos como estudante. Nessa época ele tinha 25 e eu 18. No meio da conversa o chamei para ir ao IFG participar da causa. Ele gostou da ideia e uns dias depois estava lá. Sendo assim, nosso primeiro beijo foi lá. Citando Camões , digo que “O amor é fogo que arde sem se ver”, desde então me apaixonei e três dias depois eu já tinha pedido ele em namoro. E ele mais doido ainda aceitou.
Desse momento em diante nós nos vimos todos os dias por seis meses e frequentamos todos os jogos do Vila. O primeiro presente que dei para ele foi uma camisa do vila, aquela linda, modelo retrô. Uns meses depois resolvemos morar juntos. E moramos. A ideia era morar junto para ir embora de Goiânia, economizando dinheiro. Mas acabou que não deu certo (ainda bem). Mas continuamos morando juntos. Passaram-se meses e jogos. Todos os jogos do Vila estávamos lá, jogos regados a coquetéis de spray de pimenta, tensões com a polícia e perrengues pré e pós jogos. Mas que depois que passava nós riamos muito das situações inusitadas (pelo menos pra mim). Clássicos vão e como disse no início do texto, nem tudo são flores. Começamos a nos desentender e ficou difícil aceitar as diferenças. Passados dois anos e rompemos a relação.
Passamos 2018, um ano inteiro, sem saber nada um do outro, absolutamente. Mas eu não deixei de frequentar os jogos e nem ele. Eu ia a todos e me divertia muito, a melhor coisa era ir a um jogo e tomar umas assistindo o Vila. Eu sabia onde ele ficava, obviamente, então sempre evitei ficar perto da Esquadrão. Toda vez que o via saia correndo desesperada (bobeira total). Até que um dia, parafraseando Vinicius de Moraes “e por falar em saudade...” eu em uma das minhas amarguras e cervejas na cabeça (percebe-se que gosto muito de beber) mandei mensagem para ele por um fake no Instagram que eu tinha. Ele sem entender nada no começo, mas depois disse que era eu. Perguntei do número dele e ele disse que nunca tinha trocado e eu mesmo depois de um ano ainda lembrava. Então o chamei no Whatsapp. Desde então ficamos trocando mensagens. A primeira vez que nos vimos depois do término foi no Olímpico, foi bem estranho, os dois só se cumprimentaram e olharam-se de longe.
Mas enfim, umas semanas depois nós resolvemos nos encontrar de fato. Semanas depois estávamos juntos de novo. Agora eu tinha 21 e ele 27 anos.
Então, passados três meses, vou para a faculdade e sinto um enjoo muito forte, mas achei que tinha sido a comida que eu tinha ingerido. No mesmo dia ele levou um teste de gravidez para mim. Aquele momento de fazer o teste pode ser descrito com as palavras do Edson Rodrigues no 5x3, “é pra quem tem coração de bronze, de ferro, de cobre, de metal, de sei lá mais o quê”, coração pulando para fora e descobrimos que não seriamos apenas dois, mas nós nos tornaríamos três. O dia mais importante da minha vida.
Não vou me prolongar mais porque já está bem grande o meu relato e é apenas um relato e não uma biografia. Mas, passaram-se os nove meses, já tive meu filho dia 15 de Abril de 2020 e agora ele está com um mês e meio. Chama-se Bento. Eu e o Julio estamos morando juntos novamente. Estamos ansiosos para que toda essa bagunça no mundo passe para leva-a ao seu primeiro jogo. O Bento é fruto de um amor pelo Vila.
Digo sempre que o Vila não é apenas um time pra mim. O Vila me traz alegrias, desperta paixões, desatina sorrisos e tristezas. O vila nos proporciona emoções inimagináveis, mas o Vila além de tudo isso, como um time de futebol, é minha vida. O Vila me deu amigos, me deu um marido, sobretudo, me deu uma família. Portanto, se tem o time da vila famosa envolvido, qualquer pessoa pode ter a plena certeza do que o Vila une, nada, absolutamente nada, vai separar.



Este texto é administrado por: Marilia Betarello Ramalho
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