Login
E-mail
Senha
|Esqueceu a senha?|

  Editora


www.komedi.com.br
tel.:(19)3234.4864
 
  Texto selecionado
Bozo, o palhaço
Rafael da Silva Claro


Foi anunciada uma nova excursão, na quinta série. Legal, zoeira no fundão do “busão”, gritaria e, muito importante, sem aula. Só que a excursão era para o programa do... Bozo, o palhaço. Eu, no alto dos meus 11 anos, achava aquele passeio ultrajante. Eu já me considerava um adulto. Um cara que nunca mais foi visto brincando com carrinhos e corria até a loja de doces sozinho. Quem deixou a infância para trás não podia aceitar aquele retrocesso.

Durante dias, aquele dilema tomou conta da minha cabeça. Ao menos eu tinha uma justificativa, acreditava, para as notas baixas. Depois de muito refletir no prejuízo que aquela, aparentemente inofensiva, aparição no show do parlapatão me traria, decidi ir, afinal, ficaria atrás, escondido dos telespectadores.

Durante o trajeto, tudo igual a toda excursão. Na atração televisiva do saltimbanco alçado à condição de astro midiático, eu fiquei, lamentavelmente, na primeira fileira, vergonhosamente de frente para a câmera e, para humilhação definitiva, segurando um tipo de pompom, para chacoalhar nos momentos de, suposta, animação. Fiquei catatônico, por ver aquela, literalmente, palhaçada ao vivo e participar de algo que causaria embaraço pelo resto da minha, ainda incipiente, vida.

No intervalo, eu fui transferido para trás no pequeno auditório, por absoluta falta de animação. Lá, eu pude ficar estático, segurando aquele maldito pompom.

Num dos intervalos, pude desmascarar o simulacro de palhaço. Quando vi, atrás da arquibancada, o Bozo sorvendo uma fumegante xícara de café, escorreram ralo abaixo os resquícios da inocente infância que ainda resistiam. Depois fui saber, cafeína era o único “aditivo” confessável que ele usava. Bozo partiu, do meu imaginário, como Papai Noel e Coelhinho da Páscoa.

Hoje, até exponho este episódio nesta crônica, porque o “Zé Graça” tornou-se pop, cool ou vintage. Em suma: ele é old school, em tempos que o eufemismo ou o politicamente correto rebatizaram o velho histrião de clown. Esse baluarte do imaginário infantil, era doidão e, por isso, virou filme. O farsante, também, virou ícone ou símbolo de uma época (anos 80). Então, hoje sinto até um pequeno orgulho de ter ido ao programa do Bozo.


Biografia:
Ensino secundário completo. Trabalhei em várias empresas, fora da literatura. Tenho um blog, onde publico meus textos: “Gazeta Explosiva” Blogger
Número de vezes que este texto foi lido: 53091


Outros títulos do mesmo autor

Ensaios 🔴 Os esquerdistas invadem a América Rafael da Silva Claro
Ensaios 🔴 Atila, o rei dos energúmenos Rafael da Silva Claro
Ensaios 🔴 Os políticos fazendo a festa Rafael da Silva Claro
Ensaios 🔴 Vestidos para matar de rir Rafael da Silva Claro
Ensaios 🔴 O Homem-Falência Rafael da Silva Claro
Ensaios 🔴 Entre meias e gravatas Rafael da Silva Claro
Crônicas 🔵 Machucado: o soco que nunca existiu Rafael da Silva Claro
Ensaios 🔴 Aos que eram felizes e não sabiam Rafael da Silva Claro
Ensaios 🔴 Meia-boca [Piada grátis, no final do texto] Rafael da Silva Claro
Ensaios 🔴 Arquivos X Rafael da Silva Claro

Páginas: Próxima Última

Publicações de número 1 até 10 de um total de 418.


escrita@komedi.com.br © 2024
 
  Textos mais lidos
JASMIM - evandro baptista de araujo 69029 Visitas
ANOITECIMENTOS - Edmir Carvalho 57931 Visitas
Contraportada de la novela Obscuro sueño de Jesús - udonge 57570 Visitas
Camden: O Avivamento Que Mudou O Movimento Evangélico - Eliel dos santos silva 55854 Visitas
URBE - Darwin Ferraretto 55140 Visitas
Entrevista com Larissa Gomes – autora de Cidadolls - Caliel Alves dos Santos 55096 Visitas
Caçando demónios por aí - Caliel Alves dos Santos 54976 Visitas
Sobrenatural: A Vida de William Branham - Owen Jorgensen 54908 Visitas
Coisas - Rogério Freitas 54853 Visitas
ENCONTRO DE ALMAS GENTIS - Eliana da Silva 54847 Visitas

Páginas: Próxima Última