O Brasil passa por um momento “apocalipse zumbi”. Ruas quase desertas; as pessoas que se arriscam fora de casa estão mascaradas e evitam contato; hospitais de campanha inúteis, não servem de hospital, só de campanha para vereador e prefeito; governadores e prefeitos tomam medidas absurdas; e muitas compras superfaturadas. É no meio deste cenário que o vice-presidente irá, tranquilamente, comprar uma esteira ergométrica de R$ 44 mil.
Que o vice-presidente faça seu check-up, atividades físicas da terceira idade e, inclusive, consuma shake emagrecedor, magnésia bisurada e repositores vitamínicos, vá lá, mas me nego a criar a imagem do general Hamilton Mourão com roupa de aeróbica, assistindo vídeos da Gabriela Pugliesi ou da Solange Frasão (mais adequada).
O aparelho vem equipado com tela touch screen (alta definição), programas pré-configurados de exercícios físicos, internet, TV e acesso a cursos interativos (pelo termo genérico, esses cursos devem ter a utilidade bem duvidosa). Ou seja, essa é praticamente a Ferrari das esteiras ergométricas.
A justificativa para a aquisição do trambolho parece muito quando eu falei para minha mãe das maravilhas do videogame Atari. Vamos lá: “O Palácio do Jaburu (residência oficial do vice-presidente) não possui equipamento minimamente adequado e que atenda as exigências:"Inclusive com simulação de situações reais onde o caminhar e as corridas são feitas com os uniformes e equipamentos vinculados". O vice também descreve o aparelho como de “excelente nível”. Maravilhoso! É ou não é para ser comprado?
A linguagem técnica revela uma embromação típica de quem quer comprar algo de uma inutilidade nunca antes vista. Mais uma vez: parece eu quando criança. A burocracia também está presente: se o bagulho tem ergonomia e biomecânica, tem que ser adquirido, aconteça o que acontecer, rapidamente.
Hamilton Mourão não vai querer fazer outra coisa. Agora é só exercício e... e... e... futevôlei, a não ser que um impeachment mude o cenário.
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