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As araucárias do sul
DIRCEU DETROZ

Os holofotes do mundo novamente foram apontados para o Brasil. O fogo está destruindo a floresta e a fauna amazônica. O fogo está destruindo a fauna e o Pantanal. Negacionista, agora o próprio governo acendeu o sinal de alerta admitindo que os incêndios estão além do normal. Não é apenas a questão ambiental. A variável comercial entrou na equação. O país tem muito a perder.

Enquanto o fogo arde no Norte e no Centro Oeste, na região Sul como aquelas boiadas que passam nas palavras do ministro, em nome do progresso um crime ambiental será consentido. Ameaçadas de extinção, quatro mil árvores da espécie araucárias serão derrubadas para a construção de novas torres de transmissão de energia. Com 1.000 km passará por 24 municípios.

Uma reportagem para o “Mar sem Fim” assinada por João Lara Mesquita, diz ser as araucárias o símbolo do Paraná. Eu vou além. Essas árvores imponentes são o símbolo de toda a região Sul. Sentimos uma espécie de ansiedade pela chegada do mês de abril. É a época de comer o seu fruto. Pinhão assado ou cozido. Uma delícia! As araucárias também são chamadas de pinheiros.

Nas regiões Sul e Sudeste, as florestas de araucárias se espalhavam por uma área de 200.000 km. Ocupavam 40% do Paraná, 30% de Santa Catarina e 25% do Rio Grande do Sul. Também enfeitavam as paisagens de parte de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais chegando até à Argentina. O Paraná perdeu 97% da área original.

Com seu diâmetro chegando a dois metros e altura de até 50 metros, a araucária vive 700 anos. Ao redor das araucárias outras espécies encontram o ambiente perfeito para se desenvolver. A canela sassafrás, a imbuia, a erva-mate e o xaxim são algumas delas.

Com sua excelente qualidade, a araucária foi o pau-brasil do século 20. Em seis décadas entre 1930 e 1990 calcula-se em 100 milhões de árvores dessa espécie derrubadas. De 1950 a 1960, esteve no topo dos produtos exportados pelo Brasil. Essa exploração colocou a araucária na lista das espécies ameaçadas. Nos dias atuais mais do que ameaçadas, se diz delas estarem à beira da extinção.

Olhando para trás vejo um imenso paradoxo. Nasci em Rio Negrinho — SC. A cidade cresceu em torno da Móveis Cimo. Nos anos em que as 100 milhões de araucárias foram derrubadas, era a maior fábrica de móveis da América Latina. Milhares de famílias se sustentaram ao custo do desaparecimento das araucárias.

Aproveitando a brincadeira da reportagem eu também não treparia numa araucária. Por sorte não precisarei vê-las apenas em fotografias. Tenho araucárias no meu quintal. Para me criar, meu pai ajudou transformar milhares delas em móveis de fama mundial, mas deixou algumas plantadas. Ele amava e reverenciava os seus pinheiros.


Biografia:
Sou catarinense, natural da cidade de Rio Negrinho. Minhas colunas são publicadas as sextas-feiras, no Jornal do Povo. Uma atividade sem remuneração.Meus poemas eu publico em alguns sites. Meu e-mail para contato é: dirzz@uol.com.br.
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