Recentemente, temos visto equivocadas ações de boicote e, até, censura. O resultado é o contrário do pretendido, porque a repercussão gera propaganda gratuita e curiosidade.
Boicote, ação legítima, significam algumas, ou muitas, pessoas lançarem mão de sua liberdade e negarem quaisquer transações comerciais com determinada empresa; censura, ação arbitrária, é a análise subjetiva, e política, para julgar se algo é conveniente ao público.
Boicote foi o que aconteceu com o banco Santander de Porto Alegre, no Queermuseu: Cartografias da Diferença na Arte Brasileira. Uma agência do banco espanhol, resolveu expor obras de “arte”, de gosto duvidosíssimo, que vilipendiava os cristãos e muitos Valores. Até aí tá valendo, é o preço da liberdade. Na arte é assim: quando falta talento, sobra provocação. Os sedizentes artistas retrataram o máximo que suas criatividades podiam conceber: pedofilia, zoofilia e pitadas de blasfêmia. Essa exposição, que estaria restrita ao mau gosto de visitantes voluntários, passou a ter muita audiência.
O boicote surtiu efeito com o encerramento de contas no banco. A exposição viajou ao Rio de Janeiro, onde, a princípio, foi censurada. O resultado dessas e outras tentativas de bloquear essa apresentação, foi a divulgação e reprodução dos itens e do nome Queermuseu, por toda a imprensa. Até quem não quis viu.
Em 2019, na Bienal do Livro, Rio de Janeiro, o prefeito Marcelo Crivella mandou recolher um livro de HQ, cujo único diferencial era um beijo gay. Resultado: o livro, que seria um fracasso de vendas, virou sucesso; o youtuber Felipe Neto arrematou e distribuiu 14.000 livros; o livro esgotou; e a Bienal foi um sucesso, devido a divulgação expontânea.
No ano passado, um deputado do PSL não gostou nada de um quadro exposto a caminho do plenário da Câmara, e arrancou-o. Isso porque o quadro, celebrando o Dia da Consciência Negra, retratava o, segundo o autor, “genocídio da população negra, por policiais”. Resultado: a imprensa repercutiu tanto o caso, que mesmo quem nunca iria ver o quadro, pôde vê-lo reproduzido.
Final do ano passado, o Porta dos Fundos resolveu lançar, no Netflix, um filme de humor, onde alterava a trajetória de personagens bíblicas. Isso feriu suscetibilidades da sociedade, cristãos e um dito grupo Integralista, além de gerar boicotes à Netflix e tentativa de censura ao filme. Foram tantas matérias na imprensa e o assunto ganhou tanto corpo, que tudo isso, claro, gerou curiosidade e o filme bombou.
Agora, em setembro, também na Netflix, o filme Cuties está gerando barulho, porque sexualiza meninas de 11 anos. Isso seria material supostamente artístico para entreter pedófilos. Resultado: um filme que não seria sequer notado deve ter ótima audiência.
Essas obras incomodaram muita gente, mas o melhor era ficar quieto. A propaganda é a arma do negócio. Nesses casos, até a propaganda negativa. Ou por curiosidade, ou para protestar, esses “produtos” viraram sucesso. O que é ruim não tem que ser comentado.
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