Login
E-mail
Senha
|Esqueceu a senha?|

  Editora


www.komedi.com.br
tel.:(19)3234.4864
 
  Texto selecionado
O Período Regencial e os movimentos separatistas
Caliel Alves dos Santos

Resumo:
Artigo tratando do período regencial no Brasil e os movimentos separatistas que interferiram no processo político do início do século XIX.

Após a abdicação de D. Pedro I nos anos 30 do século XIX, o Brasil passou por grandes transformações políticas e sociais. Um momento marcado por revoltas e insurreições. O país recém-nascido sofreu com pressões externas. Vários são os elementos a serem estudados.
     Marco Morel (2003) em um de seus livros, revela que para além das questões políticas, havia todo um contexto de discussão sobre a escravidão. Desde os Tratados de Amizade e Livre comércio no fim do reinado de D. João VI, o Império do Brasil já sofria com a repressão ao tráfico de escravos no Atlântico.
     “Republicanos” e liberais antes do final do século XVIII questionavam não apenas a Monarquia, mas também a legitimidade da escravidão. Os ecos da Conjuração Baiana se farão ouvir nos anos de 1800. As regências, seguindo à moda da “era das revoluções”, como bem nos lembra Eric Hobsbawm (1990), modifica as relações de poder por inteiro.
     Em artigo de João José Reis (2000), vemos que a influência da Revolução Francesa e o haitianismo abalam as regências. Ocorreram dezenas de revoltas pelas províncias, dentre elas: Revoltas dos Malês e Sabinada (Bahia); Cabanagem (Pará); Cabanada (Pernambuco e Alagoas); Balaiada (Maranhão); Manuel Congo (Rio de Janeiro); Farroupilha (Rio Grande do Sul). Há outros eventos localizados, e alguns ainda pouco estudados.
     As reivindicações eram variadas, bem como as suas motivações. A Sabinada e a “Proclamação da República Juliana do Sul” tinham cunho separatistas. A Revolta das Carrancas em Minas nasce de um golpe civil-militar na província, abrindo brecha para mobilização dos escravos da região se rebelarem contra os seus senhores.
     As regências não foram unas no sentido de uma coordenação de ações governamentais (op. cit., 2003). Com a abdicação do Imperador, assume uma Regência Trina Provisória que propôs diversas reformas liberais, todas rejeitadas pelos senadores e o Conselho de Estado.
     A Regência Trina Permanente promoveu algumas reformas, mas nenhuma alterou as relações de poder ou o sistema escravista. Nem os conflitos intestinos e a repressão inglesa ao tráfico foram capazes de abalar a escravidão, o que só fez aumentar o número de cativos a partir de 1834 (MAMIGONIAN, 2009).
     A Primeira Regência Una, foi a do Padre Feijó, Ministro da Justiça e preceptor do príncipe D. Pedro, futuro imperador. O que marcou o seu governo foi o seu conflito com os dogmas do clero, a descentralização, a reforma no sistema judiciário e o Código Criminal. Após a sua abdicação, iniciou-se a Regência Una de Araújo Lima, o Marquês de Olinda. Partidário dos chimangos, centralizou o poder e reforçou as milícias. Transformando as forças militares do país em claro instrumento de repressão política.
     O que fica evidente nessa década de regência civil é a massiva participação popular na política nacional. Além disso, podemos evidenciar a divisão partidária que se acentua ao longo dos anos. As regências terminaram com o Golpe da Maioridade. A figura do Imperador era um catalizador político necessário à legitimação do sistema escravocrata e da unidade Nacional.



REFERÊNCIAS

HOBSBAWM, Eric. Nações e nacionalismo desde 1780: programa, mito e realidade. Trad. Maria Célia Paoli, Anna Maria Quirino. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1990.
MAMIGONIAN, Beatriz Gallotti. A proibição do tráfico atlântico e a manutenção da escravidão. In: GRINBERG, Keila; SALLES, Ricardo (orgs.). Brasil Império, volume I, 1808-1831. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2009. p. 207-233.
MOREL, Marco. O período das Regências (1831-1840). Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2003.
REIS, João José. Nos achamos em campo a tratar da liberdade: a resistência negra no Brasil oitocentista. In: MOTA, Carlos G (org.). Viagem incompleta. A experiência brasileira. São Paulo: SENAC, 2000. p. 129-175.


Biografia:
Caliel Alves nasceu em Araçás/BA. Desde jovem se aventurou no mundo dos quadrinhos e mangás. Adora animes e coleciona quadrinhos nacionais de autores independentes. Começou escrevendo poemas e crônicas no Ensino Médio. Já escreveu contos, noveletas, resenhas e artigos publicados em plataformas na internet e em algumas revistas literárias. Desde 2019 vem participando de várias antologias como Leyendas mexicanas (Dark Books) e Insólito (Cavalo Café). Publicou o livro de poemas Poesias crocantes em e-book na Amazon.
Número de vezes que este texto foi lido: 52979


Outros títulos do mesmo autor

Resenhas Poetize a vida Caliel Alves dos Santos
Artigos O Brasil não é hexa, mas Lula é tri! Caliel Alves dos Santos
Artigos O romper das cordas Caliel Alves dos Santos
Resenhas Mirar na lua acima das estrelas Caliel Alves dos Santos
Artigos Representação política como parâmetro da divisão do Brasil Caliel Alves dos Santos
Artigos O que é dívida histórica? Caliel Alves dos Santos
Resenhas Iraci Gama: intérprete de Alagoinhas Caliel Alves dos Santos
Ensaios Militares como fator de risco a democracia Caliel Alves dos Santos
Resenhas A cidade em palavrório Caliel Alves dos Santos
Resenhas A poética feminina Caliel Alves dos Santos

Páginas: Próxima Última

Publicações de número 1 até 10 de um total de 139.


escrita@komedi.com.br © 2024
 
  Textos mais lidos
JASMIM - evandro baptista de araujo 68966 Visitas
ANOITECIMENTOS - Edmir Carvalho 57889 Visitas
Contraportada de la novela Obscuro sueño de Jesús - udonge 56704 Visitas
Camden: O Avivamento Que Mudou O Movimento Evangélico - Eliel dos santos silva 55780 Visitas
URBE - Darwin Ferraretto 55014 Visitas
Entrevista com Larissa Gomes – autora de Cidadolls - Caliel Alves dos Santos 54881 Visitas
Sobrenatural: A Vida de William Branham - Owen Jorgensen 54826 Visitas
Caçando demónios por aí - Caliel Alves dos Santos 54785 Visitas
O TEMPO QUE MOVE A ALMA - Leonardo de Souza Dutra 54706 Visitas
ENCONTRO DE ALMAS GENTIS - Eliana da Silva 54687 Visitas

Páginas: Próxima Última