Muitos são os caminhos que levam às drogas, porém poucos são os caminhos que conduzem de volta.
Diversos motivos levam as pessoas a iniciarem-se nas drogas. Como por exemplo, as patologias, a falta de afirmação pessoal, a solidão, a auto estima baixa, a necessidade de superar obstáculos pessoais e profissionais, e a estimulação social.
Diversos também são os tipos de drogas e os efeitos que estas produzem no organismo humano. Alguns dos efeitos produzidos pelas drogas são desejáveis e salutares, como a cura das doenças por meio das drogas cientificamente elaboradas e de aplicação terapêutica regulamentada. Outros são abomináveis, pois causam drásticos prejuízos ao indivíduo, levando-o à total destruição. Efeitos estes nocivos também à sociedade como um todo, principalmente à família.
As drogas prejudiciais ao homem são as denominadas psicotrópicas, aquelas que atuam sobre o sistema nervoso central, modificando o seu funcionamento, podendo causar alteração no humor, na percepção, no comportamento e nos estados de consciência ou da mente. Dentre estas, as mais conhecidas são as bebidas alcoólicas, os tranqüilizantes ou benzodiazepínicos, os inalantes ou solventes, a maconha, a cocaína, o “crack”, os barbitúricos, a heroína, os moderadores de apetite ou anfetaminas, o tabaco, a cafeína, o LSD ou ácido lisérgico, e o “ecstasy”.
Podemos classificar os males causados pelas drogas sob os seguintes aspectos: físicos, mentais e sociais.
Quanto ao aspecto físico, a dependência química debilita o homem gradualmente, levando-o à morte, ou mata-o instantaneamente, no caso de ingestão de super doses.
Quanto ao aspecto mental, observa-se, além da psicopatia, a própria dependência psicológica dos efeitos produzidos pelas drogas, ou seja, a incapacidade, de viver na ausência desse efeitos.
Já sob o ponto de vista social os efeitos das drogas refletem-se no trabalho, nas relações interpessoais, quer seja no seio da família, quer seja nas comunidades das quais participam. Os dependentes químicos, em geral, tornam-se, irresponsáveis, agressivos e até criminosos sob os efeitos dos entorpecentes.
Em contrapartida, conforme dito anteriormente, são poucos os caminhos de saída das drogas, ou seja, aqueles que permitem o retorno a uma vida normal, após ter, o indivíduo, se tornado dependente de seu uso. São poucos e difíceis de serem trilhados. Em geral exige apoio psicoterápico, muita força de vontade, persistência e perseverança do dependente. Em face de tão grandes dificuldades, conclui-se que a melhor maneira para se viver uma vida saudável em seus aspectos bio-psico-social é evitar o uso de tais substâncias, devendo-se para isto buscar atividades alternativas que, além de preencher o tempo, satisfaça as carências diversas, intrínsecas à própria natureza humana, tais como as relacionadas com a auto realização, com a auto afirmação e com a auto estima. Estas respostas muitas vezes são buscadas nos efeitos ilusórios, das drogas ou entorpecentes.
Dentre as atividades praticadas pelo homem desde o alvorecer do conhecimento humano, destaca-se o labor como a mais nobre de todas e, certamente, aquela que é capaz de satisfazer plenamente as suas carências, quando praticada nas condições ideais, ou seja, adequadas às individualidades.
O labor representa uma luta diária pela sobrevivência, e é nela que o homem se afirma em busca da existência eterna e da perpetuação de sua espécie. Neste sentido, é que, desde os primórdios, desenvolvem-se práticas que, quando não são trabalho ou luta, são simulações que respondem aos estímulos, por estas. Tais práticas consistem em imitações de trabalho e de luta. Correr, pular, nadar, trepar, rastejar, etc. Sozinho ou em grupos, com regras estabelecidas, estas atividades denominam-se esportes e envolvem esforço físico e mental, movimento, competitividade, combatividade e disciplina, submetendo o indivíduo a níveis de “stress” capazes de desencadear em seu próprio organismo as repostas aos seus anseios. A habitualidade destas práticas condicionam o indivíduo, física e psicologicamente, ao ponto de preencher verdadeiramente os vazios de seu tempo e de sua mente, transformando-o em indivíduo de corpo sadio e mente sã, sem que seja cogitada a necessidade de drogas para produzir tais respostas aos estímulos emanados desse corpo e dessa mente.
Em que pese os registros históricos de uso de drogas nos esportes, muitas das vezes sob pretexto de o desportista melhorar o seu desempenho ou mesmo a estética corporal, como nos casos de uso de anfetaminas e esteróides, respectivamente, pode-se afirmar que o esporte, em suas diversas modalidades: lutas marciais, futebol, voleibol, basquetebol, handebol, natação, atletismo, maratona, ciclismo, dentre outras, constitui um instrumento eficaz no combate as drogas, pela interferência direta e positiva de seus agentes e reagentes nos mecanismos fisiológicos e psicológicos do indivíduo, proporcionando-lhe, via de regra, hábitos que tornam a sua vida equilibrada harmônica, mantendo-o sintonizado consigo mesmo, com a sociedade e com o universo enfim.
Este precioso instrumento, o esporte, poderá ser aplicado nas escolas, nos presídios e nas comunidades em geral, através de políticas governamentais, em parcerias com entidades sociais e empresas públicas e privadas, visando proporcionar situações favoráveis ao crescimento pessoal e coletivo das as crianças, adolescente e jovens, através de patrocínio de eventos desportivos. Isto não depende de grandes investimentos financeiros, visto que os equipamento são de custos relativamente baixos, apenas seriam necessários incentivos e recursos humanos capacitados e estimulados para a orientação correta e coordenação das atividades, podendo inclusive serem oferecidas oportunidades de estágio para estudantes de Educação Física e de outras área afins.
Quem sabe esta não seria uma alternativa, dentre outras tantas, simples e eficaz de preservação da vida? Se for isenta, é claro, da corrupção e da demagogia que permeiam os organismos infectados do Estado brasileiro que me fazem lembrar Drummond, sempre vejo o IBAMA autuar um cidadão que mata um passarinho para matar a sua fome ou que colhe algumas folhas para curar a sua doença antes de morrer nas mãos dos cartéis multinacionais da farmacologia. “Era uma vez um czar naturalista que caçava homens. Quando lhe disseram que também se caçavam borboletas e andorinhas, ficou muito espantado e achou uma barbaridade.” (Anedota Búlgara - Carlos Drummond de Andrade).
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