Você ergueu do lodo um canto de paz, sua voz rouca de amor ainda faz as notas chorarem por ti. No coração do oprimido, no peito do bandido, na crueldade fria da vida, eu sou mais você.
No vento que cruza o oceano, onde as ondas se quebram no fim para reacender a chama do amor, o teu nome é fogo que vem chegando lentamente para destruir todo o mal que insiste em ficar. Resquícios de uma vida sem memória, sem calor, sem luz, mas que tem toda a energia necessária para viver.
Cante para mim. Cante sempre bem alto para que eu possa viajar na tua voz, para que eu possa me desligar do banal e entrar no teu universo coloridamente infindável, onde as cores brilham como num caleidoscópio mágico.
Grite, eu adoro quando você grita. Adoro quando você sangra no microfone, isso cura todas as minhas dores. Das profundezas do teu grito surgem as estrelas, os sóis, as luas e principalmente, o tesão. Dê-me sua agonia, eu preciso dela para viver. Exorcize meu ser, ele precisa de você também.
Eu te vejo sempre no mesmo barzinho. Quase sem iluminação, alguns poucos cigarros espalhados na mesa, uma garrafa de Whisky vazia e bem lá no fundo, você. Cantando, cantando, cantando e fazendo eclodir em mim a emoção ainda vaga, o amor ainda latente mas que com você, vem à tona e me faz ser o homem que sou.
Janis, a heróina matou você. Quando a gente menos espera surge algo e nos mata, é sempre assim. No final, o herói acaba virando bandido. E o bandido esquece que nunca foi herói. Mas você foi, você é e você sempre será a verdadeira heroína. Aquela que não sente, faz sentir. Aquela que não ama, faz amar. Aquela que não passa, fica.
Aquela que não mata, faz viver.
Te amo.
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