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Deficiência visual e seus desafios
Andrea Aparecida Cabral

Resumo:
Estamos vivendo uma nova fase da educação. e hoje, mais do que nunca, o portador de necessidade educativa especial(ou deficiência) tem finalmente a garantia do seu direito constitucional ao acesso à educação, saúde e moradia. Isto devido a várias leis e decretos-lei em favor à pessoas portadoras de deficiências como, por exemplo a lei 9394/96, LDBN, a lei 7853/89 ,política de integração da pessoa portadora de deficiência, a lei 10098/00, que estabelece normas gerais à acessibilidade das pessoas portadoras com deficiência ou com mobilidade reduzida, e outras leis, decretos , portarias que foram regulamentadas pelos governos federal, estaduais ou municipais nos últimos 20 anos em favor ao portador de necessidade educativa especial. Para se realizar a inclusão de portadores de necessidade educativa especial não é somente colocá-lo numa classe regular. Na inclusão, o portador de necessidade educativa especial não irá adaptar-se a escola, e sim, a escola lhe trará condições pedagógicas e estruturais para que ele a freqüente. Infelizmente , nossa sociedade é muito excludente. Assim, para que a inclusão se concretize numa escola, deve haver uma conscientização bem ampla com as outras crianças, a famílias destas, e também , o conhecimento da deficiência daquela criança a ser incluída na escola, no caso, a criança cega. Este trabalho está dividido da seguinte forma: no primeiro capítulo faremos uma introdução de como a Educação Física poderia ser realizada na escola num modelo de inclusão. No 2º, iremos conhecer um pouco sobre os outros portadores de deficiência, como também o deficiente visual. Neste capítulo, colocaremos algumas dicas de como lidar com eles na escola, na sociedade e no dia-a-dia. No último, entraremos no estudo do desenvolvimento psicomotor do deficiente visual e como este deficiente visual é inserido numa escola inclusiva e suas dificuldades, estando esta junto com outros alunos videntes.

UM PARADIGMA PARA A EDUCAÇÃO FÍSICA: A
INCLUSÃO
1.1 - UM BREVE HISTÓRICO:
Desde o início, a Educação Física foi estruturada para formar
trabalhadores fortes e preparados fisicamente para a guerra e o trabalho, num
enfoque militarista e higienista. Mas, e aqueles que possuíam os corpos
mutilados, com dificuldade de locomoção? E aqueles indivíduos com algum tipo
de deficiência como a mental, visual, auditiva, física ou com portador de
alguma síndrome genética? Sempre, desde a antigüidade, os portador de
necessidades especiais são deixados à margem da sociedade, sendo
considerados seres incapacitados, apesar que esta concepção esteja
mudando.
No Brasil, desde os primórdios da colonização o tratamento dado
aos portador de necessidade educativa especial era feito da seguinte forma:
“...ou
se
abandonavam
os
deficientes
às
intempéries, por descrença nas suas possibilidades de
desenvolvimento, por situações diversas de miséria,
procedimento também usual com ‘normais’ indesejados,
ou se recolhia nas Santas Casas, aqui existente desde o
séc. XVI.” Januzzi (2004, pg. 11)
No século XIX, durante o período do segundo reinado, foi criado o
Instituto Benjamin Constant (IBC), em 1854, e o Instituto Nacional de Educação
para Surdos (INES), em 1857. Estas instituições, na época de sua criação,11
junto com a Santas Casas, recebiam somente os adultos os portador de
necessidade educativa especial, funcionando como internatos visando ações
de alfabetização de adultos.
E a Educação Física e o esporte, num contexto de ensino regular,
nas décadas de 30 e 40, até o início da década de 50, tinha um enfoque militar
e da eugenia, sendo utilizada para a melhoria de uma raça, tendo a
preocupação na formação de um corpo produtivo, forte e saudável. Isto é
claramente observado no artigo 27, letra b do decreto-lei 21241/38, e no item
10 da portaria 13, de 16 de novembro de 1938, do Ministério da Educação e
Saúde que estabelece: “ (...) a proibição de matrícula nos estabelecimentos de
ensino secundário de alunos cujo o estado patológico os impeçam
permanentemente da freqüência às aulas de Educação Física.” (Castellani
Filho, 1998, pg. 08). Até aqui, o ensino para os portador de necessidade
educativa especial será baseado naquilo que lhes faltava, ou seja, na lesão.
No final da Segunda Guerra Mundial, o olhar da sociedade em
relação ao portador de necessidade educativa especial muda, uma vez que
este não é mais considerado um estorvo para ela e nem para sua família.
Aqueles soldados que lutaram na guerra e que ficaram com alguma seqüela,
seja física ou mental, foram considerados heróis. A partir desse momento, a
sociedade passou a respeitar estas pessoas, permitindo que participassem
ativamente do meio social. Foi a partir deste momento que, através da
disciplina de Educação Física, ocorreu uma maior preocupação com a
realização de atividades físicas para deficientes. Estas atividades eram
chamadas de Ginástica Médica, utilizando dois tipos de exercícios: os de
correção e de prevenção de doenças.
Na década de 50, ocorreu o advento do esporte nos programas
de Educação Física. Em paralelo, surgiu um movimento na Educação Física
para a prática de atividades físicas e esportivas, voltado para os portadores de
necessidades educativas especiais, através de adaptações na estrutura do
esporte e criações de esportes novos, chamada de Educação Física Adaptada.
Este termo surge na Inglaterra e nos Estados Unidos, com o objetivo de se
buscar, através da prática desportiva, a normalização e, posteriormente, a12
integração na sociedade do portador de necessidade especial. No Brasil, a
preocupação com a atividade física e esportiva do PNE’s ocorre em 1958, com
a fundação, em São Paulo, do Clube do Paraplégico e no Rio de Janeiro, do
Clube do Otimismo.
O esporte teve como enfoque, um meio de reabilitar o portador de
necessidade educativa especial à comunidade, capaz de ser eficiente, pelo
menos no esporte. (Costa, Souza, 2004).Este trabalho de reabilitação ainda
existe nos dias de hoje. Só que não servirá somente aos portadores de
deficiência, mas também a aqueles que estão a margem da sociedade,
fazendo com o esporte sirva de caminho para ascensão social à aqueles em
situação de risco social.
Diante este fato, a Educação Física, percebendo as diferenças e
valorizando o potencial dos portadores de necessidades educativas especiais,
cria jogos cujo o intuito era a busca da integração e inserção social, além de
intercâmbio entre eles. Estes jogos foram realizados num hospital na cidade de
Stoke Mandeville, Inglaterra, que logo se tornaram internacionais.
Assim, são criados os Jogos Paraolímpicos, com a denominação
“Olimpíadas dos Portadores de Deficiência”, realizada na cidade de Roma
(Itália), logo após a XVI Olimpíada, se utilizando das mesmas instalações. O
termo Parolímpico só começa a ser utilizado em 1964, durante os Jogos de
Tóquio (Japão), com a fusão das palavras paraplegia e olímpico. As
modalidades desportivas, como as individuais e coletivas, são basicamente as
mesmas, com as adaptações necessárias para a prática dos portadores de
necessidades educativas especiais. (Januzzi ,2004). Uma outra diferença é a
criação de dois esportes: a Bocha, para pessoas com paralisia cerebral, e o
Goalball, para deficientes visuais.
Atualmente, é um evento que ocorre logo após a realização das
Olimpíadas, nos mesmos locais, porém com adaptações, como rampas de
acesso a estádios, placas informativas escritas em Braile e outros. Isto é
também uma exigência do Comitê Olímpico Internacional (COI) para a cidade
que quiser se candidatar para realizar uma Olimpíada. Inovações tecnológicas
também estão presentes nas Paraolímpíadas, visto que são criados13
equipamentos visando melhorar a performance desses atletas, como uma
espécie de teste final para ir para o mercado.
1.2- E A INCLUSÃO?
Na Educação Física Adaptada iremos observar que um dos
princípios básicos é o da integração. Mas tal prática, não permitirá aos
portadores de necessidades educativas especiais de se desenvolverem junto
com outras pessoas consideradas “normais”. O objetivo é integrar socialmente,
mas o caráter é segregacionista, porque acaba que nem todos os deficientes
participam de desportos adaptados. Esta segregação aumenta ainda mais
quando se trata de desporto de alto nível, como as Paraolimpíadas e outras
competições que se exige um auto grau de excelência física e motora, tendo
em mente as suas limitações e individualidades.
Além da integração, Rosadas (citado em Costa, Souza, 2004)
destaca outros princípios como o da normalização e individualização. Para
esses autores, o princípio de normalização se refere a criação de atividades
que se assemelhassem o máximo possível das práticas realizadas pelas
pessoas ditas “normais”. O princípio de individualização se refere a incrementar
as potencialidades dos portadores de necessidades educativas especiais, não
se esquecendo das suas limitações e dificuldades. Este princípio é confrontado
com aquele que é preconizado pelo treinamento desportivo, que irá
potencializar as potencialidades e minimiza as dificuldades, levando o sujeito
ao desenvolvimento de suas habilidades técnico desportivas, respeitando a
realidade individual e biológica de cada um.
Em relação a Educação Física escolar, podemos fazer a mesma
relação, onde é apresentado uma concepção de corpo , no qual o portador de
necessidade educativa especial, principalmente física, um aluno com algum
excesso
de
peso
e
dificuldade
de
mobilidade,
foge
dos
padrões14
preestabelecidos mídia, que influencia a Educação Física. Visto que, até pouco
tempo, facultava das aulas de Educação Física os portadores de necessidades
educativas especiais, trabalhadores com carga horária superior à 6 horas de
trabalho e os adultos maiores de 30 anos. Isto está prescrito no decreto-lei n o
69450/71, que regulariza o ensino de Educação Física em todos os níveis de
ensino até hoje. Mas, temos avanços como na Lei de Diretrizes e Bases para
Educação, de n. 9394/96 (LDB), que na sua essência, possibilita a
transformação do sistema educacional brasileiro num sistema que reconheça e
valorize a diversidade, favorecendo a todos aqueles envolvidos no processo.
No PCN (Parâmetro Curricular Nacional) de Educação Física podemos
encontrar a possibilidade de participação dos portadores de necessidades
educativas especiais nas aulas de Educação Física:
“Garantidas as condições de segurança, o professor pode
fazer adaptações, criar situações de modo a possibilitar a
participação dos alunos especiais. Uma criança na
cadeira de rodas pode participar de uma corrida se for
empurrada por outra e, mesmo que não desenvolva os
músculos ou aumente a capacidade cardiovascular,
estará sentindo as emoções de uma corrida.” (MEC, 1997,
pg. 40).
A Educação Física tem que existir para a escola não como aquela
disciplina do currículo que só sirva para ser uma mera recreação, ou de excluir
aqueles sem condições da sua prática ou para selecionar somente os melhores
para uma prática esportiva, por exemplo. No paradigma da inclusão, a
Educação Física deve, e pode, possibilitar a mesma oportunidade de sua
prática à todos, seja os portadores de necessidades educativas especiais ou
não. E o professor terá um papel fundamental, visto que ele deverá conciliar os
interesses de todo o grupo.
Temos que tornar a escola um lugar agradável e o melhor
caminho é através da convivência com o outro, respeitando a suas15
individualidades e suas diferenças. Assim, podemos construir uma escola para
todos.
CAPÍTULO II
Conhecendo um Portador de Necessidade Educativa
Especial: o Deficiente Visual
2.1- O DEFICIENTE VISUAL NA ESCOLA INCLUSIVA:
Como toda criança, o portador de necessidades especiais, em
especial o visual, tem o direito de se matricular primeiro numa escola regular,
mas segundo a opinião de Soler (2000, pg. 45), “ se no futuro houver
necessidade de ir para o Ensino Especial, tudo bem, mas a 1 a opção deve ser
sempre a oportunidade de conviver com todas as diferenças, tendo as mesmas
oportunidades.”.
O deficiente visual , no caso o cego, como qualquer ser humano,
tem condições de freqüentar uma escola. Bem estimulado no seu
desenvolvimento psicomotor e dando-lhe condições no tempo certo, qualquer
deficiente poderá se desenvolver no tempo correto. No caso da criança, ela é
igual a qualquer outra e também precisa de carinho, atenção, como todo
mundo.
Por isso que, no paradigma da inclusão, o ensino regular e
especial não devam ser separados, porque são modalidades integrantes do
mesmo sistema de ensino. Assim, acredito que existindo turmas de educação
Especial (como ocorre em várias escolas) deve haver uma maior integração
com o ensino regular, para aí sim, incluir os portadores de necessidades
educativas especiais em classes regulares de ensino.16
Conceituando a Educação Especial:
“Por Educação especial, modalidade de
educação
escolar- conforme especificado na LDBEN e no recente
decreto n o 3298, de 20 de dezembro de 1999, artigo 24,
parágrafo 1- entende-se por um processo educacional
definido em uma proposta pedagógica, assegurando um
conjunto
de
organizados
recursos
e
serviços
institucionalmente
educacionais,
para
apoiar,
complementar, suplementar, e em alguns casos, substituir
os serviços educacionais comuns, de modo a garantir a
educação escolar e promover o desenvolvimento das
potencialidades
dos
educandos,
que
apresentam
necessidades educacionais especiais em todos os níveis,
etapas e modalidades de ensino.”( parecer CNE/CEB n o
17, 2001)
2.2- ALGUMAS DICAS:
Aqui vai algumas sugestões práticas para lidar com Portadores de
Necessidades Educativas Especiais em geral (Soler, 2000):
 Tratar o portador de Necessidade especial da mesma forma que trata
qualquer pessoa;
 Nunca subestime o potencial de um portador de necessidade educativa
especial, pois enquanto você pensa em suas limitações, ele está pensando
em como superá-las;

Converse com eles sobre assuntos interessantes e que não faça mal a
ambas as partes;17
 Elogie sempre que houver um motivo real para isso, evitando elogios
desnecessários;
 Comunique-se
sempre
com
ele,
fazendo
com
que
ele
participe
integralmente das atividades;
 Não demostre insegurança, aja naturalmente;
 Cobre muito de um portador de necessidade educativa especial, pois
geralmente ele é pouco exigido pelas outras pessoas;
 Use os mesmos estímulos motores que você usaria com outra pessoa, sem
esquecer dos fatores de segurança que cada deficiência possui;
 Comente sempre com o portador de necessidade educativa especial sobre
os resultados que alcançou, para que possa corrigir eventuais falhas;
 Os portadores de necessidades educativas especiais não podem ser sentir
inúteis e descompromissados com as coisas que o cercam.
Além destas dicas, devemos levar em conta para um melhor
tratamento de um Deficiente Visual essas outras dicas: (retirado do site
www.deficienciavisual.org.br, em 20/11/2004)
 Ofereça ajuda se um cego (a) pareça necessitar. Mas não o ajude sem que
ele concorde;
 Para guiar um deficiente visual, ela deve segurar o seu braço, de
preferência o cotovelo ou ombro;
 Ao sair de uma sala, informar ao cego(a). e desagradável para qualquer
pessoa falar no vazio. Não evite palavras como “cego”,’ ”viu”, ou “olhe”, pois
eles também as usam;
 Ao explicar as direções, seja o mais claro possível. Encontrando degraus ou
qualquer outro obstáculo, vá orientando-o a superá-los;
 Uma pessoa cega é como você, só que não enxerga. Portanto, trate-o com
o mesmo respeito com o que você trataria uma pessoa vidente;
 Converse com o cego com o tom de voz normal;
 Ao atravessar um cego numa rua, por exemplo, sempre o faça em linha
reta, para que ele nunca perca a direção.


Biografia:
Cabral Aparecida Andrea
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