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Trás de Casa Passa um Rio
J. Miguel

Trás de Casa Passa Um Rio

Trás de casa passa um rio, da parede vem tão junto
que se encrassa um bafio, fartum rançoso e defunto.
Trás de casa passa um rio, nunca fica, só se vai
é um rio um tanto esguio, qual um bravo samurai.
Até lhe quis um desvio, antes dele desviar-me o pai
num triste e chuvoso março, arrastou-o em suas gorduras
sem dele deixar nenhum traço, apenas suas águas escuras.

Trás de casa passa um rio...
   

Trás de casa passa um rio, escuro, torto e fedorento
e no passar de suas águas, as mágoas, dores e a fez
eu percebo o desafio, em seu troar lento e frio:
"Não me sejas fugidio, um dia, um dia será tua vez."
E transpiro, e choro e lamurio, mas é a vida esse rio
com águas revoltosas tais, amáveis e inexoráveis, tornam jamais.

Trás de casa passa um rio...

E nesse passar doloroso e lento, de águas, meses e ais
vejo o rio sonolento, serpeando seus cais, barrancos, quintais
arrastando toda a gente vivente, samurai, filho, mãe e pai
e compreendo finalmente: não é o rio que passa, sou eu quem se vai.
Trás de casa fica o rio e sou eu quem se vai.

J. Miguel 03mar08.


Biografia:
"Fazer chorar é fácil; desafio mesmo é fazer rir."
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