Ando por ai sem saber se vou voltar.
O beijo, o abraço apertado na família.
Deixado marcado na hora de sair.
Pela madrugada fria.
Sigo em mais um dia.
Entre tantos por ai.
De caçador a caçado.
Julgado sem direito à defesa.
Na incerteza que paira.
A certeza que um dia tudo poderá mudar.
Mas enquanto isso: sigo apressado.
Olhando de um lado para o outro.
E em cada olhar estranho: vivo desconfiado.
Ao meu olhar e ao olhar dele. Somos todos estranhos.
Julgo a ele, assim também sou julgado.Na rua, no ônibus.
Ou em qualquer transporte apanhado.
Meu coração acelera, causando disritmia.
A sudorese fria, a pele empalidece: pelo pânico;
pelo pavor; pelo horror; pela forma do terror.
Da insegurança que se instala; que se instalou.
A cada dia que passa a inversão mostra sua graça.
Pela inoperância das leis podres. Graças.
Pela intolerância das raças.
Pelos desrespeitos às instituições e seus instituídos.
Pela desordem do tempo. Pelo apelo contido em cada rosto.
Em cada cidadão.
Pelo desespero esvaído em lágrimas. Pela perda da vida.
Da liberdade de locomoção. Pelo medo da insegurança
Pelo fim da inversão. Que enraizou nesta sofrida Nação
|