CARNAVAL DE ILUSÃO
Havia um mundo de fantasia onde se vivia despreocupado.
A alegria contagiava.
A cor da serpentina enfeitava o ar da multidão.
Com sua melhor fantasia de ocasião, o folião animado se entregava ao coração da doce amada colombina, sem nenhuma proteção.
Encantado em meio ao turbilhão carnal, saltitava alucinado.
Um arlequim enfeitado de emoção no meio da folia, olhava a dimensão do teatro no palco da magia e da ilusão.
O Pierrô suspirava a sua grande dor, o impossível amor da bela e refinada cria.
Ao perceber que dali não sairia nada, entregou-se também à magia medieval.
Juntou-se a multidão à procura de um novo amor, libertando o coração aflito em busca de um romance ideal.
Mas o que parecia tão normal se transformaria num verdadeiro ritual.
Num tom monumental destoou, enquanto o pano caia, se via no teatro de horror.
Enormes filas, rostos ofegantes a se perderem de vistas.
Em meio à pandemia a orquestra tocava os últimos acordes do pavor.
No corredor real, padeciam sob a face fria do mal.
Um vírus mau, invisível e mortal que viria para acabar com a farra da carne.
O Pierrô ao sentir os primeiros sintomas do efeito devastador: tosse, febre…e uma intensa dor.
Se desesperava, suplicando por favor à vida.
A colombina desejada, querida, já com os pulmões comprometidos, agonizava entubada na UTI.
Pouco ou nada se sabia enfim, e muitas vidas jaz sucumbidas,...empilhadas ali sob o caixão.
O arlequim fanfarrão aguardava a hora triste sepulcral.
Num mundo que agora anda muito, muito apressado, muito preocupado em busca de um antídoto.
Uma vacinação nesse mundo contaminado.
Sob a máscara da agonia e da dor, aguarda com aflição.
Um mundo real que hoje suplica por favor aos céus, que um ar de esperança assopre dai bonanças.
Que a terra seja leve e leve para sempre todo esse mal daqui.
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