Um sonho para reviver
Sempre tive na adolescência o sonho de desenvolver uma escola de natação, sempre gostei de nadar e por motivo de problemas respiratórios, para mim, o contato com a água veio de muito cedo, talvez aos 4 anos. Meu irmão mais velho, me levou ao rio e me jogou na correnteza; sai nadando e bebendo muita água. Fiquei com muita raiva, mas foi um método de auto salvamento instantâneo.
Em 1972 vi nas olimpíadas de Munique que o esporte podia ser um poder de mudança de conceitos e através da Black Power, me marcou a mudança que representou em algumas sociedades tradicionais.
Mas enfim aquela pressão sobre as pessoas não batia comigo. E um dia minha escolinha de natação chegou. Começou pequenininha, em uma piscina no fundo de uma casa, pouco tempo depois passei para outra casa, a parte da piscina era totalmente separada eu limpava a piscina e a proprietária usava no fim de semana. Tudo ia bem até que perdi naquela crise do petróleo dos anos 80 meu emprego. De repente a minha escolinha virou meu ganha pão.
Acreditei na nova atividade pois minha formação não havia sido naquela área, mas vi um campo imenso a ser trabalhado e muitas mudanças na forma de se tratar a criança no ambiente esportivo. Comecei então a estudar a psicologia, foi como goiabada com queijo!
Minha academia cresceu rapidamente e o método de trabalho desenvolvido com apoio da minha nova faculdade modificou toda forma de se tratar a criança no ambiente esportivo. O sucesso foi tão grande que publiquei dois livros e participei de vários congressos e simpósios inclusive um internacional, enviei meus livros as bibliotecas, das faculdades de educação física do Brasil.
O método desenvolvido, que trabalhava a criança de forma lúdica e introduzia os estilos pelos mais fáceis a nível motor e ao mesmo tempo que os outros adiantou o tempo de aprendizagem em dois anos.
Tudo ia bem até começarem os conflitos profissionais da atividade. Minha academia começou com instrutores com formação em educação física, porém eles tinham habilidades nas áreas de treinamento e esportes especializados, mas pouquíssimo conhecimento sobre a área infantil e de crianças especiais. Pouco a pouco minha academia foi tomando corpo de uma academia com instrutores que eram ex-atletas, ótimos no ensino dos estilos e de estudantes de psicologia, adorados pelas crianças devido a sua capacidade de escuta individual.
Começaram as pressões profissionais, exigências de cursos que se propunham a capacitar as pessoas, mas eram muito distantes do que já havíamos feito, pouco a pouco, nossos sonhos foram se despedaçando, do prazer imenso ao sentimento que estávamos no lugar errado.
Cansado dessa dificuldade que não conseguia mudar, resolvi fechar meu sonho de adolescência. Vinte e cinco anos de trabalho, foi muito triste ver o que veio depois.
Praticamente trinta anos depois, meus colaboradores que viveram esse sonho comigo me procuraram, dizendo para mim a importância de tudo na vida deles e isso foi muito gratificante, foi o reconhecimento que não esperava e me tocou mais forte tudo até então.
Esse sonho veio brindar esse encontro e foi assim:
Cheguei em um lote vago com meus colaboradores, o lote aonde havia chegado antes de construir a minha academia. Achei estranho pois lá era para ter um prédio, perguntei o que tinha acontecido e me falaram que o proprietário teve um problema e esqueceu o lote lá. Todos nos unimos e construímos imediatamente a escola estávamos felizes novamente!
|