ONDE o menino com o seu pião,
franzino, roto, com os pés no chão,
a rua de terra
seu mundo era?
Onde o menino brincando só,
cheio de sonhos que viraram pó,
onde o menino,
tão pequenino?
Onde o estilingue e o embornal,
pra caçar passarinhos no quintal,
que era floresta
e tudo era festa?
Onde o menino com o seu carrinho
de rolemãs que ele fez sozinho,
e a rua enchia
no fim do dia?
Onde as estórias de assombração
que o pai contava sentado no chão
da varanda,
depois da janta?
Onde as peladas, os folguedos,
as noites estreladas, os segredos
revelados
sem pecados?
Onde o menino brincando só,
cheio de sonhos que viraram pó,
onde o menino,
tão pequenino?
Se ele existiu, ganhou o mundo
e hoje adormece bem lá no fundo
da alma tristonha
de um homem que já não sonha...
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