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O MENINO DO PARQUE - PARTE FINAL
EMANNUEL ISAC

Roberta estava com os pensamentos longe, quando a chefe da segurança se aproximou dela e perguntou se podia ajudar:

          - Esse cartaz, tem muito tempo ai no quadro? – perguntou Roberta para a segurança, apontando o cartaz;
          - Este?
          - Sim!
          - Uns seis meses.
          - E a criança, o que houve com ela?
          - Desapareceu em um domingo à tarde. Estava passeando com os pais quando sumiu. No dia do fato ocorrido, procuramos por todos os cantos e partes possíveis do parque, mas não encontramos nada, nem sinal de vida. Acreditamos que alguém raptou o pequeno.
          - Não pode ser! – disse Roberta olhando fixamente para o cartaz;
          - Como assim? A senhora sabe de alguma coisa? É parente da família...?
          - Eu vi essa criança!
          - Quando? No dia que ela desapareceu?
          - Não! Há pouco tempo atrás! E por duas vezes!
          - Isso é algum tipo de brincadeira? – indagou a segurança;
          - Não, não estou brincando. Eu falei com ela, comprei sorvete pra ela e ainda ajudei a procurar seus pais.
          - A senhora deve ter falado com outra criança parecida com esta aqui. – a mulher puxou o cartaz do quadro e pôs o dedo em cima da foto;
          - Não era outra criança, era esta daqui! – Roberta apontou para a foto;
          - Inclusive falei com dois colegas seu, só que ele sumiu na hora em que falava com eles;
          - A criança sumiu?
          - Sim, na hora que pedia ajuda para encontrar os pais dele!
          - Minha senhora, faz seis meses que este cartaz está aqui e até hoje não obtivemos nenhuma pista sobre o paradeiro desse menino. A senhora vem agora e me diz que conversou com esse menino?
          - Eu não sou maluca e nem estou delirando, eu sei bem o que vi e com quem eu falei! – neste momento um dos seguranças que Roberta havia conversado, entrou na sala;
          - Foi com ele que falei sobre esse menino. – Roberta pegou o cartaz de cima da mesa e mostrou para o outro segurança;
          - Foi dele que eu falava com você! – disse ela apontando o dedo na foto do menino no cartaz;
          - Desse menino? Deve haver algum engano! – respondeu o segurança;
          - Esse menino estar desaparecido há uns seis meses e até agora não o encontramos e nem tivemos mais noticias sobre ele;
          - Eu o vi entrando na estradinha perto do banco ao qual eu costumo me sentar! Fui atrás dele, mas não encontrei ninguém!
          - Melhor ir verificar então! – disse a chefe da segurança. Roberta saiu pela porta seguida de mais dois seguranças.

          Chegaram a estradinha e Roberta indicou o caminho pelo qual ela viu o garoto sumir mata à dentro. Os dois homens abriram passagem entre os galhos e chegaram na mesma clareira a onde Roberta encontrou o tronco de árvore caído. Olharam ao redor sem no entanto, encontrar alguma coisa ou sinal de que alguém estivesse andado por ali.

          Roberta se aproximou dos dois seguranças e apoiou as mãos sobre o tronco da árvore caída, teve a impressão de ouvir alguém falando em seu ouvido para olhar para baixo. Institivamente, ela olhou e avistou um pequeno tênis azul sob algumas folhas secas. Lentamente ela se abaixou e começou a retirar as folhas de sobre o tênis, suas vistas escureceram e ela desmaiou...

          Roberta foi abrindo os olhos devagar, avistou um carro do corpo de bombeiros e algumas viaturas policiais, o barulho das sirenes martelavam sua cabeça. Um paramédico se aproximou e perguntou se ela estava bem, ainda atordoada, ela perguntou o que havia acontecido:

          - A senhora desmaiou lá dentro da mata! – disse um dos seguranças acompanhado de um policial, se aproximando da maca a onde ela estava deitada;
          - Dentro da mata? – Roberta fez um esforço e conseguiu se sentar. Aos poucos as lembranças voltavam à sua mente, a visão do pequeno tênis azul ainda preso a tíbia de uma criança, foi o motivo do seu desmaio;
          - Gostaria de lhe fazer algumas perguntas, se não se importa? – o policial pegou uma caneta e um pequeno caderno;
          - Como foi que a senhora soube daquele lugar e daquele tronco caído? Como sabia que o corpo do menino estava lá? – Roberta fechou os olhos e lembrou do pequeno Darlan;
          - Se eu contar, o senhor não vai acreditar, assim como esse segurança não acreditou em mim;
          - E por que eu não iria acreditar?
          - Porque nem eu mesma acredito no que aconteceu! – Roberta respirou fundo;
          - Tem umas pessoas que querem falar com você! – outro policial interrompeu a conversa, se aproximando;
          - Obrigada! – disse uma mulher abraçada a um homem;
          - Pelo quê? – perguntou Roberta;
          - Apesar da certeza da morte de nosso filho, agora podemos ao menos ficar em paz!
          - A dúvida nos matava o coração, não sabíamos se ele estava bem, com alguém, se dormia, se comia, se sofria, tudo era dúvidas em nossas vidas! – completou a mulher;
          - Eu só queria entender, como ele desapareceu de perto de vocês? – Roberta fez aquela pergunta e pode notar como o semblante daquele casal, mudou de aspecto rapidamente;
          - No domingo em que ele desapareceu, nós tivemos uma discussão e não percebemos quando ele se afastou. Ele ficava triste quando brigávamos! – o homem respondeu com o olhar cabisbaixo;
          - Quando percebemos, sairmos para procura-lo por toda parte, infelizmente, somente hoje descobrirmos a onde ele estava! – a mulher desabou no choro, recebendo o apoio do marido;
          - Eu sinto muito mesmo! – disse Roberta. Nesse momento, o pessoal da perícia técnica passou com o invólucro carregando os restos mortais do pequeno Darlan;
                      - Não nos interessa como descobriu aquele lugar, só queremos te agradecer. Agora podemos enterrar o nosso filho e ter um lugar para ir visita-lo sempre! – o casal apertou a mão de Roberta e se afastou da ambulância. Ela ficou observando os dois seguirem o pessoal da pericia e sumirem entre as viaturas ali presentes.

          Roberta prestou mais algumas informações, sem no entanto, entrar nos detalhes que a levaram a descobrir a onde estava o corpo do menino. Deixou o número do telefone e seu endereço com o policial que tomava seu depoimento e foi para casa descansar.

--------------------------------------------

          A semana foi longa e cansativa. Roberta não conseguia esquecer a experiência que tivera. Como poderia ter visto, falado e até comprado um sorvete para uma criança que estava morta? Resolveu não comentar mais nada com ninguém, não queria ser “tachada” de louca, pensariam que era por motivo de sua recente separação com Ricardo.

          O domingo chegou e ela estava receosa em voltar ao parque. Queria esquecer tudo o que vivera, mas ao mesmo tempo, precisava ter certeza que tudo aquilo foi real. Por volta das três da tarde, ela chegou ao parque, seu coração batia acelerado, um misto de ansiedade e medo invadia sua mente. Passou pelo banco de madeira mais de cinco vezes, sem coragem de ir sentar-se. Olhou a entrada da estradinha e seu coração gelou, seu corpo pedia para entrar novamente na mata mas sua mente dizia que não.

          Afastou-se daquele lugar e foi sentar em um banco próximo à lagoa, refletia sobre tudo o que aconteceu no domingo passado. Descontraiu os pensamentos, observando os patos e cisnes nadarem no lago, quando sentiu um beijo molhado em seu rosto. Roberta olhou para o lado e viu aquele menino vestido com uma bermuda branca, camiseta vermelha e calçado com um tênis azul; ela petrificou:

          - Obrigado por me encontrar! – ele se afastou dando um tchau e sorrindo para ela...

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