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O nascimento da poesia
Flora Fernweh

A poesia chegou ao mundo nua
Assim como os seres humanos
E assim como todos os poetas
Porque a poesia desnuda a vida
E toda vida é matéria de poema

Em berço simples, a poesia foi deitada
Com o carinho de sua mãe, a língua
E com o arrebatamento de seu pai, o escritor
Chegava tenra, sem anunciar sua futura rebeldia
Ainda nos primórdios literários, era doce criança

O céu anunciava seu presente para a Terra
Que a partir de então passou a narrar sua história
E a escrever em forma de arte todo o seu sentimento
Bastava um Homem comprometido com si mesmo
Um papel, uma caneta e a sensibilidade em fragmento

Ao contrário das pessoas, a poesia não chorou ao chegar
Foi nosso o pranto copioso, à leitura do primeiro poema
Não houve o trauma ao se desprender do corpo materno
Pois dada à luz, ela já estava em tudo o que existia

A poesia vislumbrou o desconhecido iluminado
que restou ofuscado pelo clarão que dela emanava
Lembro-me deste dia memorável como se fosse ontem
E daquela luz que expandia meu olhar e me cegava
Na manhã eterna e indistinta que jamais anoiteceu


Biografia:
Sobre minha pessoa, pouco sei, mas posso dizer que sou aquela que na vida anda só, que faz da escrita sua amante, que desvenda as veredas mais profundas do deserto que nela existe, que transborda suas paixões do modo mais feroz, que nunca está em lugar algum, mas que jamais deixará de ser um mistério a ser desvendado pelas ventanias. 
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