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Texto selecionado
Pedra de sustento |
Airam Ribeiro |
Pedra de sustento
De Airam Ribeiro 18/01/2009
Está no chão escondido
Num trabalho silencioso
A sustentar o peso erguido
Mesmo sem ser majestoso
As pedras ali se alinham
Entrelaçam e se avizinham
Sem ver o mundo fabuloso.
Porque elas estão ali?
Nenhuma perguntaram
Nunca quiseram sair
Do lugar donde a deixaram
Nem sabem elas que sustentam
Em obediência aguentam
No chão onde lhes aterraram!
É o alicerce que está lá
Firme, forte, resistente!
Não vê o mundo de cá
Ele sabe está ciente
Que existe pra sustentar
Trabalha sem perguntar
No silêncio, obediente!
Os grandes aranha-céus
O suntuoso casarão
Ou aquele palacete
Ou aquela linda mansão
Se mostrando imponente
Talvez não esteja ciente
De quem lhes sustentam no chão!
Alicerce eu sou também
No silencio a vigiar.
Eu sou aquela pedra
Que na base não pode faltar
Pois o chão não está seguro
O casebre é inseguro
Tenho ainda que segurar.
Sou uma pedra sem vaidade
Que sustenta a construção
Não posso ir pra cidade
Não chegou ainda a ocasião
Enquanto não se fortalecer
Para um castelo forte eu ver,
Eu estarei em baixo do chão.
Qual a pedra que não gostaria
De estar no pico de um castelo?
De sentir das alegrias
Ser pintando de amarelo?
Ou de estar numa grande mansão
Sem nem pensar está em chão
No meio do barro sem ser belo?
Não, ainda não chegou o meu dia.
Sou pedra, não sou pedregulho!
Eu sustento com alegria
E disso eu tenho orgulho
Sou pedra bruta sim senhor
E a mim mesmo eu dou valor
Não me acharam num entulho.
Donde eu vim já me disseram
Para ser pedra de sustento
As mãos de Deus me fizeram
Por isso tudo eu agüento
Por enquanto eu sou do chão
Não sou burilada... Ainda não!
Pra suportar foi meu invento.
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Biografia: Airam Ribeiro, poeta cordelista, autor de cinco livros e inscrito no Dicionário de Autores da Bahia. |
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