Reflexões sobre “A Traição”
Nos anos 60, a pílula anticoncepcional marcou uma grande etapa das relações entre homens e mulheres. O fato é que a mulher vista até então como posse do marido teve seu desejo reconhecido, ser mulher poderia ser independente de ser mãe.
Uma série da Globo fez um sucesso tremendo, “Malu Mulher”, considerada imprópria para menores passava as 22:00hs, mostrava a vida de mulher que resolve seguir os caminhos de sua vida após a decepção amorosa com o marido. Naquele momento acredito que muitas mulheres pensaram que eram parecidas com ela, Malu, não era má como aos olhos da repressão e do pensamento do casamento indissolúvel, era simplesmente o desejo de todas em uma.
Naquela época eram muito comuns os crimes pela vingança da honra, mas acertadamente, a sociedade começou a classificá-los como uma aberração monstruosa contra a mulher ser naturalmente mais frágil.
Fato é que com a liberdade feminina de poder agir mais livre em relação ao sexo, a mulher deixou a maternidade mais para frente na vida e começou a concorrer no mercado de trabalho com os homens e logo passou a reivindicar o mesmo valor e salários.
Passaram a existir mais os casais modernos que dividiam tanto as tarefas domésticas como as despesas da casa e a família passou a ter uma divisão melhor entres os poderes do homem e da mulher perante aos filhos.
Mesmo assim, quando se queria dar uma fugida do cotidiano e da monotonia da monogamia, era uma ginástica danada, misturada com engenharia do despiste que fez aquela época do telefone fixo e das linhas cruzadas inesquecível.
Hoje parece que tudo mudou, a facilidade que se tem de comunicação, tornou a “traição” alguma coisa meio inexistente como parecida com a prova dos pensamentos. Se pensarmos bem, a maioria das conversas mais simples que temos com o sexo oposto seriam condenadas a forca pela inquisição, tanto é que o fato da “traição” em si se tornou algo descartável.
O que será que aconteceu com aquela “libido” que corria solta nas paqueras das praças e dos cinemas de domingo, enfim estou com saudade do “footing”, os homens andavam em um sentido horário e as mulheres no anti-horário, mas sempre se acertavam.
A saída da missa e a pipoca da carrocinha, o algodão doce e o amendoim...Que saudade daquela época. Éramos felizes e não sabíamos.
Essa salada de frutas das redes sociais transformou o desejo em algo “descartável” demais, a presença é somente uma montagem falsa do si mesmo, sempre na realidade somos um burrinho bem mais feio que postamos no instagram ou no facebook, mas esse feio é que é bonito e precisamos reencontrá-lo antes que a vida passe por nós!
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