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Furta-cor
Flora Fernweh

Um dia alguém me disse que furta-cor não é cor. Como poderia, se é a cor que furta as outras? Há quem diga que é cor de fruta, mas na verdade, é a cor que furta o tom sem roubar a existência de uma cor única, primária, secundária, terciária ou qualquer que seja a classificação dessas beldades que enfeitam o mundo. Furta-cor é mesmo cor? Passei a me questionar. Ou seria apenas uma tonalidade que reúne outras cores em tons cambaleantes que mais parecem um reflexo celestial? Furta-cor já esteve na moda, roubar também.

A meu meticuloso olhar, é uma cor sim, para onde quer que olhemos, encontraremos cor, ainda que imprecisas e em degradê variado. Furta-cor nos faz lembrar de outras cores que já nos são conhecidas, seus matizes são puxados para o rosa, o azul e o prata, em uma miscelânea mágica que não nos permite saber ao certo quando começa uma cor e termina a outra, todas reunidas em uma única que se convencionou chamar de furta cor.

Ah, furta cor do querer…

Há quem furta de cor e salteado, em assalto, subtraindo toda a cor dos dias. Furta-cor tem textura tonal, um brilho suave e natural. Quase tons pasteis que fazem lembrar um mar lunar e papel celofane dos primeiros anos escolares. A um só tempo, brilho fino, arco íris de pérola e mistura rara de artistas. Gosto dessa cor pelo seu mistério e pela sua inadequação. Afinal, como enquadrar a furta-cor, esta que é tão indecisa e que mal sabe se é cor, tom ou espelho.

Aquilo que melhor a define lhe é externo: a luz, que regula o comportamento dessa cor incompreendida, acentuando cada microcor que a forma. Assim, furta-cor é luz dançante que tanto nos explica sobre as cores puras ao nosso redor, e das que porventura ainda desconhecemos. Furta-cor é capaz de uma façanha difícil aos olhos acostumados: nos faz imaginar uma nova cor, de padrões semelhantes, mas com outros tons, por exemplo, vermelho brando com pitadas de dourado e laranja, nascendo assim a rubra-cor.

Ah, furta cor, Frutacor…


Biografia:
Sobre minha pessoa, pouco sei, mas posso dizer que sou aquela que na vida anda só, que faz da escrita sua amante, que desvenda as veredas mais profundas do deserto que nela existe, que transborda suas paixões do modo mais feroz, que nunca está em lugar algum, mas que jamais deixará de ser um mistério a ser desvendado pelas ventanias. 
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