A vida me deu uma mala grande
quando eu ainda era pequeno,
e vontade demais de viver.
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Expectativa versus realidade —
despida e sem cozimento.
Tantos mundos passaram por mim,
sem que eu pisasse neles,
sem que eu visse seus horizontes.
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Então guardei passagens que não usei,
bilhetes amarelados no fundo da gaveta,
destinos que só viajei de faz de conta.
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No trajeto, dobrei sonhos,
coloquei no fundo da mala —
como quem espera o dia certo
que nunca chega.
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A mala estava pesada.
Não pelo que levava,
mas pelo que eu não deixava
pelas certezas que eu mantinha.
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Mas hoje, enfim, abri a mochila.
O sol raiou como o brilho da infância.
Vesti um sonho antigo,
me pus em estado de despertar
e segui mais leve —
com menos medo
e mais caminho,
mais dúvidas
e menos certezas.
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E era isso que eu precisava.
Mais do que conhecer a estrada,
perder-me em mim
para encontrar-me antes do fim.
✍️ @opoetatardio — Pedro Trajano
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Biografia: Pedro Trajano é um poeta que chegou à escrita com a bagagem dos anos e o olhar amadurecido pelas experiências da vida. Casado, pai, formado em Administração e atuante como vendedor, começou a escrever aos 44 anos, dando voz a sentimentos antigos e reflexões profundas. Assina suas poesias como O Poeta Tardio, por acreditar que nunca é tarde para florescer em palavras. |